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Pesquisadores da UENP

Relação entre morcegos e javalis pode espalhar raiva no Norte do PR, diz artigo

Bruno Souza - Redação Bonde
16 set 2025 às 17:46

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Divulgação/ artigo: Vampire Bats and Wild Boars in Northern Parana´: One Health Perspectives on a Novel Report
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Um estudo feito no Parque Estadual Mata São Francisco, localizado entre Cornélio Procópio e Santa Mariana (Norte), registrou em vídeo pela primeira vez a interação direta entre javalis e morcegos-vampiros-comuns. As imagens, captadas por armadilhas fotográficas, mostram os morcegos se alimentando do sangue dos suínos dentro da unidade de conservação. Segundo os pesquisadores envolvidos, o cenário acende o alerta para a disseminação da raiva e outras zoonoses na região.


O artigo"Vampire Bats and Wild Boars in Northern Paraná: One Health Perspectives on a Novel Report" [Morcegos-vampiros e javalis no Norte do Paraná: Perspectivas de Saúde Única sobre um Relato Inédito] foi publicado, nesta terça-feira (16), na revista internacional Scientifica, da editora norte-americana Wiley. João Gabriel Feriato do Nascimento, 24, e Jader Almeida de Barros Silva, 27, - mestrandos em Produção Agropecuária Sustentável no campus Luiz Meneghel da UENP (Universidade Estadual do Norte do Paraná) - encabeçam o estudo, que também é assinado por outros quatro autores, três deles professores.

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Foram documentadas três interações entre morcegos e javalis entre 2021 e 2023. Os registros mostram morcegos hematófagos [que se alimentam de sangue] mordendo javalis machos e fêmeas em diferentes pontos do parque. Em todos os casos, os animais invasores não reagiram, o que facilitou a alimentação dos morcegos.

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A presença dos suínos no parque foi confirmada em 2015, mas até então não havia relatos científicos detalhando a interação com morcegos. A novidade preocupa os pesquisadores porque o mamífero é um dos principais reservatórios do vírus da raiva (RABV). Segundo o estudo, a partir do momento em que os javalis passam a servir de fonte de alimento, eles podem atuar como elo de transmissão do vírus para outras espécies silvestres, domésticas e até para humanos. Para Silva, a anomalia em si não é a presença da raiva dentro da mata, mas os riscos de transmissão causados pela superpopulação de javalis.


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"A raiva existe no ambiente, mas é normal. Quando o javali entra nesse espaço, ele acaba levando a doença para fora do território que ela deveria estar. Como eles têm essa capacidade de mobilidade grande, levam o vírus para um local onde não tinha antes, fora do ambiente silvestre", explica.


Além do risco sanitário, javalis e seus híbridos, conhecidos como “javaporcos”, estão entre as cem espécies mais invasoras do mundo. Eles destroem lavouras, competem com animais nativos e já foram apontados como reservatórios de outras doenças, como leptospirose, tuberculose e brucelose. No Paraná, a preocupação se intensifica porque a Mata São Francisco está cercada por áreas agrícolas e propriedades rurais com pecuária e monoculturas, o que amplia as chances de contato entre espécies silvestres, animais domésticos e humanos.

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"O javali é um animal exótico que foi trazido da Europa para cá, principalmente para a área sul da América do Sul. A forma de entrada dele no Brasil foi por meio do Uruguai. Desde então, ficou incontrolável. É um animal de dispersão incrível, porque não tem predador natural no Brasil. Agora, precisamos pensar na questão de controle", ressalta Nascimento. 


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Nas imagens inéditas dos pesquisadores da UENP, cães domésticos foram flagrados perseguindo os suínos dentro do parque, aumentando ainda mais o risco de disseminação da raiva. "Quando eles [caçadores] vão fazer o afugentamento, ou seja, fechar o animal em algum canto para matar, muitas vezes os cachorros acabam mordendo o javali. Se esse animal já estiver infectado com a raiva, ele pode acabar contaminando o cachorro ao mordê-lo de volta", completa o pesquisador.


A construção do artigo


De acordo com os mestrandos da UENP, a ideia inicial do projeto era publicar um mapeamento atualizado dos mamíferos que habitam a Mata São Francisco. Entretanto, eles foram surpreendidos pela interação entre as espécies.

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"Esse projeto nosso fazia parte de um projeto de monitoramento de mastofauna. Ou seja, a gente queria fazer um levantamento principalmente dos mamíferos terrestres não voadores que existiam ali, porque o último levantamento estava defasado e desde então mudou muita coisa. O achado do morcego interagindo com o javali pegou a gente de sopetão. O mais legal desse artigo é o registro em vídeo, porque todo mundo pode imaginar um morcego parasitando um javali, que está em todo lugar", diz Nascimento.


Segundo Silva, o trabalho da maneira como foi desenvolvido foi pioneiro na área de Biologia da UENP e, devido a isso, outros cientistas com mais experiência foram consultados.

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"Começamos a ter contato com o trabalho ainda enquanto alunos de graduação. O projeto é multidisciplinar, com professores de diferentes áreas atuando. Essa foi a primeira vez que o pessoal do Departamento de Biologia trabalhou com algo do tipo, por isso entramos em contato com pesquisadores com mais experiência com morcegos-vampiros", afirma Silva, destacando que o projeto começou com cerca de 30 alunos e foi finalizado com apenas três.


Da esquerda para a direita: João Gabriel Nascimento, Marco Antônio Zanoni, Bruna Fávaro (chefe da unidade de conservação), Flávio H. Otomura, Diego Resende, Jader Barros Silva


Síndrome do impostor


Silva explana a felicidade de publicar o artigo numa revista estrangeira, principalmente para mostrar à população que o valor investido em ciência tem retorno garantido.


"Eu costumo sentir a síndrome do impostor, que é essa ideia de trabalhar com dinheiro público e que a pesquisa em nenhum momento está quebrando a barreira da universidade e sendo útil para a sociedade. Conseguir publicar um resultado como esse é importante porque, se fizermos o dever de casa certinho, mostramos que o dinheiro público está sendo usado em prol da sociedade", diz Silva.


Antes da aprovação, o artigo foi rejeitado por outra revista, o que desmotivou os pesquisadores. Entretanto, o desejo de divulgar ciência falou mais alto. "A primeira vez que nós mandamos para uma revista, o artigo foi negado de cara. Ficamos tristes, mas pensamos em não deixar o trabalho parado. Aí apareceu essa oportunidade na Scientifica. Mandamos sem pretensão, mas fomos aprovados", comemora Nascimento.


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