Bate-papo e brincadeira. Tudo de sua casa. Gravação à distância, direção à distância, edição à distância. Uma conferência entre amigos, só que com famosos. Essa é a proposta do programa "Cada Um No Seu Quadrado", que estreia nesta sexta-feira (3) no Globoplay, com Fernando Caruso, 39, e Paulo Vieira, 23.
Os dois comediantes são os anfitriões, e receberão pessoas famosas para falar de suas vidas e brincar. A ideia é que seja uma espécie de mesa de bar com jogos de adivinhação, busca por objetos, entre outros. Tudo vira brincadeira e uma história para contar, desde um telefone tocando até martelada na parede do vizinho.
Segundo Vieira, o programa é "uma resposta às nossas carências, mas também um tratamento contra elas. Estamos todos em casa, carentes, precisando encontrar amigos e precisando ser salvos". Goiano, ele mesmo diz estar vivendo sozinho no Rio de Janeiro, o que o faz mergulhar no trabalho. "Se eu parar me dá saudade."
Leia mais:
Redes sociais são reduto de divulgação de IAs usadas para despir mulheres
Nova busca do ChatGPT, da OpenAI, reproduz trechos de reportagens sem autorização
Agora vai dar para organizar grupos e conversas no WhatsApp em lista
Waze passa a receber alertas por voz via IA do Google
A criadora e roteirista do projeto, Daniela Ocampo, tem a mesma opinião, e chega a apontar a leveza do projeto como um diferencial diante de tantos programas desenvolvidos especialmente para este período de quarentena. "É um projeto com relevância emocional, para você sentir que não está sozinha."
Ao todo, serão oito capítulos, disponibilizados um a cada sexta-feira, com convidados como Fafá de Belém, Mateus Solano, Fabiula Nascimento, Lucio Mauro Filho. Cada um receberá em sua casa um kit para participar da brincadeira, além dos equipamentos para gravação, já que cada um ficará responsável pela sua.
"São placas para escrever, desenhos, palavras para mímicas, coisas assim, além de iluminação e equipamento para a filmagem. Vieira e Caruso, que coordenam todas as brincadeiras, têm um kit de apresentador, com roleta e outras coisinhas para explicar os jogos", detalha Dani Gleiser, que faz a direção remota.
Por causa da pandemia do novo coronavírus tudo ganha um tratamento especial. Mesmo com todos em casa, separados uns dos outros, a
produção afirma que até os kits ficam três dias em quarentena na casa de cada um. A medida exige um planejamento maior, mas todos são compreensíveis, completa Gleiser.A ideia dos jogos, porém, não é promover competição.
Não haverá necessariamente ponto ou prêmio, mas, sim, oportunidades de novas conversas, piadas. Segundo os apresentadores, o ambiente descontraído e o fato de estar cada um em sua casa faz com que os artistas fiquem mais a vontade e falem mais de suas vidas.
O problema fica por conta do roteiro. Apesar de reuniões e preparo da equipe, muito é criado na hora, no desenrolar das conversas e das brincadeiras. Cada episódio começa com um esqueleto de roteiro, e os apresentadores vão seguindo de acordo com os cenários hipotéticos pensados por toda a equipe.
"O fato de os convidados estarem a vontade faz com que a gente fique três vezes mais atento. Temos dinâmicas e teste antes, mas durante o programa a gente vai desenvolvendo", diz Caruso. "É como uma minifesta. A gente começa quebrando o gelo, bate-papo, ganha intimidade, pode ter um mico, e o final", completa Ocampo.
EM CASA OU NO ESTÚDIO
Diferentemente de um programa que se adequou ao momento de pandemia, "Cada Um No Seu Quadrado" foi pensando dentro desse formato, afirma a criadora Daniela Ocampo. Segundo ela, a proposta poderia ser estranha, não palatável em outras circunstâncias, e pode nem ser viável para continuar dentro de um estúdio.
Apesar disso, a equipe responsável aposta na sobrevivência do programa após a pandemia. Segundo Fernando Caruso, o conteúdo não está vinculado ao atual momento e poderia continuar. Ele ressalta, no entanto, que a casa de cada um como cenário é um elemento importante e não deveria ser alterado.
Apesar do formato, Dani Gleiser afirma que o programa "não tem celular na mão balançando ou áudio metalizado". "Estamos usando câmera fixa. Tanto pela estética quanto pelo conteúdo, decidimos pela câmera parada. Não são câmeras profissionais, mas com qualidade suficiente para colocar no ar. Tudo editado."
O principal problema enfrentado pela equipe foi, na verdade, o "timing" de apresentadores e convidados, tanto para evitar atropelos quanto pelos atrasos de imagens. "Você fica 'nossa foi péssima a piada e a pessoa está só escutando ainda'. Aí vem a gargalhada e você fala "era o delay, não era climão", brinca Vieira.
Já como ponto positivo, os apresentadores destacam a disponibilidade dos convidados. "Todo mundo que a gente chamou estava em casa, disponível. Impressionante", ironizou Caruso. "Por estarem em casa, as pessoas topam mais", completa ele, se referindo ao isolamento social.