O Coronavírus mudou as relações de trabalho e causou atrasos em diversos projetos em todos os setores, e apesar de toda a população estar sentindo os efeitos da pandemia, pesquisas revelam que a situação vem sendo mais difícil ainda para as mulheres.
As cientistas são um bom exemplo desse presumido. De acordo com a pesquisa da Parents in Science, apenas 49,8% das mulheres entregaram artigos científicos conforme o planejado por elas. Já no caso dos homens, 68,7% conseguiram seguir com seus trabalhos e submeterem suas pesquisas dentro do prazo estipulado. O impedimento é ainda maior no caso de mães – 52% delas não podem finalizar seus levantamentos.
Os resultados do questionário online que foi respondido por mais de 15 mil atuantes nas áreas da ciência, entre pós-graduandos, pós-doutorandos e pesquisadores, apontam que apenas 8% das mulheres docentes estão conseguindo trabalhar remotamente, enquanto 18,3% dos homens responderam que estão trabalhando de casa.
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Essas dificuldades podem ser explicadas pelo aumento da carga de afazeres das mulheres que têm que conciliar os cuidados com a casa e família com o trabalho remunerado. A apuração realizada pela Sempreviva Organização Feminista (SOV) revela que cerca de 50% das brasileiras de áreas urbanas passaram a cuidar de alguém durante a pandemia; dessas 52% são negras, 46% brancas e 50% indígenas. Em espaços rurais, o número sobe para 62%. Elas cuidam não apenas de filhos, mas também de idosos e pessoas com deficiência e a grande maioria (72%) afirma que a necessidade de cuidar e fazer companhia a esse grupo de pessoas cresceu durante o isolamento.
Mulheres são minoria nas ciência
Essa disparidade foi intensificada na pandemia, mas já existia antes dela. De acordo com a Academia Brasileira de Ciência, o número de mulheres atuantes como pesquisadoras se apresenta menor do que o de homens, somando apenas 14% do grupo de cientistas brasileiros. A distribuição delas nas áreas da ciência é a seguinte: 8,9% nas Engenharias, Exatas e Ciências da Terra; 20,4% nas Ciências da Vida; e 18,2% nas Humanidades e Ciências Sociais Aplicadas.
Especialistas afirmam que a falta de incentivo e representatividade tem grande parcela de culpa na falta de participação das mulheres nas ciências, já que muitas que passam por orientações profissionais aprofundadas, ou até mesmo realizam testes vocacionais rápidos, que têm como resultado áreas de atuação como essa, preferem não seguir a carreira por não se enxergarem nestes cargos.