Os participantes da reunião ordinária do Conselho Universitário da UEL (Universidade Estadual de Londrina) desta sexta-feira (3) presenciaram um momento histórico não só para a comunidade acadêmica, mas para toda a sociedade. Após dez anos de trabalho, a Comissão da Verdade da UEL concluiu o relatório que retrata o período de repressão vivido na instituição durante a ditadura militar que se instalou no Brasil após o golpe de Estado de 1964 e foi mantido por 21 anos.
O relatório, votado e aprovado por unanimidade pelos membros do conselho, tem 487 páginas e reúne documentos, depoimentos e outros registros históricos que ajudaram os membros da comissão a reconstituírem um passado no qual a vigilância do Estado sobre as atividades acadêmicas resultava, não raramente, em atos de violência. Confira aqui o documento na íntegra.
Uma das principais fontes de pesquisa utilizadas pela comissão foram os registros da AESI (Assessoria Especial de Segurança e Informação), que funcionava em instalações dentro da própria universidade e tinha como finalidade primordial a espionagem de estudantes, professores e servidores acusados de fazerem oposição ao regime ditatorial.
A maioria dos casos relatados à Comissão da Verdade da UEL refere-se ao cerceamento da liberdade de expressão, mas houve depoentes que revelaram casos de prisões arbitrárias, ameaças e violência física e/ou psicológica praticadas pelo aparato de segurança do regime.