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Livro revela pela primeira vez 'O Lado Negro da Cia'

Redação Bonde
16 set 2010 às 17:49
- Reprodução
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Sequestros, torturas, assassinatos de líderes em nações estrangeiras, intervenções nos governos do Cone Sul e a invasão do Iraque. São ações promovidas pelos EUA com o apoio da CIA (Central Intelligence Agency), que chocaram o mundo e agora são revelados pela primeira vez em uma edição brasileira, em O Lado Negro da CIA, da Idea Editora.

O autor, o economista Claudio Blanc, compilou documentos secretos, memorandos e telegramas oficiais, muitos dos quais com partes censuradas, para dar luz às atrocidades da agência americana em mais de 40 anos de atividade. "Os documentos secretos que constituem este livro revelam a face macabra da política internacional dos Estados Unidos e mostram algumas das ações criminosas da CIA. Os crimes e ações condenáveis perpetrados pela agência americana aqui documentados estão entre os de maior repercussão", afirma Blanc.

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Segundo a Associação dos Dissidentes Responsáveis, ARDIS, estima-se que entre 1943 e 1987 cerca de seis milhões de pessoas morreram em consequência das operações da CIA. O que representa, conforme salientou o ex-funcionário do Departamento de Estado William Blum, o "Holocausto Americano".

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Os textos reunidos em O Lado Negro da CIA foram extraídos dos Arquivos de Segurança Nacional, mantidos pela George Washington University e liberados por meio de ação judicial pelo Ato de Liberdade de Informação. São relatos do alto comissariado da agência, ex-ministros da defesa e da segurança nacional, além de ex-presidentes americanos.

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O ponto de partida é a deposição do presidente da Guatemala Jacobo Arbenz Guzmán no início da década de 1950, passando pelos escândalos internos Watergate e Irã-Contras à montagem da Operação Condor. Em larga escala, os principais países do continente Sul-Americano (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Peru, Bolívia) e da América Central (Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá) conheceram os efeitos das manobras políticas e das intervenções americanas. Em comum, o fato de manterem governos de inclinações esquerdistas, que contrariavam os interesses estadunienses e ou representavam uma ameaça comunista.


Mais recentemente, já num contexto pós-Guerra Fria, a CIA esteve envolvida no sequestro e na morte de prisioneiros em bases secretas e na famosa prisão de Guantánamo, em Cuba. É também a responsável diretamente na ajuda ao governo americano para ludibriar a opinião pública, líderes mundiais e a ONU. O objetivo, empreendido com sucesso, forjou provas da existência de armas de destruição em massa no Iraque e, assim, deu respaldo à invasão norte-americana após os atentados de 11 de Setembro de 2002.

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'O Lado Negro da CIA' trata da intervenção dos Estados Unidos no Brasil. Com o apoio da agência americana, navios-tanques e 110 toneladas de munição, porta-aviões e destróieres deram resguardo ao período que antecedeu o Golpe Militar de 1964. Posteriormente, a CIA teve papel fundamental no treinamento de agentes brasileiros, atuando diretamente na caça de militantes de esquerda e a sistematização da tortura.


Para alguns estudiosos, como Philip N. Evanson, professor de Estudos Brasileiros da Temple University de Filadélfia, EUA, a herança da ditadura militar brasileira apoiada pela CIA teve aspectos desastrosos. "Um aumento significativo de crimes contra os direitos humanos, [foram] socialmente irresponsáveis, contraíram empréstimos excessivos no exterior, promoveram concentração de renda e o aumento da pobreza, implicando no dramático crescimento da criminalidade nos grandes centros urbanos".

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Já a terceira parte do livro é o que podemos chamar de um verdadeiro "tiro que saiu pela culatra" para a reputação da temida CIA. Trata-se da série de documentos organizados pelo próprio órgão conhecido como As Joias da Família, que relatam minuciosamente uma série de atrocidades e desrespeito às leis internacionais e de Direitos Humanos durante um período de 25 anos.


Trama de assassinatos, experiências científicas com cobaias humanas, sequestros, gravações ilícitas e a violação de correspondência de cidadãos, além da colaboração de um mafioso na tentativa de matar o líder cubano Fidel Castro. Artistas como Jane Fonda e John Lennon, ambos envolvidos na causa anti-Vietnã, também não ficaram impunes à espionagem da agência.

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O Lado Negro da CIA nos faz comprender a face mais sombria da história, aquela muitas vezes renegada pelos relatos oficiais. Um narrativa instigante de como, sob a égide dos Estados Unidos, países foram arrasados por ditaduras militares, guerras foram construídas, cidadãos tiveram seus direitos caçados, foram presos, torturados ou mortos. Em última análise, como o mundo se dobrou para atender única e exclusivamente aos interesses norte-americanos.


'Serviço':

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Livro: 'O Lado Negro da CIA'


Autor: Claudio Blanc

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Tradução dos documentos: Ricardo Moraes


Nº de páginas: 224

Preço: R$ 35


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