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Sem fonte de renda

Criadores de conteúdo adulto sofrem com bloqueio do X no Brasil

Pedro Afonso - Folhapress
06 set 2024 às 16:38

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- Reprodução
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"Meus conteúdos que viralizam e tem um maior alcance eram no Twitter. Quando eu fiquei sabendo do bloqueio eu não acreditei", diz a criadora de conteúdo adulto Martina Oliveira, 22, após o bloqueio do X no Brasil.

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A plataforma, que permite formalmente a pornografia desde junho deste ano, era o principal meio de divulgação para criadores de OnlyFans e Privacy, sites de venda de conteúdo adulto.

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Com formatos parecidos, BlueSky e Threads não são alternativas para os criadores. Ferramenta do conglomerado Meta, o Threads não permite nudez. Martina diz ter entrado no BlueSky, mas não vê a plataforma como substituta para o X. "Não dá para publicar vídeo, as funções não são as mesmas, é bem lento e o público ainda não está na rede", diz.


Em seu perfil oficial na própria rede, a BlueSky afirma que 2,6 milhões de usuários se registraram na plataforma na última semana, sendo 85% deles brasileiros.

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Atualmente, a criação de conteúdo adulto é a única fonte de renda de Martina, realidade compartilhada com Olímpio Segalla, 22, que através do OnlyFans afirma sustentar sua família. "Passamos por vários períodos de insegurança alimentar e pobreza", conta. Em 2022, ao perceber que iria passar por mais um momento de instabilidade financeira em 2022, o criador começou a publicar vídeos no OnlyFans.


"Eu não estava disposto a passar por aquilo de novo, sabia todas as dificuldades que estavam incluídas naquilo", afirma.

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Residente de Porto Alegre, Olímpio relata que precisou deixar sua casa neste ano em razão das fortes chuvas no Sul. Graças ao seu trabalho continuou recebendo dinheiro mesmo durante a tragédia.


Assim como o gaúcho, Gabriel Coimbra, 30, diz que com a venda de seus conteúdos sustenta sua mãe de 57 anos, desempregada. O criador conta que teve seu perfil suspenso por quatro meses devido uma falsa denúncia. Divulgou seu trabalho em outras plataformas, mas os ganhos foram abaixo da média -apenas o suficiente para pagar as contas, relata.

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Com o bloqueio do X, Gabriel diz ser incerto se sua renda se manterá estável. A divulgação na rede social era responsável por 80% das assinaturas dos seus conteúdos. "Apesar de não serem ganhos fixos, é como se de repente cortassem 80% do seu salário", afirma o criador. Antes do bloqueio, tinha aproximadamente 1,2 milhões de seguidores no X, e no BlueSky são 27 mil.


Gabriel também afirma temer a perda de sua visibilidade internacional. "Tem muitos criadores que vêm para o Brasil para colaborar, e geralmente eles nos encontram através do X", diz.

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Outra criadora que teme a perda do contato com o público de outros países é Frantiesca Nitek, 22, que já notou queda no número de assinaturas em seu OnlyFans. Seu público é majoritariamente do exterior e, com o bloqueio do X, ficou sem seu maior meio de divulgação.


Apesar de atuar também como modelo, seus trabalhos são majoritariamente atrelados à pornografia. "Tem muito estigma na moda em relação aos conteúdos. Tenho muito medo porque a gente fica meio sem ter o que fazer. Temos que criar novos meios de divulgação."


Frantiesca afirma que, mesmo que tímida e em período inicial, há uma comunidade se formando no BlueSky. "Toda a comunidade que a gente já tinha simplesmente não tem mais, então, é realmente começar do zero", diz.


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