Wanessa Camargo contou recentemente no BBB (Big Brother Brasil) 24 que se submeteu a uma cirurgia de endometriose antes de ter filhos, já que era uma situação incômoda para ela em vários momentos. Para saber mais sobre o assunto, duas ginecologistas falam a respeito da doença. Confira:
A endometriose é uma condição ginecológica inflamatória e crônica em que o endométrio, tecido que reveste a camada interna do útero, cresce em tecidos e órgãos fora do útero, como nos ovários, trompas, bexiga, intestino, entre outros. Alguns dos sintomas comuns são cólicas intensas durante a menstruação, alteração do padrão intestinal no período, dores durante o ato sexual, sintomas urinários e dificuldade para engravidar.
Endometriose x adenomiose
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Segundo Suzana Lessa, ginecologista afiliada do Instituto Nutrindo Ideias, a endometriose e a adenomiose são duas condições ginecológicas relacionadas ao tecido endometrial. Ambas têm fatores em comum, já que apresentam o crescimento anormal do endométrio.
Porém, no caso da endometriose, o crescimento endometrial é fora do útero e, na adenomiose o crescimento anormal do tecido endometrial se dá dentro da parede muscular do útero. Na adenomiose o útero fica com um volume aumentado e pode apresentar sintomas como menstruação com fluxo intenso e prolongado, além de cólicas e dificuldade para engravidar.
Dificuldade para engravidar
Layna Almeida, ginecologista do Instituto Nutrindo Ideais, diz que mulheres com endometriose apresentam um ambiente mais inflamatório na região da pelve que pode estar relacionado com a infertilidade. Além disso, pode haver alterações na função das trompas pela inflamação e aderências, mais dificuldade no processo de ovulação com diminuição da qualidade do óvulo e ainda questões imunológicas. E isso pode levar à dificuldade de engravidar.
Lessa completa que nem todas as mulheres com endometriose terão problemas para engravidar. Estima-se que aproximadamente 30% a 50% das pessoas que têm endometriose tenham dificuldades para engravidar e o grau de dificuldade vai depender de onde estão os focos de endometriose. Nos casos em que há lesões de endometriose em ovário, pode levar a uma alteração da função ovariana, interferindo na na produção, liberação e qualidade dos óvulos. Quando há focos da endometriose nas trompas, pode ser um fator limitante para a fertilidade, já que pode dificultar a dos óvulos fertilizados para serem implantados no útero. Além de alterações no ambiente uterino, como a inflamação, tornando-o menos receptivo à implantação do embrião.
Dores na relação sexual
É um sintoma comum da endometriose. Acontece por conta da presença de tecido endometrial fora do útero, que pode irritar os órgãos pélvicos e causar inflamação, gerando dor de intensidades variadas e a depender da posição realizada durante o ato sexual e fase do ciclo menstrual.
É hereditário?
As ginecologistas apontam que o grau de parentesco interfere. Se for de primeiro grau, há mais chances de desenvolver a doença. Entretanto, apesar de já ter sido identificado alguns genes específicos que podem estar associados, ainda não é completamente compreendido como se dá a herança genética da endometriose.
Causas
Ainda não estão totalmente elucidadas. Mas há algumas teorias que explicam a presença desse tecido semelhante ao endometrial em outros órgãos. Uma das possibilidades seria a chamada menstruação retrógrada que de forma simples, quando a menstruação acaba passando pelas trompas, o que poderia causar implante deste tipo de célula.
Outras hipóteses incluem a capacidade que algumas células têm de se transformar em um tipo diferente. Assim, células presentes em alguns órgãos teriam a capacidade de se tornarem células semelhantes às encontradas na camada de dentro do útero. Há também estudos mostrando que podem ter fatores genéticos que contribuem para o desenvolvimento da doença.
Quais os tratamentos não cirúrgicos? Quando a cirurgia é necessária?
Para definir o melhor tratamento, é necessário avaliar em que fase da vida essa mulher se encontra, pois caso ela deseje engravidar no momento, o tipo de abordagem será diferente. De uma forma geral os tratamentos não cirúrgicos estão ligados a tratamentos hormonais, e geralmente são utilizados anticoncepcionais hormonais combinados ou métodos hormonais apenas com progestágeno.
A cirurgia pode ser necessária no caso de falha no tratamento clínico (ou seja, a mulher continua com dor mesmo com as medicações), em alguns casos de infertilidade, quando a endometriose compromete a funcionalidade de órgãos e em endometriomas volumosos.
Terapia hormonal
É eficaz no controle da dor na maioria dos casos. Os prós estão relacionados à melhora da dor e retomada da qualidade de vida. Os contras podem estar relacionados ao fato de ocorrer bloqueio do ciclo natural da mulher afetando a ovulação e a produção hormonal cíclica feminina.
Relação com outros problemas de saúde
Por ser considerada uma doença inflamatória crônica e ter a capacidade de atingir diversos órgãos, a endometriose pode se manifestar de outras formas. Além de alterações específicas dos locais acometidos, como intestino, por exemplo, mulheres com endometriose têm mais chance de desenvolver ansiedade, depressão e sintomas como fadiga. Tal fato pode ocorrer tanto pela existência da dor crônica como também pode ser influenciado pelo estado inflamatório característico dessa doença.
Conselho em caso de suspeita
Procure ajuda especializada. Não é fácil viver com endometriose, mas tem muitos tratamentos eficazes. Além disso, a orientação é que procure ter um estilo de vida saudável, praticando atividade física, evitando alimentos industrializados e diminuindo o consumo de bebidas alcoólicas.