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FOLHA DELLAS

A mulher que conquistou Londrina com simplicidade e coragem

Lu Oliveira / Especial para a FOLHA
01 ago 2025 às 09:53
Foto: Sergio Ranalli

Às 4 horas de uma tarde fresca e agitada no centro da cidade, enquanto carros e pedestres dividem a cena cotidiana do quadrilátero mais charmoso de Londrina, Maria Tereza Paschoal de Moraes, como sempre pontual, retribui pacientemente o cumprimento de cada um desde a recepção até a sala de entrevistas.


Nascida em uma terra de garimpo, soja e histórias de luta — Guiratinga, no interior de Mato Grosso —, encontrou em Londrina o seu melhor lugar no mundo. Depois de quase uma década vivendo na cidade, Maria Tereza fala de si com o afeto de quem reconhece cada esquina e construiu raízes profundas. “Londrina é meu lugar preferido. Aqui todo mundo tem o seu cantinho favorito, um mercado preferido, uma farmácia, um posto de gasolina… todo mundo se conhece, todo mundo se ajuda”, conta, com o sorriso tranquilo de quem sente que pertence.


“Enquanto minha mãe me ensinava que tudo pode ser aprendido, meu pai me ensinava que tudo pode ser vivido com leveza. Foi com esses dois mundos que construí o meu”, conta ela, emocionada.


Foi essa sensação que a inspirou a encarar a maior de todas as jornadas: disputar a Prefeitura de Londrina. Sem fama, sem estrutura grandiosa, mas com fé inabalável na democracia e no poder de um sonho coletivo, acreditando que um país livre, democrático e justo precisa de gente corajosa.


A coragem, ela diz, vem de casa. Da mãe professora que alfabetizava crianças em condições extremamente precárias e que comprou a coleção inteira da Barsa para que tivessem um melhor aprendizado. Do pai bem-humorado que lhe deu a fórmula da leveza para encarar os tropeços sem perder a alegria. “Se não deu certo, filha, tudo bem. Talvez seja só mais um passo no caminho. A gente aprende, refaz e segue”, relembra ela, sorrindo, enquanto alcança mais uma xícara de café.

Legado na educação

Durante oito anos como secretária municipal de Educação, Maria Tereza construiu um legado que fez de Londrina uma referência nacional em políticas públicas para a educação. Esse reconhecimento simboliza, para ela, o maior legado possível: a equidade. “O que me emociona é saber que uma criança, seja do distrito, do centro, ou de qualquer região da cidade, tem o mesmo uniforme, a mesma merenda, as mesmas oportunidades e convivem juntas. Quando você vê uma menina humilde fazendo ginástica rítmica ou tocando violino de graça, sabe que valeu a pena”, diz, com os olhos brilhando.


“Londrina é meu lugar preferido", diz Maria Tereza.
“Londrina é meu lugar preferido", diz Maria Tereza. | Foto: Sérgio Ranalli

Sonhadora com os pés no chão, ela sonha com uma Londrina que avance ainda mais no ensino integral — onde a escola é espaço de desenvolvimento, saúde e futuro. “Cada criança que passa o dia na escola tem mais chances de crescer com saúde, o que reflete na qualidade de vida a curto, médio e longo prazo. Cada real investido em educação economiza outros dez em saúde, segurança e assistência. Isso é política pública de verdade, que muda vidas e melhora também o PIB da cidade que se fortalece! Investir nisso é transformar realidades.”


Além da educação, a saúde é um tema recorrente — e que ainda abre uma certa ferida. Maria Tereza fala com a voz embargada ao lembrar do momento mais difícil de sua vida: a perda do pai, em 2010, aos 58 anos, vítima das complicações da diabetes. “Foi muito duro. Ele era jovem, cheio de vida. E de repente, veio o vazio.” A dor foi ainda maior ao ver sua mãe mergulhar em uma depressão profunda. “Ali, precisei ser forte por nós duas. Cuidar da minha mãe enquanto digeria a dor da perda me transformou completamente. Desde então, saúde pública deixou de ser um tema técnico para mim. Virou pessoal. Me tocou na carne.”


A campanha eleitoral, tão intensa quanto histórica, trouxe aprendizados e momentos de superação. “Tive medo, sim. Medo físico, medo da exposição, medo de errar. Mas também tive esperança, todos os dias. Ia dormir pensando em tudo o que poderia ser feito com aquelas ideias incríveis e tão possíveis que ouvi por toda parte”, recorda. Mesmo com o resultado apertado, ela diz: “O sentimento de gratidão pelos 111 mil votos jamais sairá do meu coração. Lu, eu guardei todas as cartas de compromisso que assinei com as entidades e outros grupos, cada proposta, cada ideia que recebi para um dia colocar em prática. Essas ideias continuam vivas. Representam a confiança que carrego comigo; por isso sigo trabalhando por Londrina e pelo Paraná.”

Pioneira

Para Maria Tereza, ser mulher na política e a primeira a chegar ao segundo turno para a prefeitura de Londrina é, sobretudo, fazer justiça a tantas outras que seguem invisíveis. “Um dia, no comitê de campanha, uma mãe levou sua filha de 12 anos e na minha frente colocou meu adesivo no peito da menina dizendo: ‘Filha, eu trouxe você aqui para você ver que você pode ser quem você quiser e estar no lugar onde você desejar estar’. Aquela cena me marcou demais, porque representou a luta de uma mulher que passou a vida batalhando por seus filhos e família, mas não teve voz; e de uma menina com tantos sonhos à espera de um futuro realizador. Eu não posso desistir por elas. Por todas que enxergaram em mim um exemplo.”


Hoje, entre viagens e palestras sobre gestão pública, Maria Tereza segue determinada a contribuir com o futuro. Já em fase de conclusão de seu mestrado em Tecnologias Aplicadas à Educação, é convidada constantemente para debates e discussões nacionais sobre o tema e tem orientado algumas prefeituras ao redor do Estado. “Minha missão é ajudar a melhorar a educação no Brasil e continuar contribuindo com a gestão pública, porque é só ocupando esses espaços que a gente consegue mudar as coisas de verdade.”


Fora da vida pública, Maria Tereza é leitora voraz e apaixonada por boas conversas. Ama reunir os amigos em torno de risadas, conversar, ver TV e mexer nas redes sociais. Quando questionada sobre o que diria a quem não votou nela, a resposta vem sem ressentimento: “Eu diria: ‘Deixa eu me apresentar?’ Talvez a pessoa não tenha tido tempo de me conhecer”, ri, debruçada sobre a mesa.


Assim, com essa simplicidade corajosa — esse jeito de somar escuta, competência e humanidade — Maria Tereza consolida-se como uma mulher inspiradora e querida. Para muitas mulheres, ela abriu caminho. Para muitas meninas, ela plantou sonhos. E para uma cidade inteira, deixou o mais potente dos legados: a esperança de um futuro mais justo — e muito mais bonito.



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