A escola particular está pesando no orçamento e muitas famílias já optam por migrar para a rede pública. Apesar de não ter um dado estatístico oficial, a rede privada estima que encolheu 20% o número de alunos matriculados em 2016 em todo o País.
Essa queda se reflete em inchaço da rede pública. Em Londrina, a Secretaria Municipal de Educação trabalha com a possibilidade de aumento de 5% a 10% no volume de matrículas na educação infantil e ensino fundamental. Em 2016, havia 26.461 alunos no ensino fundamental nas 84 escolas municipais. As matrículas na rede municipal vão até o dia 26 de janeiro.
"Vamos imaginar que a rede cresça 5% em função da migração. São 2 mil novos alunos. Cada aluno custa em torno de 7 mil por ano ao município, segundo dados do Tribunal de Contas do Estado. Estamos falando de um aumento de R$ 14 milhões no ano", disse Maria Tereza Paschoal de Moraes, secretária de Educação de Londrina.
O orçamento da pasta para este ano é de R$ 380 milhões. "Vamos dar conta desse serviço, mas vamos ter que otimizar recursos e cortar gastos. Temos condições de atender 100% da demanda de crianças de quatro anos a 11 anos (educação infantil até 5º ano do ensino fundamental)", afirmou a secretária.
Segundo ela, 20 escolas estão com obras de ampliação e reforma e a pasta conta com um engenheiro para auxiliar na logística da distribuição de salas nas unidades. Mas a Educação vai trabalhar com o orçamento apertado, segundo Maria Tereza, pois o governo federal só fará o repasse de recurso desses novos alunos em 2018.
"Esses alunos precisam entrar no censo escolar e daí o governo aumenta o repasse referente à merenda, transporte e Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). E isso só vai ocorrer em 2018", explicou a secretária.
As matrículas nas escolas estaduais seguem até o dia 20 de janeiro. Mas o Núcleo de Educação de Londrina, da Secretaria Estadual de Educação, também percebe uma procura significativa de vagas.
O Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR) ainda não fechou a estatística de 2016, mas a perspectiva é que o setor continue sofrendo com a retração econômica e a perda de alunos para a rede pública. Segundo dados nacionais, a estimativa é que a queda seja em torno de 20%.
De acordo com a presidente da entidade no Paraná, Esther Cristina Pereira, a rede privada também está vendo um movimento de migração entre escolas, além do já verificado para a rede pública. "Os pais estão migrando para escolas mais próximas de casa, cortando o lanche, a van, tirando da natação, do inglês. Fazendo rearranjos do orçamento para manter os filhos na escola particular", afirmou Esther.
A projeção para 2017 não é muito animadora para os donos das unidades privadas. Segundo a gestora, o setor cresceu muito na última década, mas desde o ano passado vem sentido os efeitos da retração econômica. "Será um ano difícil e deve continuar assim em 2018. A crise veio mais forte do que esperávamos", comentou.
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