Anitta, 26, disse, nesta terça-feira (18), que um homem jamais pode achar que por causa de uma roupa, de uma fantasia ou de um jeito de dançar "a mulher está pedindo para ser assediada".
A cantora deu a declaração à reportagem após um motorista de aplicativo que fez insinuação sexual a uma passageira menor de idade justificar a abordagem porque a garota usava "um short do tipo Anitta, uma miniblusa".
Por meio de suas redes sociais, a cantora compartilhou o vídeo em que André Lopes Machado, 43, faz a afirmação para a imprensa, e rebateu: "Nada justifica um assédio. A forma de se vestir, sentar, falar etc não significa qualquer autorização ou pedido ou convite a ser assediada e/ou invadida, abusada, estuprada etc."
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"Quanto à menina estar usando um short 'tipo Anitta', para mim significa que ela é independente, não tem medo de ser quem ela quer e, acima de tudo, bem inteligente para denunciar e expor um assediador para que outras meninas não passem pelo mesmo que ela", escreveu Anitta no Twitter.
À reportagem, a cantora afirmou que resolveu se manifestar porque o Carnaval está chegando e as mulheres costumam se fantasiar, mas isso não dá liberdade para qualquer "tipo de assédio, puxada de cabelo, puxada de braço ou passar a mão sem autorização", disse ela.
"Ok, a gente pode gostar de pegação, mas existem os limites, o respeito até para você flertar, paquerar. Uma coisa é paquerar com respeito, outra é assediar", afirmou Anitta.
Entenda o caso
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga André Lopes Machado pelo caso ocorrido no último domingo (16) em Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre.
Durante a tarde, a garota chamou um carro pelo aplicativo Uber para levá-la de sua casa até uma amiga. O homem passou a fazer insinuações sexuais. Ela, então, gravou a abordagem do motorista e divulgou nas suas redes sociais. A empresa baniu a conta do motorista após o caso.
"Não acreditei que aquilo estava acontecendo. Ele começou com elogios. 'Posso fazer uma confissão? Você é a passageira mais linda que já peguei', ele falou. Depois perguntou se eu tinha namorado ou era solteira. Eu disse que tinha namorado para já cortar o assunto. Ele disse que me namoraria. Mas falei que ele tinha idade para ser meu pai", contou a menina ao jornal Folha de S.Paulo.
"Não sou teu pai, não", é possível ouvi-lo dizer na gravação. "Eu faria coisas que teu pai não faria. Pode ter certeza", acrescentou.
À Folha de S.Paulo, Machado disse que foi vítima da jovem. "Ela entrou preparada para a conversa, sorriu todo o tempo. Se fosse assediada, não estaria esparramada no banco dando risadinha. Isso prova a intenção dela", afirmou.
O homem disse ainda que o vídeo foi editado. "Minha ideia é que ela chamou o Uber para dar um golpe."
A garota afirmou que estava rindo de nervoso e que se sentiu assediada por ele. "Olha as coisas que me disse, inclusive muito nojentas. Ele ofereceu um serviço, o mínimo é respeitar."
Apesar de ter se sentido assediada, o homem pode ser indiciado por perturbação da tranquilidade e não por assédio sexual, segundo a delegada do caso, Marina Dillenburg, da Delegacia da Mulher de Viamão.
"O assédio sexual, como previsto no código, precisa hierarquia entre autor e vítima, como patrão e funcionária, professor e aluna. [Neste caso] não se vê. É uma relação de consumo, a passageira usando um aplicativo. É um tipo de assédio, obviamente, mas não o previsto no Código", disse Dillenburg. A própria delegada procurou a família da garota após a repercussão nas redes sociais, orientando para que registrassem a ocorrência.
Questionado sobre o ter justificado a abordagem porque a garota usava um "short do tipo Anitta, uma miniblusa", Machado respondeu que "virou um monstro nacional" e que seu "erro foi ter elogiado a beleza da moça".
A Uber disse que "considera inaceitável e repudia qualquer ato de violência contra mulheres. A empresa acredita na importância de combater, coibir e denunciar casos dessa natureza às autoridades competentes. A conta do motorista parceiro foi banida assim que a denúncia foi feita".