Os serviços de streaming devem suspender imediatamente a exibição do filme "Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola", sob pena de multa diária de R$ 50 mil caso descumpram a decisão. A determinação veio da Secretaria Nacional do Consumidor, em conjunto com o Ministério da Justiça e da Segurança Pública, e foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira.
O longa que tem Fábio Porchat e Danilo Gentili no elenco está no centro de uma cruzada bolsonarista, encampada pelo secretário especial da Cultura, Mario Frias, e pelo deputado André Fernandes, que acusam o filme de pedofilia e apologia do abuso sexual infantil.
Lançado há cinco anos nos cinemas e disponível no catálogo de diversos serviços de streaming há poucas semanas, a comédia tem uma cena em que o personagem de Porchat pede que duas crianças que o masturbem. Os garotos reagem com surpresa, negando o pedido.
Leia mais:
Vai fazer o Enem? Confira 7 opções de filmes para ver no fim de semana antes da prova
Sessão Londrina leva documentário 'Termodielétrico' ao Villa Rica
Selton Mello nega sequência de 'Lisbela e o Prisioneiro' e critica anúncio 'desrespeitoso'
Animação “Proibido a Cães e Italianos” estreia no Ouro Verde
"O que é isso, preconceito nessa idade? Isso é supernormal, vocês têm que abrir a cabeça de vocês", diz o personagem interpretado por Porchat, que em seguida abre a braguilha da calça e puxa a mão de um dos meninos em direção a ela.
A classificação indicativa do longa se enquadra nas determinações do Ministério da Justiça usadas como referência pela indústria audiovisual e publicadas no governo Bolsonaro. De acordo com os manuais, disponíveis no site da pasta, conteúdos em que há a indução ou atração de alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual não são recomendados para menores de 14 anos.
Porchat disse, por meio de sua assessoria, que não vai comentar a decisão.
Nesta segunda, o ministro da Justiça, Anderson Torres, chamou o filme de asqueroso e afirmou que tomaria providências. Sua colega Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, disse que pediu à Secretaria dos Direitos da Criança e do Adolescente que tome as medidas cabíveis em relação ao longa.
Depois da polêmica, o filme entrou na lista dos mais vistos na Netflix, na 4ª posição.
O cineasta conservador Josias Teófilo chamou a decisão do governo de imbecil em seu Twitter, e disse de forma irônica que "o filme é tão bom que em 5 anos todos que assistiram sequer se lembram que o assistiram".