Uma parceria entre o Brasil e a Suécia vai levar startups para desenvolver projetos de inteligência artificial e automação em Estocolmo.
A chamada para pesquisadores, aberta nesta semana, é a mais recente etapa de um processo de intercâmbio de inovação entre empresas dos dois países que vem acontecendo nos últimos anos.
"O Brasil produz muita pesquisa científica, mas pouca inovação, que é olhar para os problemas da indústria. Já a Suécia está focada na inovação. Juntando a expertise sueca, que é pragmática, com a criatividade brasileira de trazer soluções fora da caixinha, dá um samba interessante", explica Alessandra Holmo, diretora-executiva do Cisb (Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro), que coordena esse processo.
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A chamada aberta agora é uma iniciativa coordenada pelo Cisb, em parceria com o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e a sueca Saab AB, e vai conceder até 3 mil euros para custear gastos com a viagem, prevista para agosto do ano que vem.
Podem participar pesquisadores brasileiros tanto ligados às empresas como também de instituições de ensino. É preciso, no entanto, ter mestrado e experiência em cooperação com a indústria. Propostas podem ser submetidas até o dia 12 de março no site do Cisb.
Nos últimos anos, o Cisb tem conectado startups brasileiras a empresas suecas e vice-versa. Alessandra explica que o trabalho é feito com um processo de pareamento, em que a organização identifica os problemas das grandes empresas e busca as startups que podem solucioná-los no país parceiro.
"As startups têm as soluções e precisam encontrar quem está com aquela dor. O cliente, no geral, é uma empresa maior", diz Holmo.
Em 2019, 15 startups brasileiras foram selecionadas para um processo de pareamento com a montadora sueca Saab Automobile.
Em 2014, a sueca fechou um contrato para entregar 36 caças ao Brasil, que serão montados na Embraer. A instalação da linha de produção virou um trunfo para a Saab oferecer o modelo a outros países.
"A Saab nos passou seus desafios, e nós acessamos mais de 100 ambientes de inovação no Brasil, como incubadoras, aceleradoras, a Anprotec [Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores] e fizemos o pareamento", conta Holmo. "Das 15 selecionadas, levamos 4 para a suécia, e 2 continuaram a parceria."
Como resultado, a carioca Media Glass, que produz óculos de realidade aumentada, e a MSD Sistemas, voltada ao desenvolvimento de sistemas para a indústria aeronáutica e automotiva, têm prestado serviço para companhias suecas.
Holmo destaca as áreas de biomateriais, bioeconomia e mineração brasileiras como potenciais para atender a dores suecas. "O Brasil é um celeiro na área de biomassa, a Suzano se tornou a segunda player global depois da fusão com a Fibria, e já estão em contato com alguns players na Suécia."
Na contramão, neste ano, foram mapeadas demandas de empresas brasileiras, como sustentabilidade, internet das coisas e manufatura aditiva. Uma sessão online foi feita com empresas brasileiras, entre elas a BRF, Gerdau e Suzano Digital, e 26 startups suecas.
"O diferencial desse match é que fizemos várias entrevistas com as empresas brasileiras, para entender as necessidades tecnológicas, e também fizemos uma pré-seleção das startups suecas", explica a diretora.
A Suécia é referência em inovação, liderando o ranking da União Europeia que analisa a performance dos países nessa questão. A capital Estocolmo é a segunda cidade com a maior quantidade de unicórnios (startups que valem mais de US$ 1 bilhão) per capita, atrás apenas de São Francisco, nos EUA, onde fica localizado o Vale do Silício.
"A Suécia é um país inovador e super aberto. Toda startup que nasce lá nasce para atender uma dor, um desafio da sociedade, mas eles têm um mercado pequeno, então essas empresas precisam ser globais para escalar para o mundo", diz Holmo.