Levantamento produzido pelo Instituto Patrícia Galvão revela que 76% das mulheres já foram alvos de violência no ambiente de trabalho. De acordo com o relatório, elaborado com o apoio da Laudes Foundation e divulgado nesta segunda-feira (7).
Quatro em cada dez foram alvo de xingamentos, insinuações ou receberam convites de colegas homens para sair. A mesma proporção aplica-se a casos em que as trabalhadoras tiveram seu trabalho supervisionado excessivamente. Uma parcela significativa delas também vivencia situações de depreciação das funções que exercem, tendo suas observações desconsideradas (37%), ganhando um salário menor do que colegas homens com o mesmo cargo (34%), recebendo críticas constantes sobre o esforço com que exercem as atividades (29%).
Colegas homens também são responsáveis por constranger as mulheres de outras formas, como elogiar de forma constrangedora (36%). A tentativa de se exercer poder sobre as mulheres se deu através de outras formas, como ameaças verbais (23%) e a discriminação por conta da aparência física ou idade das trabalhadoras (22%).
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Um dos comportamentos mais graves que atingem as trabalhadoras é a agressão, categoria do estudo que engloba tanto os casos de assédio como abuso. Esse tipo de episódio, que configura crime, atinge 12% das mulheres entrevistadas pelo instituto. Além disso, 4% foram alvos de agressões físicas no ambiente de trabalho.
Embora as estatísticas preocupem têm deixado de adotar procedimentos mais rigorosos. Em apenas 34% dos casos denunciados aos gestores, a empresa ouviu o relato do alvo e puniu o agressor. Em 12%, a empresa sequer ouviu o alvo.
O estudo destaca, ainda, que, em apenas 28% dos casos relatados, o alvo soube que o agressor sofreu alguma consequência. Em 39% dos episódios, o alvo ficou sem informações sobre as medidas tomadas para penalizar o agressor e em 36% nenhuma sanção foi aplicada.
Impacto da violência doméstica
A violência de gênero cometida em casa também é um aspecto abordado pela pesquisa, que indica que, para sete em cada dez pessoas consultadas, os alvos apresentam um desempenho pior no trabalho. Um dado relevante sobre a percepção em torno da questão é que mais da metade dos entrevistados desconfia de que uma colega sua seja alvo de violência doméstica.
No total, foram consultadas, via plataforma online, 1.500 pessoas, das quais 1 mil eram mulheres e 500 homens, todos com 18 anos de idade ou mais, entre 7 a 20 de outubro. A margem de erro é de 2,9 pontos percentuais. A pesquisa pode ser conferida, na íntegra, pelo site do instituto.