O Hospital Evangélico de Londrina ganhou destaque, mais uma vez, por ter realizado um procedimento de reconstrução facial com tecnologia de ponta inédito no Brasil. A cirurgia de sucesso trouxe de volta a alegria para o rosto de uma paciente, vítima de um acidente de trânsito, e deve abrir as portas para que outros pacientes com deformidades faciais possam também ter os mesmos resultados.
Cirurgião bucomaxilofacial, Daniel Gaziri foi o responsável por coordenar todo o procedimento de reconstrução facial de Sthefane Felipe Verteiro, 24, que sofreu um grave acidente de trânsito no dia 9 de março de 2023. A cirurgia foi realizada no dia 12 de julho no Hospital Evangélico de Londrina em um caso considerado como desafiador pela medicina.
O procedimento de reconstrução facial da Sthefane foi o primeiro a ser realizado no Brasil, em que uma prótese de titânio foi feita em uma impressora 3D por um empresa alemã. Poucos dias depois da operação, Sthefane deu entrevista à imprensa e comemorava o sucesso da intervenção.
VEJA A ENTREVISTA COMPLETA NO VIDEOCAST FALA SAÚDE
DIFERENTES TIPOS
Gaziri aponta que uma das causas de deformidades faciais são os traumas causados por batidas em acidentes de trânsito, mas também existem as congênitas, em que a pessoa nasce com o problema, como, por exemplo, as fissuras labiopalatinas ou a síndrome de micrognatia, em que o paciente nasce sem o queixo. Em muitos casos, essas deformidades causam situações vexatórias e de bullying e, além disso, vão muito além da estética, já que se tornam um problema funcional, trazendo dificuldade na mastigação e na fala, perdas dentárias, entre outros, o que interfere na qualidade de vida do paciente.
Para casos funcionais, a cirurgia está incluída no rol de procedimentos da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), o que obriga os convênios de saúde a cobrirem. Ela também pode ser feita pelo Programa Cirurgia Para Todos, do Hospital Evangélico de Londrina, que conta com vários procedimentos cirúrgicos por um valor mais acessível e com diversas opções de parcelamento.
Segundo Gaziri, todas as cirurgias de deformidades de face são feitas com planejamento virtual e com próteses 3D, diminuindo o tempo de cirurgia e aumentando a precisão, o que resulta em um pós-operatório mais tranquilo.
MELHORA A RECUPERAÇÃO
O cirurgião bucomaxilofacial Paulo Lucchese, que também integra a equipe do Hospital Evangélico, reforça que os procedimentos minimamente invasivos permitem com que o paciente retorne à rotina mais rápido.
Os dois cirurgiões enxergam Londrina com um grande potencial para se transformar em um polo na área da medicina. Gaziri cita como um dos fatores facilitadores a presença da UEL (Universidade Estadual de Londrina), que forma dezenas de profissionais para o mercado, em diversas áreas. “Trazer isso que a gente trouxe agora, tão inédito, mostra a força do que a gente pode desenvolver aqui em Londrina”, ressalta.
Para Paulo Lucchese, a cidade sempre foi conhecida por ser o lar de grandes profissionais da medicina, profissionais esses que vêm evoluindo junto com as novas tecnologias. “Com esse apoio que o Hospital Evangélico vem dando, a gente quer trazer toda a tecnologia e o que for mais atualizado para os nossos pacientes”, afirma.
A CIRURGIA INÉDITA
A operação de reconstrução facial que devolveu o sorriso de Sthefane Verteiro foi realizada pouco mais de um ano após o acidente. Daniel Gaziri lembra que, após o trauma, a jovem ficou dois meses internada, sendo grande parte do tempo na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A gravidade do acidente fez com que fragmentos de ossos da face ficassem espalhados no local do acidente. “A gente tinha um quebra-cabeça em que faltavam peças”, pontua.
Com sequelas na orbe, estrutura que envolve o globo ocular, a primeira cirurgia teve como objetivo central salvar a vida da jovem e preservar a visão. “A gente sabia que a tecnologia que a gente tinha naquele momento era insuficiente para evitar que ela ficasse com uma exoftalmia, um globo ocular mais para dentro do que outro”, explica, complementando que o quadro levou a uma diplopia, o que fez com que ela enxergasse tudo em dobro.
A partir daí, começou uma jornada com a união de muitas mãos para entender quais eram os caminhos a seguir para trazer a simetria para o rosto, a posição correta dos globos oculares e a vida de outrora da jovem. Com a utilização da tecnologia de ponta, que utilizou a prótese de titânio feita em uma impressora 3D, cada peça foi encaixada de volta em seu devido lugar. “A gente está muito feliz por ter feito isso pela primeira vez no Brasil, aqui no interior do Paraná, em Londrina”, afirma, ressaltando a importância que a internet e a tecnologia tem no tratamento de pacientes.
Passados pouco mais de dois meses da cirurgia, Gaziri esclarece que os ossos foram reposicionados, formando uma base para que toda a musculatura pudesse ser reinserida, assim como os globos oculares. Agora, o tratamento é para devolver a sensibilidade para alguns pontos do rosto da jovem através da fisioterapia.
Paulo Lucchese afirma se sentir grato pela possibilidade de ajudar uma paciente que ainda tem uma vida toda pela frente. Em mais de sete horas intensas de cirurgia, ele lembra de cada um dos profissionais envolvidos fazendo o seu melhor para garantir o resultado positivo. “Quando a gente atende a Sthefane, a gente fica até emocionado em ver que fizemos uma diferença na vida daquela paciente”, afirma. Para ele, a tecnologia utilizada no caso da jovem pode abrir caminho para que outros pacientes que sofrem sequelas de traumas ou deformidades faciais também possam sorrir novamente.
LEIA MAIS NA FOLHA DE LONDRINA: