Após ser questionada sobre a ausência da camisa 24 na seleção brasileira que disputa a Copa América, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) respondeu à Justiça do Rio de Janeiro. Mas sua resposta, considerada insuficiente por um coletivo que luta por direitos da comunidade LGBTQIA+, levou a um pedido de investigação na Fifa.
O grupo Arco-Íris entrou com um pedido de abertura de processo na entidade máxima do futebol nesta terça-feira (6), para que ela investigue investigue a atuação da confederação brasileira no caso.
O pedido se baseia no artigo 4º do Estatuto da Fifa, que diz que qualquer tipo de discriminação "é estritamente proibida e passível de punição de suspensão ou expulsão".
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Assim, o grupo pede que a Fifa "inicie um procedimento de investigação sobre a situação exposta" e que "seja a Confederação Brasileira de Futebol instada a se manifestar sobre o presente caso".
"A medida adotada pelo grupo Arco-Íris tem como fundamento a resposta precária apresentada pelos advogados da CBF que não se sustenta diante dos fatos colocados em nível nacional e internacional", afirma Carlos Nicodemos, advogado do escritório NN e que atua no caso.
Nicodemos se refere à resposta dada pela confederação à Justiça do Rio de Janeiro.
Questionada sobre o fato de que nenhum jogador brasileiro na Copa América utiliza a camisa 24, a CBF afirmou que a responsabilidade sobre a numeração dos atletas é da comissão técnica.
Inicialmente, a Conmebol permitia a inscrição de apenas 23 jogadores no torneio. No entanto, foram permitidos que mais cinco jogadores fossem inscritos por conta dos riscos de infecção da Covid-19. A CBF resolveu convocar apenas mais um (Douglas Luiz, do Aston Villa), e com a camisa de número 25.
"Como a CBF vem cumprindo rigorosamente os protocolos sanitários e não apresentou casos de contaminação, a Comissão Técnica sentiu-se confortável em convocar apenas mais um jogador, além dos 23 (vinte e três) inicialmente inscritos, e, para esse jogador, em razão de sua posição (meio campo) e por mera liberalidade, optou-se pelo número 25", diz a confederação.
"Como poderia ter sido 24, 26, 27 ou 28, a depender da posição desportiva do jogador convocado: em regra, numeração mais baixa para os defensores, mediana para volantes e meio campo, e mais alta para os atacantes", continuou a resposta.
"O que estamos levando em conta é que a CBF tinha conhecimento sobre essa polêmica [envolta do número] e fez uma escolha de pular o número 24", completa Carlos Nicodemos.
O UOL mostrou que a seleção brasileira é a única do torneio a não utilizar o número 24 em suas camisas.
Antes, em 2020, levantamento da Folha de S. Paulo mostrou que a camisa 24 é quatro vezes mais comum no futebol do exterior que no futebol brasileiro.
O número 24 no Brasil está ligado ao jogo do bicho, no qual representa o veado, animal usado de forma pejorativa para ofender homossexuais no país. No futebol do exterior, o número aparece com muito mais frequência nas camisas de jogadores.