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Alvo da Meta, checagem tem limitações, mas é importante contra fake news, dizem estudos

Ana Gabriela Oliveira Lima - Folhapress
20 jan 2025 às 13:00

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- Divulgação
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A checagem de fatos, no centro da controvérsia sobre as novas política da Meta anunciadas por Mark Zuckerberg, tem limitações, mas é importante contra a desinformação, indicam pesquisas realizadas em diferentes países do mundo.

O tema veio à tona após o empresário comunicar o fim do programa de verificação de fatos com agências parceiras nas plataformas da Meta, que detém Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp. A big tech irá migrar para um modelo em que os próprios usuários deixam notas no conteúdo desinformativo.

Segundo manifestação enviada pela empresa ao governo brasileiro, a medida começará a ser aplicada nos EUA e depois, eventualmente, será ampliada a outros países.

Ela foi adotada em meio ao alinhamento de Zuckeberg ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump, sob o argumento de evitar erros e proteger a liberdade de expressão.

Pesquisas sobre checagem apontam que a eficácia da verificação de fatos (ou seja, a capacidade de convencer o receptor de que uma informação mentirosa é falsa) pode variar de acordo com alguns aspectos. Entre eles, a ideologia do usuário, o grau de radicalização política e o formato do conteúdo.

Um dos artigos acadêmicos com destaque sobre o tema analisou dados de 30 pesquisas.

Feito por pesquisadores das universidades Northwestern e Temple, nos EUA, e de Haifa, em Israel, ele apontou que a checagem de desinformação política pode trazer bons resultados a depender de como e quando acontece.

Segundo o estudo, publicado na revista Political Communication em 2019, o impacto da checagem pode ser influenciado por diversos aspectos. Um deles é a inclusão de elementos gráficos indicando o "grau de verdade" da mensagem. Ao contrário do que se poderia supor, o artigo indica que o recurso parece tornar a correção menos eficaz.

A checagem também pareceu menos eficiente quando os checadores corrigiram partes de um discurso e não a declaração inteira. Já textos com palavras simples tendem a ser mais eficazes.

Um aspecto que também parece ter relevância é a relação entre o que foi dito e o posicionamento político do leitor da notícia. O levantamento apontou que a verificação de fatos compatível com a ideologia do receptor é mais bem recebida do que aquela que desmente o que a pessoa já acredita.

Um estudo publicado em 2023 no Journal of Experimental Psychology também considerou o posicionamento político do usuário. Ele identificou que a desinformação circula mais entre indivíduos de extrema direita quando comparados a pessoas de centro. Além disso, esses receptores tinham maior resistência à checagem de fatos.

A análise foi feita com pessoas conservadoras e de extrema direita dos Estados Unidos e Espanha em três experimentos. Elas completaram uma enquete indicando a probabilidade de compartilharem postagens com e sem a checagem, além de passarem por testes cognitivos e um estudo de neuroimagem.

O trabalho contou com seis pesquisadores de instituições dos dois países, como a Universidade Autônoma de Barcelona e a Universidade de Nova Iorque.

Outro estudo de 2024 feito em 16 países da Europa apontou que a checagem de fatos tende a ser bem-sucedida no combate à desinformação. A pesquisa concluiu também que a identidade do verificador -e a credibilidade que ele tem- importa.

Segundo os autores, o experimento levou em consideração países com realidades políticas e midiáticas diferentes. Embora a checagem tenha gerado resultados positivos em todos os casos, alguns locais foram mais receptivos a ela, como Grécia e Itália, se comparados a Bélgica e França, por exemplo.

A análise foi feita em 2022 a partir de um questionário online respondido por mil pessoas por país. A seleção levou em consideração aspectos populacionais como gênero, idade e educação. O estudo contou com sete pesquisadores de instituições como a Universidade de Amsterdã e a Universidade da Antuérpia, na Bélgica.

De acordo com especialistas ouvidos pela Folha, os estudos sobre a eficácia da checagem mostram resultados mistos de uma medida que serve como paliativo para conter o cenário de desinformação na internet. Ainda assim, eles consideram que a checagem é importante para tentar conter o alto fluxo de notícias falsas, que seria mais adequadamente tratado com a regulação das plataformas.

Thales Lelo, professor de comunicação da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), aponta que a checagem foi um paliativo proposto por essas empresas para tentar evitar a regulação do setor, que impactaria suas receitas.

"A checagem é melhor que nada, mas acordos paliativos não dão conta do problema de maneira massiva", afirma ele, para quem a decisão recente da Meta tende a piorar o ambiente digital.

Fabio Goveia, professor de comunicação da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo) e coordenador do Labic (Laboratório de Internet e Ciência de Dados), afirma que a checagem de fatos tem limitações, mas é importante para lidar com cenários de infodemia já identificados pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

Ao contrário de diminuir o trabalho de checadores, ele sugere que haja cada vez mais transparência sobre como essas agências funcionam.

Afonso de Albuquerque, professor do departamento de Estudos Culturais e Mídia da UFF (Universidade Federal Fluminense) e coordenador do Codes (Centro de Referência para o Ensino do Combate à Desinformação), aponta como limitações a falta de padronização e de tempo para fazer as checagens.

Ele compara a desinformação a um tsunami, e a checagem a uma tentativa pouco efetiva para tentar lidar com cada uma das ondas que chegam à praia. A solução, afirma, passa pela regulamentação das plataformas e pelo estudo da desinformação como um campo do conhecimento, a fim de consolidar a compreensão de todas as variáveis que ajudam a formar a enxurrada de notícias falsas experimentadas rotineiramente.

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