Os servidores da COU (Clínica Odontológica da UEL) realizaram uma manifestação na manhã de quinta-feira (17), em frente à clínica do campus. Eles protestaram contra a falta de servidores no atendimento à população. Segundo a técnica em saúde bucal e representante dos técnicos-administrativos, Liriam Adriana Pereira da Silva, a COU já teve em seu quadro geral 104 servidores e hoje são 42 para desenvolver as atividades nas clínicas do campus e do centro, mas nesta semana houve dias que apenas 28 pessoas estavam no local, porque muitos estão em licença médica.
Servidores e universitários que atuam no centro odontológico também decidiram denunciar ao Ministério Público a situação precária do serviço, que atende gratuitamente a comunidade londrinense, a fim de que o órgão exija a reposição de recursos humanos para manter o atendimento.
“Nós temos, em média, 500 pacientes. Quando tínhamos 104 servidores o atendimento era pelo menos o dobro disso”, destacou. “O usuário vem ao pronto socorro na hora do almoço e vê os guichês fechados e não tem ninguém para atender. A população não entende e fazem vários xingamentos contra a gente", disse Silva.
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“Pela falta de servidores, o pronto-socorro odontológico deixou de funcionar 24 horas. Chegou a um ponto que a nossa diretora da clínica odontológica já não tinha mais o que fazer. Nos reunimos com o sindicato dos professores, com o centro acadêmico desses residentes e achamos que este ato é uma tentativa de mudar isso”, declarou.
Ela ressaltou que o ato gerou um contato com o Ministério Público. “A promotora Susana (Lacerda, promotora de saúde) já entrou em contato com a reitoria e com o Governo do Estado para abrir as conversas. O Governo do Estado afirmou que estuda uma possível contratação, mas isso é o que a gente já vem ouvindo há anos.”
O presidente da Assuel, Marcelo Seabra, lembra que a falta de servidores é um problema crônico em toda a universidade, mas com a aprovação da Lei Geral das Universidades (LGU)a situação tende a piorar. Segundo ele, há anos, o Governo não repõe o quadro de trabalhadores da UEL, e agora com a LGU já disseram que não vão contratar porque a UEL tem servidores de sobra.
Apoio e dificuldade dos alunos
A manifestação em frente ao COU teve forte adesão de alunos. Presidente do Centro Acadêmico do curso de Odontologia da UEL, Júlia Mendonça Soares ressaltou a importância dos técnicos do COU tanto para o aprendizado dos universitários quanto para a prestação dos serviços. “Nós não seríamos nada sem a ajuda deles, sem a organização dos paciente, sem a manutenção das nossas cadeiras, de aparelhos de raio-X. Aluno não existe sem o servidor, assim como o não existiria o COU, em si, o HU (Hospital Universitário) e o HV”, diz.
Em um discurso emocionado, ela também trouxe à tona as dificuldades que os alunos de odontologia passam, por não receberem EPI (Equipamento de Proteção Individual) gratuitamente, além dos custos com materiais, instrumentais e trajes. A última lista de compras de material necessário custou, segundo ela, R$ 7 mil, por serem itens já caros e que aumentaram ainda mais durante a pandemia. “Cerca de 80% dos alunos do curso são de fora, então, têm gastos com alimentação, moradia, transporte e outras coisas. É muito difícil, muitos alunos desistem de seu sonho no meio do caminho por conta dessas dificuldades. O aluno vem a uma universidade pública e acha que vai ter todo o suporte para cursar, mas não é assim”, lamentou.