Os cursos de Design de Moda da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e da Universidade Norte do Paraná (Unopar) desenvolveram, em parceria, um projeto sobre os processos de produção da seda, desde a criação do bicho da seda até a fase de exportação do fio pronto.
Eduarda Regina da Veiga, professora de materiais e processos têxteis dos cursos de Design de Moda da UEL e da Unopar, contou que o projeto começou por meio de uma conversa informal e foi tomando forma, até ganhar um espaço na Fazendinha da ExpoLondrina 2017, que terminou no último domingo (9), no Parque de Exposições Governador Ney Braga.
Na estande do projeto "Seda - O fio que transforma" foi possível conhecer toda a cadeia do tecido, com a exposição dos bichos da seda em todos os seus estágios de vida, passando pela produção do fio até a transformação em tecido e como a seda deve ser apresentada para exportação. "A gente aproveitou o nosso potencial intelectual dos dois cursos de de Design de Moda de nível superior de Londrina e o potencial tecnológico que Londrina tem para desenvolver a cadeia produtiva da seda até o final", explicou Eduarda.
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A professora também destacou a sustentabilidade do projeto e os benefícios que ele pode trazer para a região de Londrina. Ela falou da sustentabilidade social, uma vez que pequenas propriedades rurais, se incentivadas, têm grande potencial de produção do bicho da seda, sem contar o cinturão verde de produção que poderá se formar na região, pois a amoreira (planta da qual o bicho da seda se alimenta) não pode ser tratada com agrotóxicos.
Conforme Eduarda, a ideia central do projeto é explorar da melhor maneira todo o processo de produção da seda e incentivar cada vez mais produtores a entrarem no negócio, para gerar mais emprego e renda para Londrina, que possui o melhor fio de seda do mundo. "A gente agrega valor e depois a gente vai exportar o produto com muito mais valor agregado, gerando riqueza e emprego na região", conta.
Segundo a coordenadora do projeto e professora do departamento de Design da UEL, Cristianne Cordeiro, o projeto pode servir de inspiração para quem quer investir no ramo da seda, principalmente por Londrina possuir um produto de qualidade, mas ainda é necessário muito mais investimento. "O que a gente está precisando hoje é de pessoas criativas que saibam transformar essa criatividade em renda", comentou.
Ela contou que o projeto é uma parceria das universidades, o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Projeto Extensão Industrial Exportadora (Peiex) com a empresa Bratac, que forneceu o necessário para montar o estande na ExpoLondrina. Mas a parceria ainda está no início. "Começa com o projeto de pesquisa. A gente quer desenvolver teares com uma qualidade melhor de exportação, nós vamos dar todo o apoio para fazer este processo. A fase da extensão, que é a qualificação, é levar para a comunidade esse conhecimento. Se a gente tem um ativo tão importante como a seda, conhecido mundialmente, vamos trabalhar com isso", concluiu Cristianne.
Processo de fabricação
O processo de fabricação do fio da seda até o tecido passa por várias etapas. Primeiro com o bicho da seda se alimentando da folha de amoreira até chegar em sua quinta idade.
Na fase da quinta idade, o bicho para de comer e começa a procurar um lugar para começar a fiar. Isso se dá em uma estrutura montada pelos sericicultores. Segundo a professora Eduarda da Veiga, após esta etapa, a partir de 10 dias, o casulo, formado pela fibra da seda, está pronto.
Este casulo passa por uma nova fase, com um filamento que contém aproximadamente 1.200 metros contínuos; é nesse estágio que as empresas produtoras do fio da seda vão até os sericicultores para recolher os casulos, levando-os para a fábrica, o que dá início à próxima etapa do processo.
Os casulos são colocados para o cozimento após uma seleção manual feita dentro da fábrica e logo após o cozimento, a fibra começa a ser extraída. A professora também explicou que para fazer um fio com qualidade para exportação, são necessários 30 casulos. "Esse fio é exportado para Itália, China e Japão, onde ele é beneficiado, e a gente importa o tecido."
A estande do projeto na ExpoLondrina chamou bastante atenção durante os dez dias de feira. Com muitas oficinas envolvendo o artesanato feito a partir do fio de seda e até pinturas no tecido, as professoras consideram que a participação foi um sucesso.
Conforme as organizadoras, o projeto já começa a receber respostas, a adesão é grande e, segundo a professora Cristianne Cordeiro, após a ExpoLondrina, o objetivo é conseguir o máximo de captação de recursos financeiros para o desenvolvimento do programa, primeiro como projeto de pesquisa nas universidades, depois como projeto de extensão para a comunidade.