Ainda não é possível definir como as marcas desta edição virtual da São Paulo Fashion Week vão encarar o desafio de mostrar roupas e, ao mesmo tempo, comunicar uma mensagem que justifique a existência dessa espécie de passarela. O que já se sabe, porém, é que haverá uma enxurrada dos chamados "fashion filmes".
O formato de apresentação foi explorado nas últimas semanas internacionais de moda pelas marcas que, impedidas de aglomerar convidados, ou investiram em superproduções cinematográficas ou gravaram desfiles prévios.
Fernanda Yamamoto abriu os trabalhos com uma apresentação dirigida pelo diretor criativo Ítalo Massaru, um vídeo com trilha composta pelo Coral Jovem do Estado.As roupas exploram o conceito de palíndromos, criados pela artista Clarisse Romeiro e impressos como carimbos.
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Além de palavras que podem ser lidas, indiferentemente, da esquerda para a direita ou vice-versa, há outras que assumem outro significado como "mãos" e "soam".
"É uma representação do momento em que vivemos, de dualidade, em que precisamos ouvir e perceber outros sentidos para os fatos", afirma Fernanda Yamamoto.
Não há modelos, e as peças voam pelo filme, enquanto as vozes conjuram a ideia de fluxo de ideias díspares. As roupas têm os drapeados, as modelagens soltas e os grafismos que identificam a grife.
Na apresentação do baiano Victor Hugo Mattos, texturas aparecem em peças com muitas aplicações pelos looks, vestidos pela modelo de ascendência indígena Emilly Nunes.
Houve esforço para ampliar as possibilidades da linguagem cinematográfica, enquanto um texto era narrado pela voz lânguida da cantora Letrux. É uma moda bem bordada, que às vezes resvala em excessos, mas atinge um ponto certo ao se mostrar uma peça de arte para as tomadas.
A estreia da ex-sócia da grife Neon, Rita Comparato, com sua Irrita, teve ares caseiros. O vídeo foi filmado em um apartamento com os carros e o caos da cidade ao fundo.
Os conjuntos estampados que a identificam e um bom trabalho de modelagem vestiram mulheres que se debatiam, dançavam e se expressavam como se estivessem ansiosas, presas em espaços minúsculos, como a maioria das pessoas se viu durante o auge do distanciamento social imposto pela pandemia.