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Livro aborda o holocausto através da ótica de um garoto alemão de nove anos

Marcos Losnak - Folha de Londrina
20 dez 2007 às 17:28
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O holocausto judeu da Segunda Guerra Mundial deu origem a montanhas de livros e filmes. O tema já foi abordado das mais variadas maneiras, dos mais diversos ângulos, através de inúmeras abordagens. Mesmo assim, ainda é capaz de gerar obras que movimentam sentimentos de multidões.

''O Menino do Pijama Listrado'', romance do escritor irlandês John Boyne lançado pela editora Cia. das Letras, pode ser considerado uma prova disso. Abordando o tema através da ótica de um garoto alemão de nove anos de idade, arrebatou milhares de leitores mundo afora nos últimos dois anos. Sua versão cinematográfica, em fase de conclusão, chega aos cinemas em 2008.

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Com atmosfera de romance infanto-juvenil, ''O Menino do Pijama Listrado'' narra a história de Bruno, uma garoto alemão que leva uma vida sem grandes surpresas, sem atropelos. Morando num luxuoso palacete de Berlin, sua pacata vida se resume à escola, família e amigos. Imerso numa ingenuidade peculiar, não percebe que o mundo em que vive está molhado de sangue.

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Sua tranquilidade desaparece quando a família é obrigada, devido às atividades do pai como membro do exército alemão, a se mudar para uma nova casa situada numa região erma e desolada. Sem escola e sem amigos, Bruno conhece o tédio. A única visão que possui da janela de seu novo quarto é uma enorme cerca ao longe. Do outro lado da cerca, centenas de pessoas de pijamas listrados passam o dia perambulando de cabeças baixas.

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O personagem criado por John Boyne como protagonista de ''O Menino do Pijama Listrado'' detém uma ingenuidade inverossímil. Bruno não sabe que seu país e a Europa estão em guerra, desconhece as atividades profissionais do pai, não sabe nada sobre os judeus e muito menos sobre os campos de concentração ou extermínio. Essa ingenuidade próxima da ignorância infantil, faz do garoto uma figura surgida dos contos de fadas.


Para afastar o tédio, Bruno começa a brincar de explorador. A brincadeira consiste em vagar pelos arredores de sua casa na tentativa de encontrar algo interessante. Em suas andanças, descobre um garoto da sua idade, chamado Shmuel, que vive do outro lado da cerca. Ou seja, confinado no campo de concentração.

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Os dois garotos estabelecem rapidamente uma relação de amizade. Bruno passa a se encontrar com ele, sempre separados pela cerca, para conversarem. Esses encontros são mantidos em segredo dos adultos, como uma espécie de pacto de amizade em pé de igualdade.


Nas conversas, um passa a conhecer o mundo do outro. Vivendo em mundos completamente diferentes e opostos, lentamente a ingenuidade perde suas roupas. Mas as descobertas não são capazes de cobrirem a nudez da inocência. Esse talvez seja o mérito da narrativa criada por John Boyne. A inocência não é vestida, como também não é roubada.

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O final da história não oferece surpresas. O leitor tem a possibilidade de molhar o livro de lágrimas mesmo sabendo seu final antecipadamente pela enorme quantidade de pistas jogadas pelo autor. Logicamente não está no papel de Shmuel ultrapassar a cerca para um encontro mais próximo, para uma amizade mais completa. O papel está nas mãos de Bruno, aquele que, apesar de bem alimentado, possui fome de alguma coisa que não sabe exatamente o que é.


Fragmento de ‘O Menino do Pijama Listrado’ de John Boyne

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Quando Bruno se aproximou do menino pela primeira vez, ele estava sentado no chão de pernas cruzadas, olhando para a poeira debaixo de si. Entretanto, após um momento, ele olhou para cima e Bruno pôde ver o seu rosto. Era um rosto bastante estranho. A pele era quase cinza, mas diferente de outras tonalidades de cinza que Bruno já havia visto. Os olhos eram bem grandes, da cor de balas de caramelo; os brancos eram muito brancos, e, quando o menino olhou para Bruno, tudo o que este viu foi um par de enormes olhos tristes a encará-lo.


Bruno teve certeza de jamais ter visto um menino tão triste e tão magro em toda a sua vida, mas decidiu que seria melhor conversar com ele.

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‘Estou explorando’, disse ele.


‘Ah, é?’, disse o pequeno menino.
‘Sim. Já faz quase duas horas.’
Não era exatamente verdade. Bruno estivera explorando fazia pouco mais de uma hora, no entanto achou que exagerar um pouquinho não seria tão terrível de se fazer. Não era o mesmo que mentir e fazia-o parecer mais aventureiro do que era de fato.


‘Descobriu alguma coisa?’, perguntou o menino.

‘Quase nada.’
‘Nada mesmo?’
‘Bem, descobri você’, disse Bruno após um instante.
()
SERVIÇO
- 'O Menino do Pijama Listrado' de John Boyne, Editora Cia. das Letras, tradução de Augusto Pacheco Calil, 190 páginas, R$ 31


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