"A próxima vez que você falar comigo já serei um idoso." É assim que o cantor Dinho Ouro Preto encerra o papo de mais de 50 minutos que teve com a Folha de S.Paulo, dias antes de completar 60 anos. Apesar da marca, muita gente nem acredita que o líder do Capital Inicial, cuja disposição e jovialidade são marcas registradas, já tem essa idade. Fator genético? Talvez, mas muito também vem das mudanças de hábitos.
"Me sinto bem mais inteiro aos 60 do que aos 40. Abandonei vícios, álcool, drogas, deixei tudo para trás. Não fumo há 17 anos. Comecei a moderar minha alimentação, procurei nutricionista. Ano passado, fiz duas meias-maratonas. Sei que é clichê, mas corpo são, mente sã", avalia o artista.
Questões de saúde sempre fizeram parte da vida de Dinho, que não à toa ficou conhecido como "Highlander" da música depois que superou doenças como Covid, dengue e gripe aviária. Não bastasse tudo isso, ele também caiu de um palco durante um show em Patos de Minas (MG), em 2009, ocasião em que ficou internado após um traumatismo craniano.
Essa é só uma dentre as diversas curiosidades que o próprio artista gosta de compartilhar (veja mais na galeria acima). "Tenho uma sequela bizarra dessa queda. Meu olfato nunca voltou a ser como antes. Não que eu não sinta cheiro, mas tem que estar perto do nariz", comenta.
Prestes a completar seis décadas de vida –e pronto para muito mais-, Dinho continua cheio de planos. Ele projeta uma turnê em comemoração dos 25 anos do Acústico MTV, que foi gravado em 2000. Também quer lançar um disco de inéditas com músicas que já compôs e selecionou. Algumas dessas inspirações, ele conta, apareceram durante suas corridas matinais.
"Quando olho para o futuro, não me imagino fazendo outra coisa. Ser músico foi algo que aprendi fazendo. Enquanto no passado, pela inexperiência, eu misturava prazer com frustração por não ter o domínio do que eu fazia, hoje sinto que tenho mais controle. Quem dera eu possa envelhecer cantando bem como Caetano e Ney Matogrosso", almeja.
O artista confessa que, aos 19 anos, quando o Capital dava os primeiros passos, ele não imaginava que aquela brincadeira de jovens duraria tanto. É por isso que agora, ao escutar as canções dos primeiros discos, precisa baixar um tom e meio para adequar os clássicos à voz mais madura.
"Do passado, ouço coisas e vejo que eu deveria ter sido mais cauteloso, feito uma revisão maior da sonoridade. Detalhes, arranjos, tons...", avalia. "Havia um furor da adolescência ali que por si só já é um prêmio, mas atribuo muito à minha inexperiência de não saber qual era a região correta para cantar, os maneirismos, os exageros que deveria fazer e quando era melhor ter ficado quieto. Ao longo dos anos, fui criando minha própria linguagem e, gostem ou não, hoje o Capital é singular e diferente de tudo."