Será que ainda existe alguma alma boa, uma única que seja, que faça valer a pena salvar toda a humanidade? Para responder a essa dúvida, alguns dos santíssimos deuses vêm à Terra com a missão de encontrar esse ser humano raro.
Depois de vagarem pelo planeta, os deuses chegam a Setsuan, uma cidade castigada pela seca e assolada pela miséria, fruto da opressão, da maldade e da corrupção. A história é contada no espetáculo “Parábola da Alma Boa”, segunda montagem do projeto Livre Teatro, que estreia neste sábado (7), às 20 horas, no Centro Cultural SETA.
O espetáculo também será apresentado nos dias 08 e 09 de dezembro, às 20 horas, e no dia 10 de dezembro, em duas apresentações: às 19h30 e às 21 horas. Os ingressos já estão à venda pela plataforma Sympla.
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A montagem é uma livre adaptação feita pelo dramaturgo, diretor e ator Luan Valero, a partir do texto teatral “A Alma Boa de Setsuan”, do dramaturgo e escritor alemão Bertolt Brecht. A peça, que foi encenada pela primeira vez em 1943, e ainda hoje segue atual em sua temática, que expõe as mazelas das relações humanas formatadas pelo sistema vigente.
A parábola concebida e encenada nos moldes do Teatro Épico, rompe de vez a quarta parede e coloca o público frente a frente com questões que vão além de um simples maniqueísmo.
“É um texto pouco conhecido no Brasil, de um Brecht já maduro, sendo um de suas últimas peças. O autor nos faz questionar nossa noção de moral, sensos e consensos a respeito do bem e do mal na figura de uma moça em situação de prostituição, mas que é melhor alma de um povoado”, comenta.
É neste contexto que o grupo de deuses encontra a vendedora de água, Wang, que busca para eles uma hospedagem em Setsuan. Depois de várias tentativas violentamente frustradas, a aguadeira consegue convencer a prostituta Chen Te a dar abrigo para os deuses.
Essa simples atitude da moça faz com que as divindades decidam dar a missão por encerrada, elegendo a prostituta como a alma boa que salvaria a humanidade.
Após passarem uma noite, na casa da prostituta, os deuses a recompensam com dinheiro suficiente para Chen Te mudar de vida. A partir daí, vários personagens surgem na tentativa de tirar proveito da nova condição da moça.
Ela, que já tinha dúvidas de sua bondade, assume uma nova personalidade, no papel de um homem frio e calculista para tentar preservar sua nova posição de comerciante. E neste embate entre o bem e o mal, a história chega a um desfecho inusitado.
“Ao mesmo tempo que a peça tem um tom mítico, com a presença dos deuses, Brecht faz questão de não colocar a bondade com um dom divino inexplicável e ficar por aí mesmo. Ele questiona sobre aspectos sociais a que a pessoa está exposta em detrimento dessa bondade interior dela. Em vários momentos a protagonista duvida de sua própria bondade ao ser ver encurralada e ver sua sobrevivência ameaçada”, observa o diretor.
Leia a reportagem completa na FOLHA DE LONDRINA: