Em carta enviada à CBF, as 20 agremiações que integram a Série C do Campeonato Brasileiro pedem um novo auxílio financeiro devido aos impactos econômicos provocados pela pandemia do novo coronavírus. Os clube solicitam, também, que a terceira divisão nacional comece ao mesmo tempo que as séries A e B –ou seja, entre 8 e 9 de agosto, conforme previsão da entidade. As informações são da Agência Brasil.
As equipes argumentam, na carta, que o pedido de aporte financeiro "se embasa no entendimento da própria CBF, ciente das dificuldades de honrarmos os contratos e compromissos" por conta da perda de receitas durante a pandemia. "Nossa visão em relação à CBF é que, realmente, esse é o momento em que ela precisa ajudar os filiados. O momento em que precisa estender a mão, até como motivo de sobrevivência do futebol", disse o presidente do Vila Nova (GO), Hugo Jorge Bravo, à reportagem.
Em abril, os capitães dos clubes da terceira divisão enviaram um abaixo-assinado à CBF solicitando uma primeira ajuda. A entidade liberou R$ 4 milhões às agremiações, equivalentes a dois meses da folha salarial dos atletas, em média, sendo R$ 200 mil por equipe. "Estamos iniciando julho. Se considerarmos que o auxílio era referente a abril e maio, nós pulamos junho e já estamos arcando sozinhos com a pandemia. Os R$ 200 mil nos ajudaram muito, porém, representam 30% do custo mensal do clube. A gente solicita que o auxílio emergencial seja renovado para garantir um mínimo de condição econômica para o início da Série C", argumentou o mandatário do time goiano.
Leia mais:
Gabigol deixa futuro para depois da Copa do Brasil; Fla mantém discurso
'A verdade, como o sol, sempre sairá', diz Marcelo após rescisão com Fluminense
Ceará vence Avaí, adia volta do Santos à Série A e embola briga por acesso
Copa do Brasil: Flamengo vence por 3 a 1 o Atlético-MG em 1º jogo da final
A data para início da terceira divisão em 2020 também preocupa os clubes. Segundo Jorge Bravo, os dirigentes dos 20 participantes se colocaram à disposição para o torneio começar em agosto, simultaneamente às Séries A e B. Na carta enviada à CBF, as equipes se comprometem "a seguir com responsabilidade os protocolos de higienização" e "as exigências estabelecidas pela CBF para a rotina de treinos e jogos" e afirmam que a principal preocupação deles "é a saúde dos atletas".
Antes da pandemia, o calendário da Série C iria de maio a novembro, quando chega ao fim o vínculo de boa parte dos jogadores das equipes. "É de suma importância concluirmos o campeonato o quanto antes. Nosso planejamento orçamentário não conta com o torneio até dezembro ou janeiro. A gente tem consciência que o número de rodadas da nossa divisão é menor que nas Séries A e B e pede, inclusive, que, iniciando o campeonato, a gente possa disputar a fase classificatória no menor tempo possível, com as 18 rodadas em três meses e meio, no máximo", disse o dirigente.
As equipes da terceira divisão reiniciam os treinamentos em momentos diferentes. O Brusque (SC), por exemplo, voltou em maio, após liberação do governo de Santa Catarina. A dupla paraense Remo e Paysandu, por sua vez, pôde retomar as atividades apenas nesta quarta-feira (1º), assim como o Ituano (SP), que recomeçou os trabalhos junto dos demais times da Série A1 do Campeonato Paulista.
Já o São Bento, apesar de ser do mesmo estado que o rival de Itu, ainda não foi autorizado a treinar, pois está na Série A2 de São Paulo, cujos clubes ainda esperam o aval do governo paulista. Em Goiás, o Vila Nova recomeçou os trabalhos em 16 de julho. Devido às dificuldades financeiras, o clube precisou rescindir o contrato de alguns atletas após a paralisação, em março, e buscou reforços após a retomada das atividades. Os jogadores foram submetidos a testes de Covid-19, que deram negativo para o vírus. A instabilidade no controle da pandemia em Goiânia, porém, fez a prefeitura local proibir os treinos de futebol por duas semanas. A medida, segundo Jorge Bravo, pegou o clube de surpresa.
"É um prejuízo incalculável. Não existe condicionamento físico intermitente, não há preparação técnica intermitente. É mais um problema que teremos, de ordem financeira e logística, porque temos que resguardar os interesses do clube, sempre dentro da legalidade", afirmou o presidente do Vila, que estuda levar as atividades para cidades vizinhas, como Aparecida de Goiânia (GO), onde não há a proibição a treinos.