Após a divulgação dos vídeos em que o DJ Ivis, 30, aparece atacando sua ex-mulher, a arquiteta Pamella Holanda, 27, cantores e gravadoras anunciaram o fim de parcerias com o músico e se manifestaram sobre o caso.
A Sony Music se manifestou nas redes sociais nesta terça-feira (13). A então gravadora do DJ afirmou que "leva as acusações contra o DJ Ivis muito a sério e não tolera esse tipo de comportamento" e está "revisando a relação com o artista".
A Som Livre respondia pelas parcerias do músico e em nota afirmou que repudia atos de violência e que "suspendeu todos os lançamentos das faixas que tinham participação do DJ Ivis", além disso, também passou a bloquear as músicas já lançadas de todas as plataformas de áudio e vídeo.
A gravadora ainda informa que, em conjunto com o cantor Zé Felipe, 23, optou por não regravar uma nova versão da faixa "Galega" (2021), já que o DJ é o autor da faixa. A Som Livre diz que "pretende seguir trabalhando em novos lançamentos" com o sertanejo.
O cantor Latino, 48, confirmou que irá cancelar o lançamento de um videoclipe que contava com a presença de DJ Ivis, através do Instagram. O vídeo deveria ser divulgado em 6 de agosto e o cantor afirmou que a medida é em "repúdio a todas as agressões e atos do DJ Ivis contra sua esposa."
"Resolvi fazer esse vídeo em completo repúdio a todas as agressões e atos do DJ Ivis contra sua esposa Pamella Holanda. Para quem não sabe, o Dj Ivis seria o meu convidado na minha próxima música de trabalho!", escreveu na legenda da publicação.
"Já tínhamos todo o planejamento de lançamento determinado, já tínhamos gravado o clipe inclusive com a presença dele", diz um trecho da legenda do vídeo", continua. O artista diz que está à disposição de Pamella e de sua filha, e que irá absorver "todo o prejuízo de ter gravado essa música e clipe com a presença dele."
"O prejuízo foi grande, mas infinitamente menor do que o dessa moça tão nova e com uma neném tão linda! Vamos refazer todo o trabalho, clipe e tudo mais com alguém que de fato mereça o nosso respeito! Violência contra a mulher não! Violência contra a mulher nunca! Estamos com você Pamella", concluiu.
A ex-BBB e cantora Flay, 26, também anunciou que cancelou sua próxima parceria que seria com o DJ. Nesta segunda-feira (12), ela foi aos Stories de seu Instagram para comunicar sobre a decisão. "Antes perder qualquer investimento, qualquer feat, qualquer trabalho do que isso vir à tona depois que eu tivesse lançado um trabalho", disse.
"A música já estava gravada, o investimento já estava feito, tudo planejado. O clipe seria gravado daqui a duas semanas... E ontem fui surpresa, como todos vocês, com essa vida dupla e fiquei aterrorizada, com repulsa, com dor como mulher, com cada cena, com cada golpe, com cada chute... Isso é resposta do que a gente pede nas orações... Livramento", continuou.
A artista revelou que viu sua mãe sofrer agressões enquanto era criança e que também já sofreu agressões verbais. " Ficaria muito triste, extremamente arrependida, mal, dolorida por vincular a minha arte, o meu trabalho, que mais amo, o que dedico amor a vida inteira, com um homem capaz de levantar a mão para uma mulher."
"Tentar justificar a colocando como descontrolada, como louca, isso acontece sempre, né?", refletiu. Por fim, ela afirmou que repudia a violência e que se coloca no lugar de Pamella. "Peguei nojo de qualquer homem que levantasse a voz para mim. Passei por isso."
Além disso, emissoras de rádio do Ceará anunciaram a retirada de músicas do cantor de sua programação e o canal Multishow também não irá mais exibir nenhum clipe que tenha a presença do músico. Rádios do Grupo Cidade de Comunicação, como Rádio Cidade, Jovem Pan e a 89,9 FM publicaram uma nota de repúdio anunciando a medida.
"Informamos que, devido aos atos de violência cometidos pelo cantor e compositor DJ Ivis contra a ex-companheira Pamella Holanda, nós, do Grupo Cidade de Comunicação, retiramos os hits do artista da programação musical de nossas rádios."
A FM 93, afiliada do Grupo Globo no Ceará, também publicou uma nota afirmando que não apoia nenhum tipo de violência contra mulher e que "em virtude da agressão cometida pelo DJ Ivis contra a esposa Pamella Holanda, nós não iremos mais reproduzir nenhuma música dele em nossa programação."
Já o Multishow afirmou que "repudia toda e qualquer forma de violência" e acrescentou que "todos os clipes com participação do DJ Ivis foram suspensos da programação do canal". E em nota, a Deezer afirmou que removeu todo destaque editorial do artista, tanto em capas como em posições de playlists.
Entenda o caso
Os vídeos que mostram as agressões foram divulgados pela arquiteta e influenciadora digital Pamella Holanda, ex-mulher do DJ. Ele admitiu as agressões, mas afirmou que os vídeos não estão completos e que reagiu a ameaças. A Polícia Civil do Ceará, onde a violência teria ocorrido, investiga o caso.
Na sequência de vídeos, gravados por câmeras instaladas na casa da influenciadora, Pamella leva tapas na cabeça no momento em que tenta pegar a filha do casal no carrinho da bebê; é empurrada e chutada no quarto da criança e é agredida na sala com tapas, socos e pontapés, chegando a cair no chão.
Em duas das cenas, há testemunhas. Uma mulher e um homem não identificados aparecem próximos ao ex-casal. Pamella divulgou também fotos que mostram ferimentos no corpo e na boca.
DJ Ivis postou vídeos afirmando que há acontecimentos que não aparecem nas imagens reveladas pela ex-mulher. "Eu sempre apanhei com a minha filha no braço, alguém tem noção do que é isso?", ele pergunta em um vídeo em que a arquiteta aparece tentando dar tapas nele, com a filha no colo.
"Sempre tentei fazer de tudo para que isso não chegasse ao extremo. E, como eu disse, tenho como provar tudo, nada vai justificar a reação que eu tive, mas não aguentava mais ameaças", afirmou.
De acordo com a versão do artista, a ex-mulher o impedia de sair de casa e fazia ameaças contra a própria vida e dizia que sumiria com a filha por não admitir o fim do relacionamento. Ele chegou a registrar um boletim sobre o caso.
"Saí de casa e tenho assumido todas as despesas da filha. Foi feita a denúncia, mas ainda não fui ouvido. Tudo será devidamente provado e esclarecido com o tempo", ele disse. A produtora Vybbe informou que vai acompanhar os desdobramentos do caso.
"A Vybbe reitera seus valores de respeito às mulheres, presta solidariedade a todas as que sofrem violência e orienta que denunciem todo e qualquer episódio vivido ou presenciado pelo número 180", diz a nota.
Apoio e demissão
Pamella recebeu apoio de várias artistas após divulgar as cenas de agressão. "Por nenhuma mulher a mais silenciada, a violência não deve nem pode nos calar. Não existe justificativa. Todo o meu apoio a Pamella e repúdio às cenas e atos de horror do Dj Ivis. Violência contra mulher é crime", disse Juliette, campeã do BBB 21.
"Não justifique o injustificável", afirmou a atriz Giovanna Lancellotti, em um recado para o DJ. "Não existem justificativas ou argumentos que diminuam as provas e a existência do crime cometido. É inaceitável, intragável e brutal", opinou a cantora Marília Mendonça.
DJ Ivis já foi tecladista e produtor da banda Aviões do Forró e depois participou da reconstrução da carreira do líder do grupo, Xand Avião. Xand, sócio da empresa Vybbe, também se manifestou e disse que não admite nenhum tipo de violência. "Não tem explicação", afirmou. Segundo ele, a Vybbe vai ajudar Pamella e a filha no que for preciso. Ele afirmou que não há como seguir trabalhando com DJ Ivis. Xand demitiu Ivis da empresa.
A cantora Solange Almeida, ex-Aviões do Forró, divulgou um vídeo orientando as mulheres que sofrem violência a procurarem ajuda. "Amor com violência é doença", disse. "Tenha consciência do ciclo da violência: primeiro vem a tensão, depois a agressão, depois a desculpa, em quarto a calmaria e em quinto a nova agressão. Em outras palavras, ele não vai mudar".
A cantora contou que já sofreu violência doméstica e denunciou. "Não é fácil denunciar, mas é preciso. Briga de marido e mulher se mete a colher, sim", completou. Para a apresentadora Eliana, posicionamentos como o de Xand são importantes nos casos de violência doméstica. "Que a justiça seja feita", pediu.
Lideranças políticas falaram sobre o caso e pediram providências contra a violência a que são submetidas as mulheres. A vereadora Mônica Benício (PSOL-RJ), por exemplo, reforçou que é importante denunciar e combater a lógica machista e cruel. "Pamella, você não está sozinha", afirmou.
"As imagens, que não recomendo que ninguém veja, são chocantes e não deixam dúvidas da violência praticada", escreveu a vereadora Erika Hilton (PSOL-SP).
Segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, o governo federal recebeu 105.671 denúncias de violência contra a mulher em 2020. Desse total, 75.753 denúncias diziam respeito à violência doméstica e familiar. Entre as principais estavam ameaça ou coação, constrangimento, agressão e tortura psíquica.