Como garantir a dignidade dos trabalhadores que fazem roupas e mobilizar a sociedade por uma indústria da moda que considere as pessoas e o planeta? Esse é o desafio proposto pela Semana Fashion Revolution 2021, que acontecerá de 19 a 25 de abril em formato digital.
O evento surgiu como uma forma de relembrar o desabamento do edifício Rana Plaza, em Blangadesh. No acidente, 1.100 pessoas morreram e mais de 2.500 ficaram gravemente feridas, muitas incapacitadas de trabalharem novamente. Além disso, adere a um movimento global, sendo uma organização sem fins lucrativos que luta, desde 2013, para que a moda seja mais limpa, segura e consciente, trazendo um poder de transformação positivo.
A Semana Fashion Revolution deste ano propõe a discussão sobre direitos, relacionamentos e revolução. De acordo com os organizadores do evento, a moda não é um item isolado da humanidade e, por isto, é necessário direitos da natureza precisam ser reconhecidos e os Direitos Humanos garantidos para todos. O evento ainda cria um alerta para a conscientização de quem produz nossas roupas na perspectiva de raça e gênero e na lógica linear de superprodução, consumismo e descarte.
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Um dos movimentos da organização é o "Quem Fez Minhas Roupas”, que dar maior protagonismos a quem faz as roupas que vestimos e, assim, incentivar a responsabilidade e transparência por parte das marcas. Julia Garcia Barbosa, formada em Design de Moda e especialista em produto e comunicação, é representante local do Fashion Revolution em Londrina e explica um pouco mais sobre a luta. "Esse movimento faz com que a gente lembre que existem pessoas por traz das nossas roupas. Elas (roupas) não surgem na arara da loja”.
A estudante convida os consumidores a tirarem uma foto com uma etiqueta da roupa cobrando das marcas maior consciência ambiental, transparência e responsabilidade social, com as hashtags #quemfazminhasroupas, #doqueéfeitominhasroupas e #acordequemfezminhasroupas. Para quem também tiver interesse em defender o movimento, o Fashion Week disponibilizou materiais para consumidores e marcar colarem em vitrines e janelas a fim de conscientizar a população sobre a indústria da moda.
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Preocupados com as perspectivas sociais, o evento abordará sobre o racismo ambiental e os descuidos com alguns povos específicos e povos não brancos que são submetidos a mais exploração e poluição, além de muitas vezes estarem sujeitos a trabalhos análogos à escravidão. "Quando a gente pensa em designer e estilistas famosos, nos remetemos, normalmente, a homens brancos e ricos. Por outro lado, quando pensamos em industrias e fábricas com condições péssimas de trabalhos, geralmente são em países mais pobres e menos leis trabalhistas. Então, esse 'preço' da indústria da moda é sempre direcionado a mulheres não brancas, explica.
A Semana Fashion Revolution é horizontal, colaborativa e aberta. Está sendo articulada em ações online por 65 representantes, 65 estudantes e 22 docentes embaixadores voluntários em parceria com atores da cena local.
Entre os destaques da programação estão a abertura da Semana Fashion Revolution, que acontecerá dia 19 de abril às 14h30 com transmissão ao vivo pelo Youtube do Fashion Revolution Brasil. Também acontecerá a primeira Exposição Colaborativa de Cultura de Moda Brasileira, que tem como objetivo reunir aspectos da cultura de moda brasileira nas perspectivas regionais a partir de olhares individuais, provocando uma percepção descolonizada e diversa. As inscrições estão abertas para o público em geral, que poderá participar através do envio de fotos, ilustrações, imagens e vídeos de peças de artes, roupas, têxteis, matérias-primas, adereços, acessórios, artefatos e outros registros de saberes locais.
Sob supervisão de Larissa Ayumi Sato.