O trombonista carioca Raul de Souza morreu, aos 86 anos, na noite deste domingo (13), na França. O anúncio foi feito pela família do músico em suas redes sociais. A morte foi causada por um câncer.
Nascido no Rio de Janeiro, em 23 de agosto de 1934, o artista era um influente nome da música brasileira, em especial do jazz - estilo pelo qual era conhecido mundialmente como um dos maiores trombonistas.
A trajetória do músico teve início na década de 1950, quando ouviu uma canção de Louis Armstrong e passou a ter um grande interesse pelo universo musical. Foi com um trombone velho que ganhou de um amigo que Souza, então, ingressou de vez na arte. Autodidata, ele era rejeitado pelos grupos regionais e nas gafieiras por ter um estilo intuitivo.
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"Eu não conseguia tocar 'Parabéns a Você' sem improvisar. Os caras odiavam, falavam 'não chama o Raul, não, ele atravessa tudo'", disse o músico ao jornal Folha de S.Paulo, numa entrevista realizada em 2013.
Em 1963, um amigo o convidou para tocar trombone no disco "Você Ainda Não Ouviu Nada!", de Sergio Mendes, e ele aceitou. Além do Brasil, o álbum fez sucesso nos Estados Unidos, onde Souza, aliás, o apresentou como uma obra solo.
O músico varou noites tocando com Altamiro Carrilho e João Donato no mítico Beco das Garrafas, no Rio, gravou com Baden Powell e fez arranjos para Roberto Carlos.
Em 1969, ele se mudou para o estado americano da Califórnia, onde conviveu com diversas lendas do jazz americano, como Sonny Rollins e George Duke. Na década de 1970, gravou "Colors" pela Milestone Records, e o aclamado "Sweet Lucy" pela Capitol.
Sua técnica, afiada no chorinho, no samba e no que mais aparecesse, garantiu um diferencial entre os jazzistas que ele chamava de "mestres". "Mas eu achava pouco e inventei o 'souzabone'", disse ele naquela entrevista. Seu trombone era adaptado com quatro pistões -em geral, tem três-, que só ele tocava.
Desde os anos 1980, Souza gravou com grandes nomes da MPB, como Milton Nascimento e Maria Bethânia.
O colunista da Folha de S.Paulo Ruy Castro dedicou linhas de diversas colunas ao músico, de quem era amigo e que chamava de "ás do samba-jazz". "Raul tem até o título de um livro que gostaria de publicar sobre sua vida: 'De Bangu a Hollywood'", escreveu Castro, em 2017, num texto que também falava sobre o complexo penitenciário de Bangu.
O último álbum de Souza, "Plenitude", foi lançado neste ano, meses antes de sua morte.