Scarlett Pavlovich, ex-babá do filho de Neil Gaiman, entrou com uma ação contra o autor britânico e sua então parceira, a compositora Amanda Palmer, com acusações de agressões sexuais ocorridas enquanto ela trabalhava a serviço do casal.
Pavlovich entrou com o processo na Justiça federal americana nesta segunda-feira. Ela acusa Gaiman de estupro, coerção e tráfico humano, dizendo que o autor abusava sexualmente dela enquanto ela trabalhava sem receber salário, e Palmer de atrai-la e apresentá-la ao marido para que o abuso fosse cometido.
O casal, que hoje está em processo de divórcio, ainda não se pronunciou sobre o processo judicial, mas o escritor tem dito que todos os relatos hoje denunciados como abusivos na verdade foram relações consensuais entre ele e as mulheres que agora o acusam.
As primeiras denúncias públicas de Pavlovich contra Gaiman foram feitas ao podcast "Master", lançado em julho. No programa, diferentes mulheres relataram experiências de assédio, coerção e abuso sexual que teriam sofrido do autor de "Coraline" e "Sandman".
Meses depois, a Vulture, braço da revista New York, publicou uma reportagem na qual reúne relatos detalhados de algumas dessas mulheres. À revista, Pavlovich disse que primeiro desenvolveu uma amizade com Palmer e que foi ela quem a chamou para cuidar de seu filho e ajudar em tarefas domésticas.
Ela afirma que marido e esposa moravam em casas separadas e que o abuso inicial aconteceu em sua primeira vez na casa de Gaiman, na noite em que se conheceram.
"Gaiman abusou física e emocionalmente de Scartlett repetidamente, estuprando-a pela vagina e pelo ânus, humilhando-a, forçando-a a cometer atos sexuais em frente do filho dele e a tocar e lamber fezes e urina", diz o processo obtido pelo jornal americano Los Angeles Times. Gaiman chamava a então babá de escrava e pedia que ela se referisse a ele como mestre.
Pavlovich disse à Vulture que, quando entendeu que estava sendo vítima de violência, procurou Palmer e contou tudo à ela, que teria respondido que mais de uma dúzia de mulheres já haviam dito no passado que Gaiman havia abusado delas. Segundo o processo, as agressões só pararam quando Pavlovich disse a Palmer que iria tirar a própria vida.
A ex-babá afirma que Palmer tinha conhecimento dos desejos sexuais de Gaiman e a apresentou a ele sabendo que a jovem seria agredida. Pavlovich busca pelo menos US$ 7 milhões, ou cerca de R$ 35 milhões, em indenização.
Desde o lançamento do podcast, Gaiman tem visto seus contratos com editoras serem rompidos e produções que adaptam seus livros para a TV serem canceladas.
O autor só se pronunciou publicamente após o artigo da Vulture, no mês passado. Em seu site pessoal, ele escreveu "que poderia e deveria ter feito muito melhor" mas que nunca se envolveu "em atividades sexuais não consensuais com ninguém".
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Além da visibilidade de exibir o filme no Canal Brasil, há também o prêmio de aquisição no valor de R$ 15 mil.