Brasília - A aplicação da primeira etapa do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2025 ocorrerá neste domingo (9) nas 27 unidades da Federação para mais de 4,81 milhões de inscritos confirmados. Londrina tem 11.749 inscrições confirmadas, sendo 4.503 concluintes do ensino médio. Os dados são do Painel Enem 2025, do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).
No Paraná são 195.870 inscrições confirmadas. O Enem é considerado a principal porta de entrada para o ensino superior no Brasil.
É comum que estudantes se sintam inseguros e questionem o que fazer e o que evitar nos dias que antecedem as provas objetivas e de redação deste domingo. A reportagem conversou com especialistas na preparação para o Enem que deram dicas aos candidatos que farão o Enem 2025. Sugestões que vão desde o estudo estratégico com revisões, momento de descanso, saúde mental e organização na hora de responder às questões.
'Relaxar estudando'
O professor de literatura e redação do ensino médio da Escola Bilíngue Carolina Patrício, no Rio de Janeiro, Fábio Guimarães, acredita que ainda não é a hora de se desligar por completo. Segundo ele, o plano para a reta final deve ser o de “relaxar estudando”, até os dois últimos dias antes da prova.
“Um pouquinho de adrenalina no último momento pode não ser tão ruim. Porque o desligamento total não permite que a mente desenvolva essa parte de linguagens, aquilo que o cérebro precisa exercitar, como o pensamento crítico”, defende Guimarães.
Ele entende que o aluno pode fazer essas últimas revisões consumindo conteúdo apenas para que a mente ainda esteja deserta e produtiva. E que o descanso total deve ser somente para os candidatos que tenham resposta física ou mental de nervosismo diante do cenário da prova.
“Àqueles que já têm consciência de ter síndrome do pânico ou alguma outra resposta emocional deste tipo, o descanso total da mente é necessário. É quase como um remédio para esse aluno”, orientou.
Revisão dos conteúdos
A elaboração de mapas mentais, leitura de resumos próprios e rever questões comentadas são ferramentas que podem ser eficazes para esta fase final.
Para Fábio Guimarães, a revisão mais eficaz dos conteúdos deve ser feita por tópicos ao invés de textual. “O conteúdo topicalizado é um pouco mais estruturado e não vai cansar, como se fosse uma leitura muito extensa. Neste momento, a leitura deve ser para o prazer, para decodificar e interpretar.”
E ele entende que é preciso ler. “Não importa o texto, quanto mais o candidato ler, mais exercita a mente para que as simbologias e as decodificações de texto que o Enem tanto pede.”
Aulas presenciais e online
Glauco Pinheiro, pedagogo e professor de história do Colégio St. Georges, explica que a estratégia bem humorada dos aulões de revisão, adotada Brasil afora, serve para passar tranquilidade aos alunos, em um grande encerramento.
Fábio Guimarães endossa a técnica dos aulões de revisão, mas somente se misturados ao entretenimento. “Os professores dinâmicos e bem humorados podem até ser muito positivos, porque vão provocar o relaxamento que o aluno precisa e ao mesmo tempo podem dar aquela última dica e despertar aquela última epifania de conhecimento que o aluno tanto precisa”.
O educador considera o perfil atual mais digital dos estudantes que concluem o ensino médio no país, por isso, recomenda assistir a vídeos informativos na internet. “Procure bons canais do YouTube que façam vídeos dinâmicos, com últimos conteúdos, do tipo resumitivos.”
Inteligência artificial
O especialista Fábio Guimarães considera, ainda, o uso de inteligência artificial ideal para aprimorar os estudos para o Enem. A ferramenta pode organizar o conteúdo de forma rápida. “Usar a inteligência artificial pode ajudar a fazer glossários de estudos para determinados conteúdos. A veracidade dessas informações deve ser verificada, evidentemente. A I.A. pode organizar para ter construções mentais positivas dos conteúdos de última hora.”
Excessos de estudo
Na contramão, o aulão profundamente formal e de produção de exercícios em massa pode representar um problema para o candidato e deve ser evitado, alerta Fábio. “A quantidade não pode falar mais do que a qualidade [do estudo]. Neste tipo de aulão, é melhor não participar e ficar com as últimas anotações para participar da prova com mais calma.”
Decoreba no Enem
O professor Fábio explica que decorar conteúdos e fórmulas ou usar modelos prontos e generalistas para escrever a redação do Enem não constituem uma metodologia eficaz de estudo para o Enem.
“O Enem tem por natureza a questão da formulação do pensamento, da decodificação dos enunciados para chegar à resposta certa. Decorar elementos não faz parte do dia-a-dia da construção de questões do Enem. O melhor é praticar a leitura, interpretá-las.”
Redação argumentativa
A redação do Enem corresponde a até 1 mil pontos e tem um peso importante na nota final do participante.
O professor Fábio destaca que a chave para ir bem na redação dissertativo-argumentativa está no desenvolvimento do pensamento crítico e no uso estratégico do repertório sociocultural.
“Use filmes e músicas não apenas para relaxar, mas como forma de levantar argumentos e fazer ligações com possíveis temas da redação. Isso permite que o candidato esteja conectado aos argumentos, enquanto relaxa”.
Ele compara a ligação entre repertório e argumento a "aumentar o sarrafo" do corretor de provas do Enem. “O Enem não quer mais ‘repertórios de bolso’ [generalistas]. O edital reforça que o repertório deve estar diretamente ligado ao tema e ao argumento apresentado no texto dissertativo-argumentativo.”
Preparação e autoconhecimento
Fábio Guimarães orienta seus alunos a focar no autocuidado e no equilíbrio na reta final, adaptando a preparação à sua realidade individual. Para quem já está bem preparado, após anos de estudos e bons simulados, basta fazer uma revisão simples e leve para manter a mente ativa.
“Se o candidato sabe que se preparou o ano inteiro e que já está fazendo uma boa redação, lê bons textos nas ciências humanas, na matemática, nas ciências da natureza, se está conseguindo se desenvolver bem, depois de tantos simulados durante o ano, com equilíbrio, basta uma revisão simples somente para deixar a sua mente trabalhando.”
Mas para quem sente necessidade de descanso, é crucial tirar um tempo maior de intervalo para garantir que chegue à prova com calma e consiga desenvolver todas as questões de forma equilibrada. “É necessário ter autonomia para ele próprio ter um tempo e, depois, conseguir fazer todas as questões com calma”, diz Fábio Guimarães.
Tempo de prova
A prova do Enem é conhecida por entre os participantes e professores do ensino médio e de cursinhos preparatórios do Enem por ser longa e cansativa.
No primeiro dia de aplicação do exame, a prova tem uma duração total de 5 horas e 30 minutos, com término previsto para 19h, no horário de Brasília.
Além da redação, com a produção de texto dissertativo-argumentativo, o candidato deverá responder a 90 questões das seguintes áreas de conhecimento: como língua portuguesa, história, geografia, filosofia e sociologia, sem deixar de lado a opção de língua estrangeira (inglês ou espanhol), escolhida no momento da inscrição no exame.
No segundo dia de provas, em 16 de novembro, serão mais 90 questões objetivas.
Para não chegar atrasado
Saber o local de prova e se planejar logisticamente são tão importantes quanto o estudo para o exame. Isso porque se o candidato perder o horário de fechamento dos portões, às 13h (horário de Brasília), todo o esforço de um ano se perde.
A tolerância é zero para atrasos. O edital do Enem 2025 é taxativo ao proibir a entrada do participante no local de prova, após o fechamento dos portões. Com isso, perder o horário resulta na eliminação automática do candidato.
A informação sobre o local de prova do Enem 2025 está disponível no Cartão de Confirmação de Inscrição. O documento individualizado deve ser acessado exclusivamente na Página do Participante, no site do Inep.
Adicionalmente, o documento informa o número de inscrição, as datas e os horários das provas, além de indicar se o inscrito tem direito a atendimento especializado ou tratamento por nome social, quando previamente solicitado e aprovado.
Há ainda dados sobre a opção de língua estrangeira selecionada, se houve a opção de pedido de certificação do ensino médio e dá orientações gerais aos inscritos.
Embora não seja obrigatório, o Inep recomenda levá-lo impresso nos dois dias do exame (9 e 16 de novembro), para evitar imprevistos.
Dicas de planejamento
Chegar ao local com calma e antecedência é fundamental para evitar a ansiedade de última hora, o que pode prejudicar a concentração do candidato antes mesmo de a prova começar.
Muitos candidatos se atrasam por fatores externos, como trânsito intenso em locais próximos aos centros de prova e outras situações mais comuns aos domingos como o transporte público (ônibus, metrôs ou trens) com horários de circulação reduzidos. Outros candidatos também desconhecem o local ou o trajeto até ele.
Especialistas recomendam que o horário ideal para sair da residência rumo ao local de prova seria o intervalo de duas a três horas, dependendo da distância. A coordenadora pedagógica da Escola Bilíngue Pueri Domus da Aclimação, em São Paulo, Cintia Etsuko Yamashita, defende a preparação do candidato com o planejamento de rota, por exemplo. “Programar que horas você vai chegar ao local, no dia da prova, é muito importante”, avalia.
Por isso, nestes dois dias que antecedem as provas, é preciso conhecer o local de aplicação do Enem e vale consultar o tempo do deslocamento, trajetos alternativos e diferentes modais para chegar à unidade destacada no cartão de inscrição do candidato.
A demanda por carros de aplicativo é alta nos horários de pico (entre as 11h e as 13h) nos domingos do Enem, o que pode ocasionar a demora até encontrar um motorista que aceite a corrida. Além disso, os preços podem subir.
Resultados do Enem para diversas finalidades
Os resultados do Enem podem ser usados para diversas finalidades para acesso a universidades públicas, para concorrer a bolsas de estudo integrais e parciais em universidades privadas, para pleitear o crédito estudantil para o pagamento das mensalidades de faculdades privadas, para ingresso sem vestibular em faculdades, para estudar em Portugal, para autoavaliação e certificação de conclusão do ensino médio ou declaração parcial de proficiência nessa etapa do ensino básico.