O Lollapalooza retorna a São Paulo no próximo fim de semana, de sexta (25) a domingo (27), marcando a volta dos grandes eventos à cidade –e ao país– depois da pandemia. O festival, que vai ocupar novamente o Autódromo de Interlagos, chega com uma escalação de shows pensada inicialmente há dois anos, quando o Lolla foi cancelado no começo do período de isolamento social, e que foi mudando ao longo dessa temporada de incertezas, proibição das aglomerações e mudanças.
Quem comprou ingresso para o Lollapalooza Brasil de 2020 esperava assistir aos shows de nomes como Guns N' Roses, The Strokes, Lana Del Rey, Gwen Stefani e Travis Scott, algumas das atrações principais.
Destes, sobraram só os Strokes no line-up, que foi ganhando e perdendo nomes até duas semanas antes de o festival começar –os shows de King Gizzard & the Lizard Wizard e Jane's Addiction, banda do fundador do festival Perry Farrell, foram recentemente substituídos pelos das bandas Two Feet e The Libertines.
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A escalação original foi se mantendo conforme o evento foi sendo adiado por causa da Covid-19. Primeiro, o festival aconteceria nos dias 3, 4 e 5 de abril de 2020. Depois, em 4, 5 e 6 de dezembro daquele ano. Por fim, chegou a ser confirmado entre 10 e 12 de setembro do ano passado. É improvável que tenha havido outro festival adiado tantas vezes.
As mudanças no line-up acabaram transformando a cara do próximo Lollapalooza, que estava cheio de nome inéditos e novidades interessantes, e teve de se adequar à realidade pandêmica e à disparada do dólar –que afeta diretamente as negociações com artistas estrangeiros.
Era o caso de Travis Scott, astro do trap americano e nome influente no rap e no funk brasileiro, que tocaria num dia bastante atraente para os fãs de hip-hop. Ele dividiria o sábado com o "rapper punk" Denzel Curry e o coletivo jovem de rap Brockhampton –banda que encerrou as atividades desde que havia sido escalada no festival–, além dos brasileiros Emicida e Djonga.
Agora, quem vem é A$AP Rocky, que no Brasil parece ser tão conhecido por suas músicas quanto por ser o marido de Rihanna –ela vem grávida do rapper ao país–, dividindo as atenções com Miley Cyrus, estrela principal do dia. No sábado, Rocky e Emicida serão as únicas atrações de rap da escalação, agora mais bagunçada.
Já o Guns N' Roses, figurinha carimbada nos megafestivais brasileiros, deu lugar a outro headliner que está acostumado a tocar nesse tipo de evento por aqui, o Foo Fighters. A banda de Dave Grohl tocou em 2019, o último ano com shows antes da pandemia, no Rock in Rio, e volta agora com álbum novo –"Medicine at Midnight", do ano passado–, mas com o apelo de sempre.
Entre as atrações menores, havia outros nomes que eram esperados por aqui em 2020, uma lista que incluía o cantor James Blake, as cantoras Charli XCX e Kali Uchis, Kacey Musgraves, que venceu o Grammy, a produtora King Princess e o cantor Jaden Smith, entre outros. Também estavam escaladas as bandas Cage the Elephant, que já tocou várias no Lollapalooza do Brasil, e Vampire Weekend, com um disco aclamado pela crítica americana.
Agora, entre os shows mais esperados, o festival terá a estrela pop Doja Cat, a banda Black Pumas, o revivalista do pop punk Machine Gun Kelly, o rapper de Jack Harlow, sucesso no TikTok, as cantoras Marina (ex-Marina and the Diamonds), Kehlani e Alessia Cara e as bandas Turnstile e The Wombats, entre outros. Phoebe Bridgers, cantora de rock alternativo que é sensação, também teve o show na edição brasileira do evento cancelado.
As atrações nacionais, fatia interessante da escalação, se mantiveram na maioria, e alguns nomes foram acrescentados. Entre eles estão Pabllo Vittar, Marina Sena, Matuê, Emicida, Fresno, Gloria Groove, Silva, Jão, MC Tha, DJ Marky, Jup do Bairro e Rashid. Há ainda os super DJs, que ocupam o palco eletrônico –Alok, Alesso, Martin Garrix, Alan Walker e Chris Lake são os principais.
Se o line-up ficou empobrecido, pelo menos quem comprou ingressos para a edição de 2020 –que puderam ser trocados por entradas para a atual– acabou em vantagem financeira em relação a quem comprou só agora. Quando começaram as vendas da edição de 2020, o passe para os três dias de festival custava R$ 1.500 –hoje seriam cerca de R$ 1.750, valor corrigido pela inflação, com base no índice IPCA–, contra os quase R$ 3.000 de quem comprou no site nos últimos meses.
Para a edição de 2020, enquanto o ingresso para apenas um dos três dias de evento custava R$ 800, ou cerca de R$ 950 na inflação atual, agora a entrada sai por mais de R$ 1.300 –em todos os casos, com opção de meia-entrada e descontos quando comprados em lojas físicas, em vez do site. Ainda há ingressos disponíveis para cada um dos três dias do festival, por R$ 1.440, no quarto lote.
Apesar dos preços salgados para o momento de crise, é improvável imaginar o autódromo vazio no próximo fim de semana. Isso porque o Lollapalooza vai marcar o retorno dos eventos de grandes proporções no Brasil –já que o Carnaval de rua foi cancelado–, a exemplo do que aconteceu em agosto do ano passado nos Estados Unidos, quando quase 400 mil se reuniram para a versão de Chicago do festival.
No caso americano, o evento foi tido por especialistas de saúde como um sucesso, mas acabou antecedendo uma onda de infecções pela variante ômicron. Em São Paulo, não é possível prever o impacto do Lollapalooza, que espera receber 100 mil pessoas por dia. Mas já não é mais necessário, por exemplo, usar máscaras dentro do autódromo, isso sem falar na situação avançada da vacinação na cidade –o festival, por exemplo, cobra a comprovação de duas doses da vacina.