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Cobrança

Segundo perícia, assinatura de Chorão em contrato com empresa é falsa

Folhapress
28 fev 2020 às 11:58

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- Reprodução/Instagram
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Perícia feita por determinação judicial concluiu que a assinatura de Chorão, líder do Charlie Brown Jr., foi falsificada em um contrato que previa a realização de shows da banda no sul do país.

O contrato, de 23 de outubro de 2012, foi examinado por conta de um processo no qual a empresa Promocom Eventos e Publicidade cobra da família de Chorão uma indenização por nove shows que o músico, ao morrer em março de 2013, não pôde fazer.

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De acordo com empresa, Chorão, "faleceu sem atender à totalidade das obrigações assumidas". Outros três shows teriam sido feitos pelo grupo fundado em 1992, que, ao longo da carreira lançou nove discos de estúdio, dois álbuns ao vivo e duas coletâneas.

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Na ação, a empresa, sediada no Paraná, exige que o fotógrafo Alexandre Ferreira Lima Abrão, filho de Chorão, pague R$ 225 mil de indenização. Cobra também uma multa de R$ 100 mil por descumprimento contratual, bem como a restituição de outros R$ 225 mil que teriam sido pagos em adiantamento (todo os valores são nominais, sem a correção da inflação).

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De acordo com o perito Nelson Aparecido Ribeiro, da polícia científica de São Paulo, no entanto, "as assinaturas [do contrato] não emanaram do punho de Alexandre Magno Abrão [o Chorão]".


A perícia foi realizada a pedido da família, que colocou em dúvida a autenticidade do documento que previa exclusividade para a empresa na realização ou vendas de shows da banda ao longo de 2013 no Paraná e nas cidades de Florianópolis, Joinville e Balneário Camboriú (SC).

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No exame pericial, a assinatura atribuída a Chorão foi confrontada com a que consta no passaporte do cantor, emitido em abril de 2012. "Temos uma falsificação do tipo mais perigoso", disse o perito em seu laudo. "O falsário se apossa de um modelo autêntico e depois de cuidadoso treino o reproduz."


A Promocom Eventos e Publicidade pediu à Justiça a invalidação do laudo. "É um trabalho absolutamente genérico e abstrato, que não explica tecnicamente suas conclusão", afirma o advogado Rodrigo Ramina de Lucca, que representa a empresa.

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O músico tinha 42 anos quando foi encontrado em seu apartamento, em Pinheiros, na cidade de São Paulo. Segundo o IML (Instituto Médico Legal), morreu em decorrência de uma overdose -4,714 microgramas de cocaína por mililitro de sangue foram achados no seu corpo.


Na contestação, a empresa argumenta que o músico era dependente químico e que consumia, diariamente, elevadas quantidades de álcool e entorpecentes. "Dependendo do grau de alteração no momento da assinatura, a grafia também seria alterada, podendo gerar dúvida sobre a sua autenticidade", diz a Promocom no processo.

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A empresa pede que a assinatura seja comparada com a de outros dez contratos, e não apenas com a do passaporte, "quando Chorão muito provavelmente estava sóbrio e dedicou a concentração necessária".


Os seus advogados anexaram no processo uma manifestação de um outra perita, contratada como assistente, que diz ter observado inconsistências técnicas no laudo pericial.

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Na avaliação da perita Jackeline Rachel Franciosi, outros padrões de comparação, como documentos antigos e diferentes contratos, deveriam ter sido utilizados para corroborar a análise "com a variação natural das firmas".


A Promocom afirma também que o contrato foi enviado pela empresária da banda, Samantha Pereira de Jesus. Há no processo, inclusive, uma declaração dela afirmando que intermediou a negociação com Chorão e que os adiantamentos ao vocalista foram realizados, sim.

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A empresa anexou comprovantes de transferências e extrato bancário de uma das contas de Chorão a fim de provar que os pagamentos ao músico foram feitos.


A família nega que tal adiantamento tenha sido realizado. "Não existe prova de que a empresa tenha transferido o dinheiro reclamado para a conta do falecido Chorão", afirmou à Justiça.

Em entrevista publicada pela Folha em dezembro, ou seja, antes do laudo pericial, Reginaldo Ferreira Lima, advogado e avô materno de Alexandre Ferreira Lima Abrão, contestou também o pedido de indenização por quebra de contrato. "É uma loucura", declarou. "Naturalmente, Chorão não tinha como fazer os shows, ele morreu..."


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