Alunos da Escola Social Marista Irmão Acácio, na zona norte de Londrina, uniram educação ambiental e tecnologia no projeto “Queimadas Zero”, que objetiva o reflorestamento do fundo de vale do Lago Cabrinha, na mesma região. Com a ajuda da comunidade, serão plantadas 500 mudas de espécies nativas na área da nascente e nos locais assoreados.
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A coordenadora da iniciativa é Mariana Grotti, professora de biologia que procurou a FOLHA após a denúncia de que a nascente do corpo d’água está sendo usada como depósito de lixo. O volume segue abaixo do normal no primeiro lago por conta de um vazamento em sua barragem, problema contínuo desde 2023.
A Secretaria de Obras informou, na quarta-feira passada (06), que o Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina) foi acionado para elaborar um projeto de revitalização completa da área, constatando que a barragem terá que ser substituída, mas sem previsão de quando o planejamento será entregue. Em maio, o secretário Otávio Gomes informou que uma erosão foi encontrada abaixo da estrutura e ela pode ter se tornado inútil para conter a força da água.

Grotti afirmou que “erosão e assoreamento são controlados com reflorestamento, não com intervenção física de cimento e obras, e nós temos um projeto para conter esse problema. Talvez (a Secretaria) nem precise agir com nenhuma obra caso o reflorestamento der certo”.
Etapas
O Queimadas Zero é desenvolvido desde o ano passado na escola, em parceria com a Sema (Secretaria Municipal do Ambiente) e UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) - Campus Londrina. Os alunos realizaram visitas técnicas ao fundo de vale e atestaram as necessidades do Lago Cabrinha, chegando à conclusão que o reflorestamento seria a solução para o recorrente problema de queimadas que Londrina enfrentou em 2024.
No projeto-piloto, 50 mudas de árvores foram plantadas no fundo de vale, a maioria frutíferas, como goiabeiras e pitangueiras, por serem mais resistentes. Neste ano, o trabalho foi dividido em três fases.
A primeira foi o ensino da educação ambiental em todas as disciplinas no colégio, seguida de visitas dos alunos do ensino médio às casas e comércios no entorno do Lago Cabrinha. Por meio do aplicativo Life 360º, que faz uso de tecnologia de georreferenciamento, as ações dos estudantes foram monitoradas em tempo real pelos professores, permitindo o mapeamento dos locais alcançados.

“Os professores de tecnologia desenvolveram um software de geoprocessamento e rastreamento, os alunos foram a campo como agentes ambientais e levaram a educação ambiental para a comunidade. De porta em porta, falaram sobre o projeto e marcaram os pontos de abrangência”, informou a professora. Os estudantes também entregaram materiais educativos feitos com papel reciclado, confeccionados por alunos do ensino fundamental, como Murilo de Oliveira, 15, que está no nono ano.
“Fizemos várias atividades na escola sobre conscientização com os alunos mais novos. Eu nunca tinha ouvido muito falar sobre a importância ambiental e o reflorestamento, aqui eu consegui e me interessou”, relembrou o adolescente.

Alexandre Gurgel, 15, está no primeiro ano do ensino médio e atuou como agente ambiental. Ele contou que sua participação foi motivada pela necessidade de conscientização da comunidade quanto a problemas ecológicos, como descarte irregular de lixo, problema costumeiro no Lago Cabrinha. “É um trabalho que, primeiro, a pessoa tem que aceitar a mudança, e depois espalhar essa mudança para outras”, considerou.
União para o plantio
A terceira etapa é o reflorestamento no dia 09 de outubro, planejado por discentes do terceiro ano do ensino médio. “Eles usaram imagens aéreas do lago para mapear as melhores regiões para o plantio das mudas, escolheram o melhor sistema de reflorestamento para ser aplicado e as espécies mais adequadas”, pontuou Grotti.
“Vamos priorizar os alunos maiores para abrirem os buracos, o trabalho mais braçal, para o fundamental ajudar com o hidrogel e plantio. Os menorzinhos virão depois para ter o trabalho de conscientização”, explicou a professora.
Entre as 500 mudas, estarão presentes “desde espécies arbóreas até espécies herbáceas, também algumas frutíferas nativas da Mata Atlântica”. Os exemplares serão doados pela Sema, a empresa Flora Londrina e o LABRE/UEL (Laboratório de Biodiversidade e Restauração de Ecossistemas da Universidade Estadual de Londrina).

Isabelly Carvalho, 15, aluna do primeiro ano do Ensino Médio, tem altas expectativas para o dia do plantio, almejando que os vizinhos “venham plantar e cuidem das plantas”. Considerou ainda que o trabalho é importante para valorizar o lazer que o lago proporciona, visto que “você pode vir com a família passear, é um espaço grande e tem pés de amora e manga que podemos pegar”.
Propósito
Com o reflorestamento, o objetivo é que haja melhoria da qualidade da água do lago, a partir da recuperação da cobertura vegetal, o que reduzirá a erosão do solo e o assoreamento. Também são metas o aumento da biodiversidade, com o retorno da fauna local, e que o projeto seja um modelo replicável de sustentabilidade urbana utilizado em outros fundos de vale ou áreas urbanas degradadas de Londrina, que ainda serão escolhidos.

“Os alunos com mais desenvoltura no projeto vão apresentar na COP30 essa possibilidade como um combate ao aquecimento global, para que seja replicado em outras cidades, não só do Brasil, mas também do mundo”, objetivou Grotti.
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