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'Divide as pessoas'

Redes sociais exploram experiência humana para lucrar, diz fundador do Orkut

Gustavo Soares - Folhapress
14 nov 2022 às 19:00
- Pixabay
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O fundador do Orkut, sucesso na internet brasileira até o início dos anos 2010, não é otimista em relação às redes sociais. Para ele, o que antes buscava a união e o empoderamento, hoje virou uma ferramenta de gerar lucro, que divide as pessoas e alavanca fake news.


Orkut Büyükkökten participou neste sábado (12) do auditório What's Next da Campus Party 2022, feira de tecnologia que acontece em São Paulo até a próxima terça-feira (15).

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Em palestra com pitadas de coach motivacional, intitulada "Vale tudo pela curtida? A culpa é dos feeds", o engenheiro turco falou sobre o que deu errado nas redes sociais na última década.

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Hoje, as plataformas privilegiam a quantidade de engajamento em vez de promover uma experiência de qualidade a seus usuários, disse. Isso se dá através de algoritmos complexos e ferramentas como feeds, likes, compartilhamentos e comentários.

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"A experiência humana é transformada em dados para gerar lucro", afirma. "Um post, não importa o quão danoso ou falso seja, pode chegar ao alto dos feeds, contanto que gere engajamento".


Orkut também baseia seu argumento em estudos que dizem que uso excessivo de redes sociais causa depressão e ansiedade em jovens. Enquanto se aprofundava no assunto, no entanto, a transmissão online do evento travou e só retomou alguns minutos depois.

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A rede de comunidades sem um feed de conteúdo foi criada em 2004 pelo engenheiro e desativada dez anos depois. Ela alcançou grande sucesso no Brasil, até que o Facebook tomou conta da internet por volta de 2011.


"Como os humanos tomam decisões de formas previsíveis, as empresas podem usar isso para manipulá-los", disse. "As redes sociais vieram para ficar. Nelas, é onde estão os algoritmos otimizados. Mas podemos reverter esse impacto negativo."

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Em seguida, usou a expressão "carpe diem" (aproveite o dia, em latim) e fez referência ao filme "Sociedade dos Poetas Mortos", de 1989, para dizer que as pessoas não podem obedecer aos algoritmos das grandes plataformas.


Como ele pretende reverter essa tendência negativa, contudo, continua um mistério. Desde abril, o site orkut.com exibe, em inglês e português, uma mensagem de Büyükkökten. Nela, ele diz que está "construindo algo novo" e ironiza o funcionamento das redes comandadas por Mark Zuckerberg.


O texto passa pela sua história pessoal e cutuca pontos polêmicos do Facebook e do Instagram.
"Nos dedicamos muito para tornar o orkut.com uma comunidade onde você pudesse conhecer pessoas reais que compartilhavam seus mesmos interesses, não apenas pessoas que curtiram e comentaram em suas fotos", afirma, em uma referência ao modelo das redes sociais mais populares hoje.


"Nossas ferramentas online devem nos servir, não nos dividir. Elas devem proteger nossos dados, não vendê-los. Elas devem nos dar esperança, não medo e ansiedade. A melhor rede social é aquela que enriquece sua vida, mas não a manipula", afirma. "E é por isso que estou construindo algo novo. Vejo você em breve!". Contudo, nenhuma novidade foi divulgada desde então.

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