Shows & Eventos

Como surgiu o Carnaval e por que ele ficou tão popular no Brasil

01 mar 2025 às 18:00

Carnaval chegou e você já está de fantasia e com confete na mão. Mas sabia que ele não foi sempre assim? Não se sabe bem quando a festa surgiu, mas acredita-se que suas origens são da Idade Antiga ou da Idade Média -ou seja, muito tempo atrás, quando nem havia esse nome ainda.


E, apesar de abrigar um dos maiores carnavais do mundo -o da Marquês da Sapucaí, no Rio de Janeiro-, o Brasil não foi o criador dele. Neste ponto, também faltam dados. Há registros que remontam à festa na Babilônia, civilização que se desenvolveu onde hoje é o Iraque, mas é tudo muito incerto.


Sabe-se que a festa era um ritual pagão, isto é, de uma tradição que cultuava vários deuses, e saudava a fertilidade na agricultura, ou seja, uma boa colheita. Por isso, ele acontece próximo ao fim do inverno e início da primavera no hemisfério Norte -que, no Sul (onde o Brasil está), corresponde ao fim do verão e início do outono.


Por aqui, ele chegou com os colonizadores portugueses e, é claro, seguindo o modelo da festa na Europa. "O Carnaval entrou no calendário gregoriano [o que usamos] pela Igreja Católica, que se apossou da festa", afirma José Maurício Conrado, professor e pesquisador de cultura e linguagens da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo.


Tanto é que um dia depois do fim do Carnaval, na Quarta-feira de Cinzas, começa a Quaresma, que é quando cristãos costumam fazer algum sacrifício, como o de ficar sem comer chocolates, durante 40 dias.


Isso remete ao período em que Jesus Cristo vagou pelo deserto até ser crucificado e ressuscitar. "É quase como se a Igreja tivesse incorporado o Carnaval, permitindo que as pessoas se divertissem, exagerassem, mas, depois, deveriam se sacrificar", diz Conrado.


ENTRUDO


"Quando os portugueses trouxeram a festa para o Brasil, ela se chamava Entrudo", diz o especialista em Carnaval. A palavra se refere à festa realizada em Portugal em que as pessoas jogavam baldes de água, ovos e outros ingredientes nas outras nos três dias que antecedem a Quaresma. Por lá, aliás, ainda se realiza o Entrudo.


Segundo o especialista em Carnaval, ele era uma tradição "um pouco grotesca", que passou por uma transformação em terras brasileiras. "A corte começou a olhar para o que ocorria em locais como Veneza, na Itália, e na França, com as máscaras e alegorias, uma versão mais civilizada", conta Conrado.


Assim, continua o especialista, o Carnaval foi se tornando elitista, das pessoas mais ricas, mas diversas comemorações também ocorriam em grupos à margem da sociedade, muito influenciadas pelos africanos escravizados.


O samba foi surgindo e entrando na festa e, já mais perto da nossa época, em 1932, no Rio de Janeiro, foi realizado o primeiro desfile oficial de escolas de samba -embrião do que hoje vemos na avenida, transmitido na TV.


Reinaldo Bruno Alves, bibliotecário do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e especialista em Carnaval, destaca a importância dos escravizados no desenvolvimento do Carnaval que conhecemos hoje, com samba e dança. "Mas foi só mais tarde, por volta dos anos 1970, que as escolas passaram a falar de orixás, divindades de religiões africanas e brasileiras", diz.


BLOCOS E MATINÊS


Além dos desfiles das escolas de samba, são tradicionais também por aqui os blocos e os bailes de clubes e casas de show -que costumam ser chamados de bloquinhos e matinês, respectivamente, na versão infantil.


Nos blocos, um grupo de músicos tocando marchinhas e outras músicas típicas da festa comanda os foliões, que vão na frente, atrás e ao lado pulando e dançando. Eles podem ser parados, sem sair do lugar, ou circular pelos bairros. Neste ano, por exemplo, o Carnaval de rua de São Paulo teve mais de 765 blocos inscritos.


Opção para curtir não falta.


GLOSSÁRIO DO PEQUENO FOLIÃO


Abre-alas
É o primeiro carro alegórico que aparece no desfile de cada escola. Ele vem após a apresentação da comissão de frente
Alegorias
São os carros que desfilam e os elementos cenográficos
Bloco
É o grupo de foliões que, no Carnaval, canta e dança pelas ruas ao som de músicas
Concentração
É o local onde a escola se prepara para o desfile
Enredo
É o tema central do desfile, criado a partir de pesquisas
Marchinha
É a música de Carnaval, de ritmo animado
Mestre-sala e porta-bandeira
São o casal de dançarinos que conduz e apresenta a bandeira da escola durante o desfile
Samba-enredo
É a canção que puxa o desfile da escola de samba, que transmite o enredo escolhido
Trio elétrico
É aquele caminhão onde vão os cantores que se apresentam nos blocos, como se fosse um palco no alto do veículo


AGENDA DE BLOCOS EM SP


SÁBADO (dia 1°)
Emílias e Viscondes
Neste ano, o bloco faz uma homenagem ao Curupira, protetor da mata. Apresenta marchinhas tradicionais e, é claro, "Sítio do Pica-Pau-Amarelo", de Gilberto Gil.
Na Vila Buarque, região central. São Paulo. A partir das 15h.@blocodasemiliaseviscondes
Amorikids
Versão infantil do bloco Amoribunda, cujo nome faz referência a seu ponto de partida, um cemitério.
Na Vila Mariana, zona sul. São Paulo. A partir das 10h.@blocoamoribunda_oficial


DOMINGO (dia 2)
Tatuzinho Kids
Criado em 2019, é filho do bloco Tatuapé, nascido quatro anos antes e voltado a adultos. A versão infantil, que ficava nos arredores do shopping Tatuapé, vai sair na rua pela primeira vez neste ano.
No Tatuapé, zona leste. São Paulo. A partir das 9h. @blocotatuzinho
Beatles para Crianças
Apresenta músicas da banda inglesa formada por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr para o público infantil.
Na Vila Mariana, zona sul. São Paulo. A partir das 11h. @beatlesparacrianças
Berço Elétrico
Comemorando sete anos, promete acessibilidade, fraldário e espaço para amamentação.
Na Vila Mariana, zona sul. São Paulo. A partir das 10h. @bercoeletrico
Gente Miúda
O bloquinho surgiu com o objetivo de resgatar canções que fizeram parte da infância de seus fundadores, Kel Figueiredo e Manoel Filho.
No Sumaré, zona oeste. São Paulo. A partir das 10h. @blocogentemiuda


SEGUNDA (dia 3)
Saad
Com um mascote de dinossauro, é promovido por um grupo de empresários. Quem comprar o abadá infantil (R$ 40) tem acesso à área com brinquedos infláveis.
No Morumbi, zona oeste. São Paulo. A partir das 10h. @blocosaad


TERÇA (dia 4)
Copo Quebrado
Bloco para toda a família, foi fundado em 2017. Neste ano, desfila com o tema "Brincadeira de criança, como é bom".
Em Guaianases, zona leste. São Paulo. A partir das 10h. @copoquebradocia
Gente Miúda
Quem tiver pique pode repetir o bloco, que sai duas vezes neste Carnaval.
No Sumaré, zona oeste. São Paulo. A partir das 14h. @blocogentemiuda


Continue lendo