A cada cinco minutos um brasileiro morre em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e as mulheres são as mais afetadas. Segundo o estudo de Framingham, uma em cada cinco tem risco de ter um AVC na vida, enquanto que para o sexo masculino, essa taxa seria de um em cada 61.
Foi pensando nisso que a World Stroke Organization (em tradução literal, Organização Mundial de AVC) escolheu o impacto da doença nas mulheres como o tema da campanha deste ano para o Dia Mundial do AVC, celebrado no dia 29 de outubro.
"Mesmo quando não são elas que sofreram um derrame, geralmente recai sobre as mulheres a responsabilidade de cuidar de um familiar que tem a doença, seja o marido ou os pais", comenta Sheila Martins, presidente da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares (SBDCV).
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Genética, hormônios, anticoncepcionais e fatores sociais e culturais influenciam para que a doença se manifeste de forma diferente entre a população feminina. O AVC costuma acometer as mulheres em uma idade mais avançada em relação aos homens e isso faz com que elas tenham uma recuperação mais difícil e maior taxa de mortalidade em decorrência da doença.
Além de apresentarem mais sintomas não específicos, as mulheres também têm mais chance de sofrer de AVCs recorrentes. Pacientes que já sofreram um derrame têm de 30 a 40% mais chance de ter um segundo dentro de cinco anos.
A doença
O AVC acontece quando há o entupimento dos vasos que levam sangue ao cérebro (AVC isquêmico) ou quando ocorre o rompimento do vaso provocando sangramento no cérebro (AVC hemorrágico). O impacto na qualidade de vida dos pacientes em função de sequelas físicas e mentais costuma ser significativo. Após um AVC, 70% dos pacientes não retomam suas atividades e 30% passam a precisar de auxílio para caminhar.
Além da questão da incapacidade, a doença tem também um impacto econômico importante. Cada paciente acometido por um AVC isquêmico (85% dos casos) acarreta um custo médio de R$ 5 mil reais para o SUS e cerca de R$ 16 mil para a saúde suplementar.
Mais de 20% dos casos de AVC ocorrem por conta de uma arritmia chamada fibrilação atrial. Essa arritmia acontece quando os sinais elétricos do coração falham e levam os átrios (câmaras cardíacas superiores) a se contraírem de maneira irregular. Isso ocasiona um acúmulo de sangue nessas câmaras, pois os batimentos irregulares deixam o fluxo mais lento. Com esse acúmulo de sangue, pode se formar um coágulo, que ao se desprender, circula pela corrente sanguínea podendo chegar ao cérebro, causando um AVC.
Sintomas
Segundo Eduardo Barreto, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e presidente da Sociedade de Neurocirurgia do Rio de Janeiro, o desconhecimento da população sobre os sintomas é uma dos maiores dificuldades no combate ao AVC.
"Um dos maiores problemas que percebemos é o desconhecimento dos sintomas, que servem como sinal de alerta e, se fossem identificados adequadamente, poderiam evitar verdadeiras catástrofes provocadas pelo AVC", disse ele, que citou como principais sintomas a fraqueza ou dormência súbita em um lado do corpo, dificuldade para falar, entender o interlocutor ou enxergar, tontura repentina e dor de cabeça muito forte sem motivo aparente. "Assim que algum dessas situações for percebida, é preciso buscar imediatamente assistência médica de urgência", acrescentou.
Segundo Barreto, quando o atendimento ocorre em tempo hábil é possível submeter o paciente a exames para determinar o tipo de AVC e a área do cérebro atingida e fazer os procedimentos necessários, como a injeção de medicamentos que dissolvem o coágulo. Com isso, as possibilidades de recuperação são muito maiores.
O especialista também afirmou que, sem o diagnóstico precoce, o AVC pode provocar o comprometimento irreversível do cérebro, causando perda da noção das relações - capacidade de o paciente identificar familiares e conhecidos, por exemplo - sequelas motoras, como paralisia de pernas e braços e perdas de linguagem.
Prevenção
O AVC pode não só ser tratado, como prevenido, através de hábitos saudáveis no decorrer da vida, como a prática moderada de exercícios, associados à uma dieta balanceada, sem excesso de açúcar, gordura e sal.