Um documentário inédito promete contar a história da colonização do Norte e Noroeste do Paraná e da Companhia de Terras Norte do Paraná, que viabilizou a fundação de cidades como Londrina e Maringá. Viabilizado pela Lei Rouanet, “Epopeia em Terras Roxas: O centenário da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná” apresentará aspectos ainda pouco estudados, sobretudo, na fase britânica inicial da empresa.
Será trazida à tona a trajetória de seus fundadores, que haviam experimentado outras iniciativas pelo mundo antes de chegar ao interior do Brasil, bem como suas relações internacionais e políticas, até a venda dos negócios para um grupo de investidores paulistas, os quais deram sequência e aprimoraram o projeto ao longo das décadas.
Atualmente na fase de pré-produção, o documentário é idealizado pelo Cidades Históricas, juntamente do Londrina Histórica e do Maringá Histórica, e conta com a direção de Miguel Fernando e produção da Cosmos Filmes. De acordo com o diretor, a produção prevê gravações não só no Paraná e São Paulo, mas também na Inglaterra e na Escócia, onde Simon Joseph Fraser, o conhecido Lord Lovat, utilizou-se de sua aristocracia e de seu prestígio para organizar um potente grupo de investidores.
“A Companhia foi a grande responsável por idealizar o grande projeto imobiliário do Norte e do Noroeste do Estado. Apenas na fase britânica da empresa, que vai de 1925 a 1944, foram mais de dez cidades fundadas, entre elas Londrina. A partir de 1944, a empresa é adquirida por empresários paulistas, que expandem seu ramo de atuação”, explica Miguel Fernando, que também assinará o roteiro.
O início de tudo
Durante pouco mais de 70 anos desde a emancipação política do
Paraná, ocorrida em 1853, o desenvolvimento urbano e econômico do Estado
ficou restrito às regiões sul, oeste e centro-oeste, onde o clima
favorecia o cultivo da erva-mate, principal cultura na balança econômica
até aquele momento. Na região Norte, o caminho rumo ao progresso passou
a ser traçado já na segunda década do século XX.
Graças a
articulação e ao engajamento de investidores britânicos que migraram
para cá, em 1925 foi fundada a Companhia de Terras Norte do Paraná, que
executou ampla estratégia que envolvia o desenvolvimento urbano e rural
na região, dando início a colonização – termo utilizado à época para
empreendimentos imobiliários, e propiciando o surgimento de mais de 60
cidades, entre elas importantes metrópoles, como Londrina, Maringá,
Cianorte e Umuarama, as quais se tornaram polo no eixo de sua
propriedade que somou mais de 500 mil alqueires paulistas. Ou seja, por
volta de 6% do território paranaense foi propriedade da Companhia de
Terras.
Também na fase inicial, o grupo ainda era proprietário da
Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná, que visava expandir os trilhos
até Guaíra. Mas, próximo ao final da II Guerra Mundial, houve
intervenções internacionais e nacionais que resultaram na nacionalização
dessa empresa.
Em 1951, os investidores brasileiros optam pela
mudança de sua razão para Companhia Melhoramentos Norte do Paraná
(CMNP), já que haviam ampliado o ramo de atuação. Em plena atividade,
além do ramo imobiliário, a CMNP tem se dedicado ao mercado
sucroenergético.
Leia mais:
Sessão Londrina leva documentário 'Termodielétrico' ao Villa Rica
Selton Mello nega sequência de 'Lisbela e o Prisioneiro' e critica anúncio 'desrespeitoso'
Animação “Proibido a Cães e Italianos” estreia no Ouro Verde
Anne Hathaway confirma 'O Diário da Princesa 3'
Figuras importantes desta história
Um dos
aspectos principais que o documentário irá abordar está relacionado com a
apresentação, ao público, de figuras importantes não só à Companhia,
mas também para a história do Paraná.
“Nossas gravações fora do
Brasil serão justamente para dar ao público esta dimensão. Um dos
fundadores da Companhia, por exemplo, é Simon Joseph Fraser, um
aristocrata escocês com título de lorde que chegou ao Brasil em 1924
para conhecer as terras profícuas de nossa região. Também abordaremos o
papel de seus executivos, como Arthur Thomas, igualmente escocês que
comandou o processo organizacional da empresa, bem como Antonio Moraes
Barros, advogado que assumiu como primeiro presidente do grupo. Barros
era neto de Prudente de Moraes, que ocupou a presidência do Brasil no
final do século XIX. Outro importante personagem nessa história é Gastão
de Mesquita de Filho, que, incialmente, foi responsável pelo projeto
ferroviário do grupo e, mais tarde, lideraria os brasileiros na
aquisição da empresa. Tratam-se de personagens cujo os nomes estão
presentes no imaginário dos paranaenses e da do país. . Não há dúvidas:
este será o mais importante material histórico até agora produzido na
região”, disse Miguel Fernando.
O documentário tem previsão de
lançamento no final de 2024. Primeiramente, o filme circulará as
principais cidades do Norte e Noroeste do Paraná. Depois, será
disponibilizado gratuitamente em plataformas digitais para o público em
geral.
Ficha técnica
Lei Nacional de Incentivo à Cultura (Rouanet)
Patrocínio: Sicoob, Planti Center, Fortgreen, Virginia Distribuidora de Bebidas e Cocamar
Fomento à Cultura: Instituto Cultural Ingá
Realização:
Cidades Históricas (Maringá Histórica e Londrina Histórica), Ministério
da Cultura, Governo Federal – Brasil, união e reconstrução.