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cultura negra e femina do rap

“Mulheridades no Rap”: vozes que resistem e ressignificam o hip hop em Londrina

Letícia Cardoso - Estagiária*
20 nov 2025 às 13:14

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Foto: Divulgação
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O microfone na mão é mais que um instrumento. É refúgio, manifesto e espelho. Em Londrina, as vozes femininas e as novas expressões do hip-hop seguem firmes, transformando rimas em ferramentas de sobrevivência e resistência.


O projeto Mulheridades no Rap de Londrina | Heranças e Renovações é realizado pela DDB7 Produções, que atua com arte-educação, cultura de rua e audiovisual, conta com patrocínio da Prefeitura de Londrina, via PROMIC (Programa Municipal de Incentivo à Cultura). A direção é de Dan Barbosa, homem trans, DJ, produtor cultural, arte-educador e agente territorial do Ministério da Cultura.  A iniciativa busca conhecer, valorizar e amplificar às trajetórias das mulheridades que constroem o Hip Hop londrinense, em todas as suas vertentes: MCs, DJs, B-Girls, grafiteiras, produtoras, pesquisadoras e muito mais.

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Entre batidas e versos, MC Jô, MC Potira, Kach (Kachorrona) e o DJ e produtor Dan, criador do projeto “Mulheridades no Rap de Londrina” reconfiguram o lugar da mulher e das identidades periféricas dentro de um movimento historicamente masculinizado.


A rima como espaço de existência

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A produtora cultural Jô Anita,  mais conhecida como "Jô Melodia" faz parte de oficinas de rimas e batalhas, canta e faz freestyle de rimas feitas na hora.  Ela também fez parte da regional da batalha e atualmente estuda Direito na UEL (Universidade Estadual de Londrina). A MC carrega nas letras as dores e a potência da mulher preta e periférica, para ela o hip hop trouxe voz e o entendimento de que o que ela vivia também era arte e história. Hoje, a MC canta para que outras mulheres sintam o mesmo. “A gente precisa se ver no palco, entender que o lugar também é nosso. Cada rima é um grito de quem aprendeu a resistir” complementa a produtora.


Potência que nasce da quebrada

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Já MC Potira (Rita Barbosa), recebeu esse nome como forma de bullying na escola, mas ressignificou. Ela conta que o apelido surgiu por ter seus cabelos longos e descendência indígena com afrô. MC Potira é mantém atividades nos movimentos sociais e na politíca pública. Para ela, o rap sempre foi uma escola de resistência e consciência. “Eu venho da periferia e pra mim o hip hop sempre foi uma forma de manter a cabeça erguida. De dizer que a gente existe, que a gente é potência”, afirma.


MC Potira também fez parte de projetos sociais e teve seu contato mais aprofundado com o hip hop nos anos 2000.  Ela afirma que se integrou ao um grupo femino como forma de resistência,  pois para ela a arte é um instrumento de transformação. “Quando a gente sobe no palco, não é só pra entreter. É pra incomodar, pra questionar, pra mostrar que a quebrada pensa, cria e faz arte de qualidade. O hip hop é quilombo urbano", comenta.

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Entre o teatro, o rap e a multiplicidade


Atriz, MC e performer, Kach, de Kachorrona, atualmente é professora de libras além de ainda fazer shows e batalhar nas rimas da cidade.  Ela afirma que encontrou no hip hop um território de expressão que o teatro muitas vezes, não permitia. “Ali eu podia falar de coisas que não cabiam em outros espaços, mesmo sem ver corpos como o meu, eu me senti acolhida e também acolhendo outras pessoas”, diz.

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Multiartista que transita entre performance, poesia e beats, Kach mistura linguagens e cria uma estética própria dentro da cena,  e para ela, o enfrentamento é cotidiano dentro e fora das batalhas. “O hip hop me deu pertencimento, hoje eu vejo mais pessoas chegando, mais mulheres tomando o microfone. Porque se não formos nós a contar nossas histórias, quem vai fazer isso por nós? É preciso coragem para subir no palco e dizer o que precisa ser dito. O hip hop é um campo de disputa, mas também um espaço de cura, ele me ensinou a existir com verdade”, analisa.


Mulheridades no Rap de Londrina: o hip hop como memória viva

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O projeto “Mulheridades no Rap de Londrina” nasceu da inquietação de Dan, DJ, produtor e articulador da cena, que há anos observa o apagamento e o silenciamento das artistas mulheres na cultura hip-hop.  “Londrina é reconhecida como uma cidade com um rap forte, mas sempre foram as mesmas figuras, sempre os caras”, afirma Dan. “E eu comecei a me perguntar: onde estão as mulheres que fizeram essa história? Onde estão as multiartistas, as DJs, as MCs, as produtoras que movimentaram a cena e que nunca foram lembradas?”


Foi dessa pergunta que surgiu o impulso para registrar em imagem, som e palavra as vozes que formam a base do movimento. “O projeto nasceu do desejo de documentar, mas também de retribuir. A ideia era criar um espaço onde essas artistas pudessem se ver, se ouvir, se reconhecer”,  explica Dan.

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Divulgação

Desigualdade e resistência


Ao longo do processo, elas perceberam que o machismo estrutural ainda dita muito do ritmo da cena e reforçam que o projeto Mulheridades é também um gesto político. “As mulheres não são chamadas pra se apresentar, não são convidadas para eventos, e quando são, ainda precisam disputar respeito. Isso é desigualdade, não falta de talento.” afirma Jô.


“O hip hop sempre foi sobre resistência. E se ele não é um espaço seguro para todas as pessoas, ele perdeu o sentido. Produzir esse projeto é sobre resgatar o que o hip hop tem de mais verdadeiro a construção coletiva e o respeito pelas diferenças.” disse a produtora.


Memória, continuidade e futuro


Apesar das barreiras, essas artistas seguem criando, registrando e sendo resistência. Para elas, projetos como o Mulheridades no Rap de Londrina, que reúne vozes diversas do hip-hop londrinense, se tornam espaços fundamentais para que essas narrativas permaneçam vivas.  "É sobre criar materiais, história e memória porque tudo é geracional. Vão surgir outras pessoas,  outros contextos. Se a gente não materializa, a gente é esquecida.” afirma Kach.  “Nosso corre é diário, mas é bonito a gente tá aqui pra mostrar que o hip-hop é de todos, mas principalmente, que ele também é nosso.” resume MC Jô. 


O projeto terá uma exposição no Sesc Cadeião, com data prevista para o mês que vem (dezembro), além disso também será levado futuramente a escolas da cidade, por meio de palestras com objetivo de promover incentivo representatividade e valorização da cultura negra e feminina do rap. O projeto também resultará em um curta-metragem documental sobre as experiências, contribuições e trajetórias das mulheres no Rap londrinense. Atualmente em pós-produção, o filme tem estreia prevista para dezembro de 2025.


O mapeamento proposto pelo projeto busca por mulheridades envolvidas com a cena Hip Hop em Londrina.  Para participar basta preencher o seguinte formulário aberto no seguinte link:  forms.gle/qtWyQquLhjU83RZb9



Acompanhe nas redes sociais:

@rapmulheridades

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