Em dezembro de 2024, durante seis dias, uma parte do Calçadão de Londrina voltou ao ano de 1987, quando o local tornou-se cenário daquele que foi considerado o maior assalto da história no País com repercussão internacional.
As gravações de 'Assalto à Brasileira', longa-metragem dirigido por José Eduardo Belmonte, inspirado na obra homônima do premiado escritor Domingos Pellegrini, são o motivo de Londrina voltar no tempo e fazer os olhos e a memória de tantas pessoas se voltarem para o prédio onde funcionou a agência do banco Banestado, na avenida Paraná.
No último dia de gravações no Calçadão, havia mais de 300 pessoas em ação para compor as cenas em que os reféns são conduzidos pelos bandidos para dentro de um ônibus. Elenco, figurantes, diretores e técnicos concentrados e comprometidos com a produção cinematográfica.
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Nada passa despercebido em uma captação de imagens de uma produção de alto nível. Equipamentos de última geração, olhos e ouvidos atentos, um feeling para perceber que é hora de recompor a personagem com maquiagem ou ainda fazer brotar suor, lágrimas ou sangue.
Um trabalho minucioso, sendo que uma cena de segundos assistida na telona, demanda a habilidade de dezenas de pessoas quando se trata de uma longa-metragem, neste caso no sexto dia de filmagens de ' Assalto à Brasileira', realizadas em Londrina. O clima instável exigiu jogo de cintura de todos e, nas breves pausas da chuva, cada segundo era aproveitado de modo distinto.
Na oportunidade, o elenco contou um pouco da experiência nesta obra tão aguardada e que tem previsão de estreia para o segundo semestre de 2025.
Com roteiro de L. G. Bayão, o filme é uma produção da Galeria Distribuidora, Santa Rita Filmes e Grupo Telefimls, que conta com o apoio da FOLHA que cedeu os arquivos da cobertura do assalto para a pesquisa. A história já serviu também de inspiração ao documentário "Isto (não) é um Assalto", do cineasta londrinense Rodrigo Grota.
Como um dos protagonistas do filme, Murilo Benício disse à FOLHA que o livro de Domingos Pellegrini é uma grande escolha para tomar como referência. "Quando a gente começou a fazer o filme, pensei muito na história das pessoas porque na realidade não estamos contando a história do Paulo Ubiratan (repórter da Folha de Londrina que ele interpreta), mas a história dos ladrões e o grande protagonista é o assalto."
Diante do público que não saia do Calçadão e de toda repercussão das gravações, ele entende que por ter sido há menos de 40 anos, a história está presente para grande parte da população. "Muitas pessoas que a viveram estão aqui".
Para a composição de seu personagem, revela: "Pensei muito e, ao invés de compor, fui pelo outro lado e preferi descompor e ser o mais humano que eu pudesse ser, principalmente em respeito as pessoas que viveram a história real e pelo fato dessas pessoas estarem aqui, eu achei que o melhor caminho era esse da sinceridade, uma coisa mais humana. O Paulo tem essa coisa, que é quase de um herói brasileiro. Existe a coisa heróica e ao mesmo tempo existe um risco, meio inconsequente, mas é assim, porque a realidade é diferente do filme. A realidade é mais doida ainda: ele estava do lado direito, na rua, e quis entrar na agência e participar daquilo. Então, o Paulo é uma figura muito interessante, dessas figuras que parecem ter uma visão do que vai acontecer, um líder", pensa. "Ele tem a visão do desfecho e consegue ir guiando a movimentação para que exista esse final de que temos conhecimento. Por sorte, ninguém morreu e só uma pessoa ficou ferida", pontua.
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