A arte de tatuar o corpo é uma prática milenar. Os egípicios já utilizavam a tatuagem para diferenciar tribos, marcar acontecimentos importantes e principalmente como ato religioso. Mesmo passados mais de cinco mil anos, a técnica de imprimir desenhos na pele não mudou quase nada. No entanto, houve grandes avanços nos cuidados com a pele e com a higiene. As regras para evitar infecções, alergias e contaminações são essenciais para deixar o procedimento mais seguro.
O tatuador Edgard Ghilardi Junior, conhecido como Dada, do Dada Tattoo Studio, reforça essa ideia e diz que é preciso ter muita atenção na hora da escolha do estúdio de tatuagem. "Verificar se o ambiente está de acordo com as normas de higiene, ver fotos de trabalhos já realizados e conversar com o tatuador é importante para poder escolher o profissional certo", afirma Dada.
Estúdios de tatuagens passam por uma inspeção anual da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), onde é verificada a estrutura e assepsia do estabelecimento, por isso, peça sempre o alvará de funcionamento desses locais. Tintas, agulhas e acessórios também devem ter registro sanitário. Henrique Mattos, tatuador da New Wind Tattoo analisa que ter responsabilidade na hora de decidir quem vai deixar uma marca permanente na sua pele é indispensável para evitar problemas futuros.
Durante
Depois de ter escolhido o estúdio e o profissional, está na hora de sentir na pele as agulhadas. Mas antes preste atenção se o tatuador lava as mãos com água, sabonete e álcool 70% antes do procedimento. Mesmo com as mãos lavadas, é imprescindível o uso de luvas. A área da pele onde será feita a tatuagem também deve ser lavada e limpa com álcool para total desinfecção.
As agulhas que serão utilizadas devem ser descartadas após o uso, por isso exija que o profissional abra a embalagem na sua frente, assim você terá certeza que ela não ainda foi usada. Certifique-se também de que o estúdio esteriliza materiais não descartáveis, como a ponteira da máquina onde a agulha é encaixada. A esterilização deve ser feita em autoclave (aparelho que utiliza a pressão para esterilizar materiais cirúrgicos), onde a ponteira deve ser deixada por aproximadamente 40 minutos, segundo Dada. Antes da esterilização é necessário lavar a biqueira em água corrente com uma escova e colocá-la em uma cuba ultrassônica por 30 minutos. Depois é preciso deixá-la em um recipiente com produtos químicos específicos para limpeza de peças cirúrgicas de 2 a 24 horas. Após esse período, a biqueira deve ser envelopada e levada à autoclave.
A tinta a ser utilizada deve ser colocada em pequenos copinhos e o que restar deve ser descartado, não podendo nunca ser reutilizada em outra tatuagem. Henrique adverte que a tinta também tem contato com o sangue e pode transmitir doenças, caso seja compartilhada.
Reações alérgicas à tinta podem acontecer, mas não são comuns. Dada afirma que não é possível diagnosticar se isso irá ocorrer ou não. "Não existem testes que comprovem a alergia, então é preciso ter atenção para ver como a pele reage", aponta o tatuador. Segundo Henrique, as cores que mais apresentam possibilidade de hipersensibilidade são as vermelhas e azuis. "Elas possuem em sua pigmentação maior quantidade de ferro e mercúrio, que acabam tendo maior probabilidade de desenvolver alergias", relata Henrique. Caso você perceba que está saindo muita secreção da tatuagem e a vermelhidão não diminui, procure um dermatologista.
Depois
A parte mais importante da tatuagem é a cicatrização. Edgard lembra que o êxito não depende apenas do profissional, mas também dos cuidados que o cliente tem depois de feita a tatuagem. "Para um trabalho bonito, 50% da responsabilidade é minha e 50% é do cliente", afirma.
Os profissionais enfatizam a necessidade de cuidados nessa fase e dão dicas que ajudam na hora da cicatrização: