Quase 20% da população de 15 anos ou mais com algum tipo de deficiência no Brasil era considerada analfabeta no terceiro trimestre de 2022, apontam dados divulgados nesta sexta-feira (7) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Nessa camada da população, a taxa de analfabetismo foi de 19,5% à época. Em termos absolutos, o resultado significa que, de um total de 17,3 milhões de pessoas com deficiência, quase 3,4 milhões não sabiam ler e escrever.
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Entre as pessoas de 15 anos ou mais sem deficiência, a taxa de analfabetismo foi de 4,1%. A diferença entre os dois indicadores foi de 15,4 pontos percentuais.
Os dados integram um módulo da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) sobre pessoas com deficiência.
A publicação destaca a existência de desigualdades que afetam essa parcela da população em áreas como educação e mercado de trabalho. Não há uma série histórica comparável no levantamento.
"As desigualdades eram esperadas, mas algumas são muito gritantes", diz Luciana Alves dos Santos, analista da pesquisa do IBGE. Um dos pontos que chamam atenção, segundo ela, é justamente a disparidade do indicador de analfabetismo.
Pelos critérios da pesquisa, uma pessoa é considerada alfabetizada quando consegue ler e escrever pelo menos um bilhete simples.
Segundo o IBGE, o analfabetismo impacta mais os idosos no país. A situação reflete a menor escolarização frente aos mais jovens.
Entre a população idosa, com 60 anos ou mais, a taxa de analfabetismo foi de 25,1% para as pessoas com deficiência e de 12,6% para as sem deficiência.
APENAS 25,6% CONCLUEM ENSINO BÁSICO
O IBGE também traz uma comparação entre os brasileiros que concluíram o ensino básico - ou seja, que finalizaram pelo menos os estudos do ensino médio. De novo, as disparidades aparecem.
Considerando as pessoas de 25 anos ou mais com deficiência, apenas 25,6% haviam concluído pelo menos o ensino básico. A taxa foi de 57,3% entre a população sem deficiência na mesma faixa etária.
De acordo com a pesquisa, cerca de 18,6 milhões de pessoas de dois anos ou mais tinham algum tipo de deficiência no Brasil no terceiro trimestre de 2022 o equivalente a 8,9% desse grupo etário.
O IBGE estima que 47,2% das pessoas com deficiência tinham 60 anos ou mais. Entre as pessoas sem deficiência, apenas 12,5% estavam nesse grupo de idade.
A metodologia da pesquisa considera como pessoa com deficiência quem tem muita dificuldade ou não consegue de modo algum realizar as atividades perguntadas em ao menos um dos quesitos investigados, como ouvir, enxergar, andar ou subir degraus.