Com o avanço da tecnologia e a expansão do universo digital, conceitos no mínimo estranhos, como a febre das roupas digitais, encontram espaço na sociedade. Em certo nível, é difícil imaginar uma peça de roupa que não pode ser manuseada e nem usada no "mundo real”, tendo como enfoque o uso exclusivo em fotos nas redes sociais, vídeos veiculados na internet ou propagandas para a televisão.
Na realidade, as roupas virtuais fazem sentido, já que elas acabariam com a necessidade do envio de roupas exclusivas para serem fotografadas, prática comum no universo de blogueiros e celebridades, que divulgam a marca por meio de parcerias e usando as peças para tirar fotos e gravar vídeos. Além disso, o uso de uma roupa criada para o ambiente virtual democratiza peças que, de outra forma, seriam inacessíveis, permitindo que qualquer pessoa em qualquer lugar explore ao máximo o universo da moda.
As peças são manipuladas virtualmente, com o uso de softwares 3D para se encaixar nas fotos do usuário de maneira verossímil, se adaptando a qualquer tamanho e tipo de corpo. Preocupações como a medida da roupa ou dificuldades no ajuste de determinado tecido desaparecem, abrindo margem para infinitas possibilidades. Uma das primeiras peças de roupa virtual foi leiloada em 2019 por US$ 9.500. A peça foi criada pela marca holandesa The Fabricant, que era especializada no universo da criação de avatares. Considerada uma das pioneiras desse mercado, hoje, a marca produz exclusivamente para a multimarca Dress-X.
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Outra marca pioneira da área é a escandinava "Carlings”, que produz peças virtuais sem gênero ou tamanho e que se adaptam digitalmente para cada foto. Além disso, as produções são extremamente exclusivas, com cerca de apenas 12 peças vendidas. A multimarca Dress-X vende peças exclusivamente virtuais, e, para adquirir, basta que o cliente envie suas fotos à empresa e escolha a peça. O preço varia de acordo com a complexidade da produção, variando entre US$ 25 e US$ 200.
Pontos positivos da moda virtual
O cenário das produções virtuais foi uma peça-chave para a moda durante a pandemia causada pelo novo coronavírus. Várias grifes apostaram na tecnologia para produzir desfiles de moda online com o uso de modelos e roupas virtuais, com programas e softwares etnológicos que garantiram a realização de eventos e até semanas de moda pelo mundo. Outra questão que soma pontos positivos para as roupas digitais é a sustentabilidade, já que todas as etapas da produção de uma peça – extração de matéria-prima, embalagem e comercialização – afetam o meio ambiente em certa medida. O consumo de peças que são usadas uma única vez, para uma divulgação de marca ou sessão de fotos, também diminuiria.
É interessante imaginar como a evolução dessa ferramenta pode afetar o futuro, uma realidade em que seu uso esteja disseminado e fazendo parte do dia a dia da maioria das pessoas. Um software para prova de roupas, por exemplo – indo desde vestidos de grife, passando por peças cotidianas e até sutiãs ou cuecas –, facilitaria muito o processo de compra, além de ajudar o cliente a ter certeza do caimento da peça, sem precisar provar pessoalmente.