Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Opinião política

Na pandemia, máscaras se tornam cartazes em protestos

Daniela Arcanjo - Folhapress
25 jun 2020 às 08:39
- Reprodução/Pixabay
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

Na eclosão dos protestos antirracismo nos EUA, a ativista Trinice McNally estreou uma atividade em sua militância: organizar a entrega de máscaras aos manifestantes. A educadora tem participado dos atos do distrito de Columbia por meio do Movimento por Vidas Negras.

Na pandemia, as máscaras que invadiram o cotidiano da população estão também em manifestações políticas, onde viraram uma espécie de cartaz para palavras de ordem.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


A morte de George Floyd foi o estopim para dias seguidos de protestos pelo mundo. No dia 12 de junho, em Atlanta, a morte de outro negro pela polícia gerou novos protestos.

Leia mais:

Imagem de destaque
Valores a Receber

Quase 4 a cada 10 depósitos de dinheiro esquecido são de até R$ 1

Imagem de destaque
Sínodo da Sinodalidade

Sem polêmicas, última fase da consulta do papa a católicos começa esvaziada

Imagem de destaque
Entenda

Governo recua, por ora, de bloqueio de cartão do Bolsa Família para bets após reunião com Lula

Imagem de destaque
Entenda

Moraes determina intimação de general Richard Nunes como testemunha no caso Marielle


As máscaras distribuídas por McNally estampavam duas mensagens: "Stop killing black people" (parem de matar a população negra) e "defund the police" – descapitalize a polícia, movimento que questiona a verba destinada às forças de segurança dos EUA.

Publicidade


A ativista diz que identifica aqueles que estão desprotegidos, oferece o acessório e ainda engaja-os na causa. "Não encontrei ninguém que não tenha agradecido e colocado."


A peça já havia sido usada massivamente em outros protestos mesmo antes da pandemia. No ano passado, ela se tornou símbolo dos manifestantes pró-democracia de Hong Kong. "Saíamos com máscaras, mas elas serviam para nos proteger de gás e bombas", explica o ativista Tam Tak-Chi. Muitas eram antitóxicas, não cirúrgicas. E não funcionavam como cartazes.

Publicidade


Em audiência no Congresso dos EUA no último dia 10, o irmão de Floyd, Philonise, estampou três frases na sua máscara: "justiça para Floyd", "vidas negras importam" e "eu não consigo respirar".


Apesar do teor político, a ativista McNally diz que o objetivo imediato da distribuição continua sendo o mais óbvio: proteger os manifestantes do novo coronavírus. "Não queremos colocar a vida dessas pessoas em mais perigo ainda."

Publicidade


Ela lembra que as comunidades negras e de baixa renda concentram casos e mortes por coronavírus de maneira desproporcional nos EUA.


As organizações de que McNally participa estão promovendo treinamentos e distribuindo kits para tentar minimizar os riscos. Levar álcool em gel e tentar manter a distância são algumas das recomendações que, como ela mesma reconhece, não estão sendo seguidas à risca. "Manter o distanciamento social não está funcionando tanto, mas eu vi mais pessoas usando máscaras do que não usando."

Publicidade


No Brasil, a estratégia foi absorvida tanto por apoiadores de Jair Bolsonaro quanto por movimentos de oposição.


"As pessoas estão fazendo máscaras de diferentes modelos, estampas, de clubes de futebol. E nós estamos fazendo com as nossas palavras de ordem", afirma Atnágoras Lopes. Ele é membro da Central Sindical Conlutas, que nas últimas duas manifestações contra o governo distribuiu máscaras em que se lia "Fora Bolsonaro e Mourão" acima do logo da entidade. Só em São Paulo, eles já foram mil peças.

Publicidade


O outro lado também lança mão dessa nova ferramenta. No fim de maio, a deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF) acumulou mais uma polêmica ao usar uma máscara em que se lia "e daí?" durante sessão plenária da casa. A frase havia sido dita por Bolsonaro dias antes, ao ser questionado sobre o número de mortes pela pandemia.


No Twitter, ela disse que a máscara fora doação de um fã. A expressão, segundo ela, fazia referência a um vídeo que dizia frases como: "e daí que cidadãos de bem estejam apanhando da polícia e guardas municipais pelo simples exercício de seu direito constitucional de ir e vir?".

Publicidade


O presidente passou a usar o acessório no meio de março. Ainda assim, ele não atende a critérios objetivos. Nas manifestações a que comparece, onde há aglomerações, não é visto com o item de proteção.


A atitude de Bolsonaro não foi inspirada no presidente dos EUA, Donald Trump. O republicano não tem seguido a recomendação de especialistas. No fim de maio, afirmou que não usou a máscara em visita a uma fábrica para "não dar esse prazer à mídia".


Outros líderes de direita no mundo seguem a mesma cartilha. Boris Johnson, premiê do Reino Unido, tampouco é visto se protegendo, mesmo após ter contraído o vírus.


Para Jennifer Berdahl, professora de psicologia social da Universidade da Columbia Britânica, a máscara não é apenas mais uma plataforma de protesto. O não uso da peça também é visto como uma afronta pela pesquisadora. "Foi uma reação da direita, em grande parte alimentada por pessoas como Trump, que estavam zombando das preocupações com o coronavírus."


Berdahl usa um de seus temas de estudo para explicar o fenômeno: as relações de gênero. Para a acadêmica, Trump deu o exemplo de que "homens de verdade não usam máscaras". Ela identificou alguns pontos da "masculinidade tóxica", como denominou, que podem se relacionar a esse comportamento.

"Usar uma máscara significa admitir que eu posso ficar doente, estou seguindo as regras e estou ouvindo os cientistas."


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo