Cenas da Londrina de 1933 a 1943 podem ser apreciadas no Museu Histórico na exposição do acervo de José Juliani, o "lambe-lambe" do Bosque, fotógrafo contrato pela Companhia de Terras do Norte do Paraná para eternizar imagens da cidade durante dez anos.
A professora Angelita Marques Visalli, diretora do Museu, que é um órgão suplementar da UEL, comenta que a mostra reúne "imagens muito caras à população de Londrina e região frente ao seu indiscutível valor histórico.
Registros da mudança da paisagem local, do avanço das construções, das transformações do espaço, refletindo claramente a idéia de progresso econômico, de desenvolvimento podem ser conferidas".
Juliani apresentou "visualmente o ideário do empreendimento colonizador. Imagens posadas, registros intencionais que compunham o processo de transformação dessa região", completa a diretora.
A exposição é uma viagem ao passado a ser percorrida a partir do prédio histórico, que é a sede do Museu, antigas instalações da estação ferroviária de Londrina, no coração da cidade.
"Como fotógrafo de estúdio, José Juliani perseguiu a composição mais perfeita para enquadrar a infância, a família, a beleza da moça. Como fotógrafo contratado, apresentou a imagem positiva da cidade em crescimento, de um progresso sem contra-argumentação. Como fotógrafo de rua, congelou as feições dos transeuntes que assim o desejavam".
Autor das 59 imagens londrinenses de outrora, em exposição no Museu, o fotógrafo José Juliani, se estabeleceu em Londrina em 1933, com sua esposa e cinco filhos. Aqui montou seu primeiro estúdio. As dificuldades para se manter como fotógrafo foram resolvidas com sua contratação pela Companhia de Terras Norte do Paraná, para registrar o empreendimento colonizador. O estúdio, no entanto, foi mantido e, por volta de 1965, instalou uma máquina instantânea, comumente chamada de "lambe-lambe" na Praça Marechal Floriano Peixoto, ao lado da Catedral. Ele mesmo fabricou o equipamento, assim, como muitos outros que se espalharam por outras praças das cidades da região. Luiz, seu filho, seguiu os mesmos passos do pai: trabalhou por muitos anos na esquina do Bosque, em frente a atual Biblioteca Pública de Londrina.
Intitulada "Expressão visual de um autodidata: José Juliani, o colono-fotógrafo", a mostra permanecerá aberta até abril, no Museu Histórico de Londrina, que fica na rua Benjamim Constant, 900. O horário de visitação é das 9 às 11h30 e das 14h30 às 17h30, de segunda a sexta-feira e das 9 às 11h30 e das 13h30 às 17 horas, aos sábados e domingos.