"Quando eu coloco uma peça com manga bufante, me sinto poderosa", afirma a empresária Natalia Fialho, 30 anos, declaradamente apaixonada pelo modelito.
Aposta da vez no universo da moda, as mangas bufantes dominaram o tapete vermelho do Globo de Ouro, no início de janeiro. Em versões exageradas ou românticas, nos ombros ou nos punhos, as mangas bufantes marcaram presença em looks de celebridades como a diva Beyoncé e a atriz Dakota Fanning.
A moda pegou no Brasil, e famosas como Deborah Secco e Carolina Kasting escolheram vestir peças de mangas amplas no evento de lançamento da novela "Salve-se Quem Puder" (Globo), há duas semanas.
Nas ruas a tendência também chegou, e as lojas do país oferecem gama variada de opções. "Tenho casaco, cropped, blazer, vestido, diferentes peças com mangas bufantes", conta Fialho, que se diz amante da moda dos anos 1980.
De acordo com o jornalista Pedro Diniz, especialista em moda, a inspiração é o romantismo do século 19, também observado na década de 1980. "A moda vai revisitando séculos passados, e grandes grifes como Dior e Balmain começaram a olhar de novo com mais atenção para os ombros", afirma. Diniz lembra que a manga bufante começou a ser resgatada em 2017 e aposta que as peças continuarão em alta até 2021.
Márcio Banfi, professor da Faculdade Santa Marcelina, diz que qualquer pessoa pode usar um modelito de mangas bufantes –segundo ele, a moda está cada vez mais democrática e tem deixado de lado "comportamentos tóxicos" ou excludentes. Além disso, Banfi afirma que há mais disposição em ousar. "As pessoas voltam a tentar se destacar, se arriscam mais."
Natália Fialho diz que é isso que sente. "Gosto de ter algo no look que chame muita atenção." Embora se sinta poderosa com mangas bufantes, a empresária entende que a roupa, por si só, não empodera ninguém. "Sentir-se bem com o que você está usando, isso sim faz com que você seja poderosa."
O professor Marcelo Banfi concorda: "A sensualidade não está na roupa, mas sim na atitude".
Peça é marca da cantora Duda Beat, fã da moda da década de 1980
Se no dia a dia a mulher brasileira prefere mangas bufantes mais discretas, o mesmo não pode ser dito da cantora Duda Beat, 32 anos, que ganhou fama nacional em 2018 com o hit "Bixinho".
Amante de moda, a artista é famosa também pelos seus looks e não esconde a paixão pelo exagero. "Minha década favorita da moda é a de 1980. Adoro o drama e o exagero que vêm desse período", conta. "Daí também que vem a minha história com as mangas bufantes, que são românticas e dramáticas bem como eu sou nas minhas canções", completa Duda, que ficou conhecida como "rainha da sofrência pop".
A cantora ressalta que, em se tratando de moda, é importante buscar o que faz bem.
"Eu defendo que a gente use a moda para se divertir e se expressar. Não gosto desse outro lado, pesado e cheio de regras, com padrões inalcançáveis e tendências que mudam toda hora", afirma. "Eu uso a moda de uma forma bem livre e permissiva. É uma maneira de colocar para fora as referências que eu carrego comigo e que me fazem ser quem eu sou."
(ABG)