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Da história para telona

Documentário sobre assalto ao Banestado estreia nesta quarta-feira em Londrina

Mariana Sanches - Estagiária*
16 nov 2018 às 16:43

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- Reprodução/Facebook
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Dez de dezembro de 1987, aniversário de Londrina. Sete homens invadem a agência central do maior banco da cidade e fazem mais de 300 pessoas de reféns ao longo de sete horas. Como resgate, a quadrilha exige 30 milhões de cruzados (cerca de R$ 10 milhões, atualmente). Os funcionários correm para conseguir o valor em várias agências bancárias da cidade. O enredo poderia muito bem ser de um filme de ficção, mas a história ocorreu de fato há 30 anos e foi transformada em um documentário que estreia na próxima quarta-feira (21).

Produzido pela Kinopus Audiovisual, "Isto (não) é um Assalto" tem direção, roteiro e montagem de Rodrigo Grota (Leste Oeste). Com patrocínio do Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura), da Prefeitura de Londrina, o documentário apresenta o mais longo sequestro de um grande número de pessoas na história criminal brasileira. O episódio foi repercutido por todo o País e diversos jornalistas acompanharam o desenrolar da situação. Além dos profissionais da imprensa, cerca de mais de cinco mil pessoas estavam do lado de fora e gritaram a favor dos assaltantes contra o governo Sarney. Após horas de negociação, a quadrilha fugiu com um valor aproximado do exigido, levando 14 reféns. Depois de uma semana de fuga, seis dos sete assaltantes foram presos: apenas "Barba" nunca foi localizado.

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A ideia para a realização do filme surgiu em 2012, dois anos após a morte do jornalista Paulo Ubiratan, como revela o diretor Rodrigo Grota. "Ele foi repórter de polícia da Folha de Londrina nos anos 1980 - no dia do Assalto, entrou na agência e fez a mediação com os assaltantes para a liberação de alguns reféns, incluindo pessoas idosas, crianças. Foi o Paulo que me contou essa história em 1998, há 20 anos, quando eu era estudante de jornalismo na UEL e ele já era uma espécie de lenda do jornalismo londrinense. Ao saber que eu queria fazer cinema, ele me disse: "Guri, um dia você tem que fazer um filme sobre essa história". Inicialmente, a ideia era fazer um filme de ficção. Como teríamos de fazer uma extensa pesquisa, tivemos a ideia de fazer dois filmes sobre o episódio: o primeiro é o documentário "Isto (não) é um Assalto"; o segundo será um longa de ficção".

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A produção começou em 2016, logo após a aprovação do projeto no Promic, da Prefeitura de Londrina. A equipe do longa começou a buscar pelas pessoas envolvidas no episódio e pode também dar continuidade à pesquisa de imagens de arquivo. Para essa etapa foram consultados os acervos da Folha de Londrina, da RPC TV Londrina e da rádio CBN.

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Segundo Grota, a parte mais complicada do processo inicial foi encontrar "Moreno", o líder dos assaltantes, que foi preso uma semana após o assalto, cumpriu pena de 1987 a 2006, e hoje se dedica aos trabalhos em uma igreja. "Levou seis meses para ele confiar em nossa proposta e conceder uma longa entrevista. É importante lembrar que o filme não apresenta o Moreno como herói - queríamos apenas contar essa história com um mosaico bem amplo de pontos de vista".


Entre os entrevistados, Grota destaca o escritor Domingos Pellegrini e o historiador Rogério Ivano, que apresentaram o assalto dentro do contexto histórico da cidade, e os policiais Pedro Marcondes e Wanderci Corral Fernandes, que revelaram momentos vividos durante o episódio e a fuga pela estrada noite adentro. "Há também os arquivos de áudio da CBN Londrina, em que o Paulo Ubiratan relembra o assalto sob o seu ponto de vista muito particular; e há a entrevista com o Moreno, em que ele dá o seu testemunho de maneira mais misteriosa, revelando a estratégia de um assaltante para realizar um crime de proporções tão grandiosas como esse".

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Reprodução/Renata Cabrera
Reprodução/Renata Cabrera


Ao todo, dos 300 envolvidos no Assalto, foram entrevistadas 50 pessoas, entre policiais, assaltantes, profissionais da imprensa, clientes do Banestado, e parte da população de forma geral. "Com o filme pronto e disponível nos cinemas, uma parte da história de Londrina se torna mais acessível aos londrinenses - isto porque para contar a história do Assalto ao Banestado, inserimos imagens de arquivos dos anos 1950, 1960, 1970 e 1980. O músico Rodrigo Guedes criou 13 músicas originais para a trilha sonora do filme, o que imprimiu uma pegada mais pop e deixou a narrativa mais leve, já que temos 100 minutos com informações e relatos variados e havia o risco de cansar o público com muita informação em pouco tempo. Estamos felizes com o filme, e agora daremos continuidade com o desenvolvimento do roteiro para um longa de ficção que já está sendo escrito desde o primeiro semestre desse ano", acrescenta o diretor.


Divulgação
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Reprodução/Renata Cabrera
Reprodução/Renata Cabrera


"Isto (não) é um Assalto" estreia nesta quarta-feira (21), às 20h, no Cinemas Lumière, do Royal Plaza Shopping em Londrina. A produção será o primeiro longa londrinense a entrar em cartaz no circuito comercial local. De 22 a 28 de novembro, o documentário terá quatro sessões no Cinemas Lumière, e duas sessões noturnas no Cinesystem, no Londrina Norte Shopping.


*Sob supervisão do editor on-line, Rafael Fantin


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