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Discussão de narrativas

Filme poupa Michael Jackson de pedofilia, diz diretor de longa com acusações

Lucas Brêda - Folhapress
14 mar 2024 às 19:08
- Divulgação
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O diretor do documentário "Deixando Neverland", sobre dois homens que dizem que Michael Jackson abusou sexualmente deles muitas vezes na infância, criticou a cinebiografia do cantor, "Michael". Segundo Dan Reed, o filme só mostra o artista interagindo de maneira positiva com crianças.


A declaração, dada em entrevista ao Variety, veio após o diretor dizer que leu uma cópia do roteiro do longa-metragem, com previsão de lançamento nos cinemas no ano que vem. Reed afirmou que John Branca, advogado de Michael Jackson e um dos produtores da cinebiografia, disse aos roteiristas o que escrever.

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"Jackson só é mostrado se importando com crianças com câncer, dançando com uma menina numa carreira de rodas ou botando vários meninos, a maioria seus sobrinhos, para dormir", disse o diretor ao veículo americano. "Parece que os criadores do filme ficaram presos numa sala com John Branca e ele só falou a eles o que deveriam escrever."

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"Michael" vem sendo divulgado como um retrato honesto do rei do pop, mostrando tanto seu talento quanto suas dificuldades na vida pessoal. Ao Variety, o produtor Graham King e o roteirista John Logan afirmaram que vão retratar as alegações de abuso sexual contra crianças, mas ele será mostrado como inocente, já que foi absolvido na Justiça.

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Lançado em 2019 na HBO, "Deixando Neverland" traz novas acusações de pedofilia contra Michael Jackson. Em quatro horas de narrativa, dividida em duas partes, o produto audiovisual traz relatos perturbadoramente ricos -com descrições dos supostos encontros sexuais-, tudo baseado só nos depoimentos de seus acusadores.


Dan Reed aposta na versão das supostas vítimas, Wade Robson, James Safechuck e seus familiares, sem documentos ou outras evidências. Ele também usa imagens de arquivo misturadas com cenas ilustrativas do famoso rancho de Michael Jackson, o Neverland.

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Na época, a família do astro pop chamou as acusações de patéticas e processou a HBO. Os fãs do cantor ficaram indignados, espalharam anúncios sobre ônibus em Londres declarando que Michael Jackson era inocente, subiram hashtags e fizeram campanhas nas redes sociais contra o documentário e os dois homens que acusam o artista.


Reed e os dois homens mostrados no filme disseram que alguns fãs levaram as críticas ainda mais longe, com ameaças de violência. "Só dá para compará-los com fanáticos religiosos, realmente", disse o diretor na época. "Eles são o Estado Islâmico dos fãs."

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Agora, o produtor da cinebiografia, Graham King, afirma que "Michael" não poupa Michael Jackson em nada. Na verdade, ele disse em comunicado, o filme faz um trabalho duro para apresentar um retrato imparcial do artista.


As acusações de Wade Robson e James Safechuck, mostrados em "Deixando Neverland", contra Michael Jackson ainda vão ser julgadas pela Justiça dos Estados Unidos. O rei do pop é acusado de pedofilia desde os anos 1990, mas a situação havia esfriado desde que ele foi inocentado de todas as acusações em 2005.

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Com direção de Antoine Fuqua, de "Emancipation: uma História de Liberdade", "Michael" chega aos cinemas em abril de 2025. O longa, feito em parceria com a família de Michael Jackson, deve abordar a carreira do cantor até a sua morte, em 2009, aos 50 anos.


O roteiro é assinado por John Logan, indicado ao Oscar por "Gladiador", "O Aviador" e "Hugo". Graham King, o produtor, foi um dos responsáveis por transformar a história de Freddie Mercury no filme de sucesso "Bohemian Rhapsody".


"Michael" será protagonizado por Jaafar Jackson, sobrinho do rei do pop, que ganhou o papel pela semelhança física e o jeito de dançar do tio. Ele é filho de Jermaine Jackson, um dos irmãos de Michael Jackson, que também fazia parte do The Jackson 5.


A sinopse oficial diz que "o filme trará ao público um retrato fascinante e honesto do homem brilhante, porém complicado, que se tornou o rei do pop. Ele apresenta seus triunfos e tragédias em uma escala épica e cinematográfica -desde seu lado humano e suas lutas pessoais até seu inegável gênio criativo, exemplificado por suas performances mais icônicas".


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