Militana Salustino do Nascimento é conhecida como a maior romanceira do Brasil, e a principal e última guardiã do romanceiro medieval nordestino. Ela faleceu em 2010 e nesta sexta-feira (19) completaria 96 anos. Herdou do pai, Atanásio Salustino do Nascimento, mestre do Fandango, canções e histórias ibéricas de mais de 700 anos de idade.
Nascida em São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, em 1925, só foi conhecida no Brasil na década de noventa, quando foi descoberta pelo folclorista Deífilo Gurgel. O especialista estava procurando pelo pai dela, que já havia falecido. Assim, ele encontrou Militana, fonte de inúmeras histórias herdadas do pai.
Com parte da história do Brasil e da Península Ibérica guardada na memória, foi possível gravar um disco triplo "Cantares", que fala sobre reis, rainhas e guerreiros medievais, algumas histórias escritas pela própria Militana.
A riqueza cultural não a impediu de viver na pobreza, o que só mudou quando a Câmara municipal local lhe concedeu uma pensão vitalícia, um ano antes de sua morte.
Em 2005, entregue pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ela recebeu a comenda máxima da cultura popular brasileira.
"Dona Militana – A Romanceira dos Oiteiros", é um documentário que conta a vida de Dona Militana e sua importância para a preservação da cultura brasileira. O filme participou de cerca de 20 festivais de cinema e ganhou o prêmio de melhor documentário no FestCine Amazônia 2010.
*Sob supervisão de Larissa Ayumi Sato.