Um momento muito delicado na vida dos bebês é quando eles precisam receber outros alimentos além do leite materno. Infelizmente, há erros que colocam em risco a saúde das crianças, como a oferta de chás, mate, refrigerantes, café, achocolatados, biscoitos e outros alimentos industrializados. Estas bebidas e produtos geralmente têm em sua fórmula muito sal (sódio), açúcar, gorduras trans, conservantes, corantes, além de serem caros e impróprios para serem ingeridos nesta fase inicial da vida.
O termo utilizado para a introdução de novos alimentos e bebidas somada à amamentação é "Alimentação Complementar". As comidas devem ser "complementos" – tornar completo – como mais uma fonte de energia e nutrientes que, sim, já são garantidos com o leite materno. A recomendação da Organização Mundial de Saúde, do Ministério da Saúde e da classe médica pediátrica é que a amamentação continue até 2 anos ou mais.
O tema "Comida Caseira" é para reforçar que crianças pequenas devem ser alimentadas com a mesma comida de suas famílias, só que com adaptações. Isto não significa deduzir que aos seis meses os bebês podem mudar diretamente da amamentação exclusiva para comer exatamente as mesmas refeições da família. Bebês maiores e crianças pequenas precisam receber os alimentos mais nutritivos da alimentação familiar, apropriadamente preparados (amassados, cortados) para desenvolverem suas habilidades para comer.
Uma das maiores dificuldades em alimentar corretamente um bebê é a presença dos 'palpiteiros' de plantão: avós, tias e até amigas que acham que após os 6 meses a criança já pode comer de tudo. No almoço em família tem massas, carnes e sobremesas e, na maioria da vezes, a pergunta que mais se ouve sobre a 'sóbria' comidinha do bebê é: "Tadinho, ele vai comer só isso?". Sim, ele vai comer TUDO isso! Um pratinho bem elaborado tem tudo que o bebê precisa. E ele não vai perder nada se não comer as besteiras que as pessoas acham tão indispensáveis.
E, ao contrário do que muitos acreditam, existem diversos alimentos que não devem ser oferecidos aos pequeninos até que eles completem 2 anos ou mais.
Leite desnatado - A maioria das crianças dessa idade precisa das calorias e da gordura presentes no leite integral para crescer (reforçando que o ideal ainda é o leite materno). Até a gordura é saudável, pois existem vitaminas que são lipossolúveis, ou seja, precisam da gordura para ser absorvidas. Depois que a criança fizer 2 anos, dependendo da situação, o pediatra pode orientar a adoção de um leite semidesnatado.
Chocolate, balas e pirulitos - O chocolate é rico em açúcar, gordura e cafeína, e até os 2 anos o açúcar deve ser evitado ao máximo. Pelo mesmo motivo balas e pirulitos também estão proibidos nesta fase. Além de conterem açúcar em excesso, esses doces ainda oferecem risco de a criança engasgar.
Achocolatados - Mais uma vez, açúcar demais! Seja na versão em pó ou pronta (de caixinha), o melhor é não oferecê-los aos bebês.
Café - É rico em cafeína. Estudos sugerem que o consumo moderado de café só aconteça após os 3 anos.
Salgadinhos e biscoitos doces - Contêm excesso de sódio, ingredientes transgênicos, glutamato, gorduras e corantes. Prefira as versões caseiras.
Embutidos e comidas prontas - Salsichas, presunto, peito de peru, mortadelas e salames são ricos em sódio, conservantes e corantes e são pobres em nutrientes. Dê preferência aos queijos brancos. O mesmo vale para os alimentos comprados prontos, como nuggets, hambúrgueres, almôndegas, lasanhas e pizzas.
Refrigerantes - Neles tudo é artificial. Então...
Bebidas lácteas e fermentadas - A grande maioria dos iogurtes, assim como os famosos petit suisses, têm açúcar, corantes e conservantes. Opte pelas versões naturais. Para adoçar bata com frutas. Já as bebidas fermentadas têm a vantagem dos probióticos, mas também devem ser evitadas pelo excesso de açúcar.
Bebidas à base de soja e sucos industrializados - O consumo de soja não é recomendado para bebês, pois o grão oferece alto risco de alergias. Quanto aos sucos, fuja das versões prontas, que são ricas em açúcar e conservantes.
Macarrão instantâneo - É a festa do sódio, tanto no macarrão quanto na mistura que dá sabor ao macarrão. Além disso, é só carboidrato. Esqueça esse 'alimento'.
Gelatina - Tem corante, açúcar e nada mais. Libere o consumo somente após os 2 anos.
Mel - As crianças não devem ingerir mel antes do primeiro ano de vida. O alerta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é baseado em estudos que mostram a presença de bactérias causadoras do botulismo intestinal em amostras de mel. O botulismo é uma intoxicação alimentar que atinge o sistema nervoso e pode causar tremores, dificuldade de deglutição, moleza no corpo e falta de apetite. Em casos mais graves, há o risco de insuficiência respiratória e de complicações neurológicas. De acordo com o Guia Brasileiro de Vigilância Epidemiológica, a doença é responsável por 5% das mortes súbitas em crianças menores de 1 ano de idade.
Segundo o pediatra Moisés Chencinski, de São Paulo, isso acontece porque o sistema gastrintestinal da criança ainda não está totalmente desenvolvido. Já a garotada mais velha, assim como os adultos, elimina o bacilo Clostridium botulinium, o responsável pelo problema, sem dificuldade. Por isso, não corre o risco de sofrer intoxicação.
De olho nas alergias
Existe certa polêmica entre os especialistas quanto à estratégia de adiar ao máximo a introdução de alimentos que possam causar reações alérgicas. A recomendação mais tradicional é, no caso de crianças com familiares alérgicos, esperar até 1 ano para dar pela primeira vez alimentos como clara de ovo e frutas vermelhas.
Mas estudos começaram a demonstrar que esse tipo de atitude não evita o surgimento da alergia. De qualquer forma, quanto maior a criança, melhor ela poderá se expressar se estiver sentindo alguma coisa diferente.
Clara de ovo, amendoim, castanhas, frutos do mar e peixes são os alimentos que mais causam alergia, além de leite, trigo e soja. Componentes de alimentos industrializados, como corantes, também podem causar reações alérgicas.
Quando você for dar algum desses alimentos pela primeira vez ao seu filho, observe-o bem, e não dê muitas novidades ao mesmo tempo, assim fica mais fácil de identificar uma possível reação. (Fontes: Baby Center Brasil, Bebe.com.br, Maternidade Colorida e Marcus Renato, pediatra especialista em puericultura)