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Estudante de medicina da UEL Avá-Guarani traduz casos clínicos para língua materna

19 abr 2023 às 19:31

Nesta quarta-feira (19), quando é celebrado o Dia dos Povos Indígenas, a UEL contabiliza 37 estudantes indígenas em cursos de graduação, segundo a Divisão de Políticas de Graduação da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd). Everson Cazarim é o titular da divisão e conta que 22 alunos se formaram na UEL desde 2002, quando o vestibular dos povos indígenas foi instituído no Paraná.


A UEL registrou a matrícula de 122 estudantes. Muitos deixaram a universidade sem concluir os cursos, enquanto outros pediram transferência para outras instituições de ensino superior. Segundo Cazarim, o processo de evasão vem reduzindo desde 2014, quando foi implantado o Ciclo Intercultural de Iniciação Acadêmica dos Estudantes Indígenas. Por meio do ciclo, eles passam um ano com estudos e debates ofertados pela Comissão Universidade para os Indígenas (Cuia). Somente ao final desta etapa é que os estudantes escolhem o curso de graduação.


Rodrigo Tupã Luis é estudante do quinto ano de medicina da UEL. Ele é do Oeste do Paraná, da etnia Avá-Guarani, e vai iniciar o internato. O estudante tem 35 anos, é casado e pai de dois filhos, uma adolescente de 15 anos e um menino de 12 anos. Ele ingressou na universidade em 2017. Em entrevista à Rádio UEL FM, revelou ter criado um método para aperfeiçoar seu aprendizado: traduz os casos clínicos e o roteiro de estudos para sua língua materna.  


Tupã Luis contou ainda que a experiência do ciclo foi muito importante para conhecer mais do curso e o currículo. Comentou também sobre a influência dos avós para a escolha da medicina.

Ouça a entrevista no O Perobal.


AUTOBIOGRAFIAS


Todas as histórias de vida estão disponíveis no canal do YouTube da Comissão Universidade para os Indígenas. As entrevistas e a edição foram realizadas por estudantes do curso de Jornalismo da UEL. Entre os alunos que participaram do processo, estão Maria Eduarda Panobianco e Guilherme Prado, do segundo ano. “Começamos a frequentar as aulas do ciclo intercultural duas vezes por semana e conversávamos com os indígenas. Assim, eles sentiram mais segurança para compartilhar suas histórias. O processo durou um mês e meio. Em seguida iniciamos as gravações no laboratório de telejornalismo da UEL. Foram umas três semanas de gravações”, explicou Maria Eduarda.



Ela conta que o processo de edição foi feito em casa.  “Voltávamos para o laboratório para pedir orientações ao (técnico) Eduardo (Calliari) e ele finalizou todas as autobiografias”.


Já Prado foi responsável pelos roteiros e produção. Monitor do projeto, ele conta que a parte mais fácil foi a edição. Como principal aprendizado, o estudante revela a vivência com os alunos indígenas. “Foi meu primeiro contato estendido com esses estudantes e o principal ensinamento foi com o Rodrigo (estudante de Medicina), sobre o modo de viver dos indígenas, com foco na comunidade”, explicou. A coordenação geral do projeto das autobiografias é da professora do Departamento de Comunicação Mônica Kaseker.


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