No Brasil, estima-se que o câncer de colo do útero seja a terceira neoplasia mais comum entre as mulheres, superada somente pelo câncer de pele (não-melanoma) e pelo de mama; estima-se também que seja a quarta causa de morte por câncer em mulheres, com mais de 5.060 óbitos em 2009, segundo dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer). Há regiões, porém, em que o câncer de colo de útero é a principal causa de morte por câncer entre mulheres.
Estimativas do INCA para 2012 apontam que para o sexo feminino os cinco tipos de câncer mais incidentes serão os de pele não melanoma (71 mil casos novos), mama (53 mil), colo do útero (18 mil), cólon e reto (16 mil) e pulmão (10 mil).
HPV
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O maior causador do câncer de colo de útero é o vírus do papiloma humano (HPV). Tudo aquilo que aumente o risco de infecção por este vírus constitui um fator de risco para o câncer de colo de útero. Alguns dos principais fatores de risco estão associados às baixas condições sócio-econômicas, ao início precoce da atividade sexual, à multiplicidade de parceiros sexuais, ao tabagismo (diretamente relacionados à quantidade de cigarros fumados), à higiene íntima inadequada e ao uso prolongado de contraceptivos orais.
O vírus do papiloma humano (HPV) tem papel importante no desenvolvimento da displasia (mudanças no padrão) das células cervicais, que são células anormais que revestem o colo do útero. Quanto mais grave for esta anormalidade, maior será a possibilidade de desenvolvimento células cancerosa. Este vírus está presente em mais de 90% dos casos de câncer do colo do útero.
Pela fundamental importância dada à manutenção da saúde da mulher, o Ministério da Saúde mobiliza-se desde a década de 1990 para criar ações que possam diminuir a mortalidade pelo câncer cervical. O rastreamento, com a coleta periódica do exame citopatológico do colo do útero (Papanicolau), proporciona o diagnóstico precoce (seja na fase pré-cancerosa, seja em casos de câncer em estágio inicial), permitindo a cura de quase todas as mulheres cujo diagnóstico seja estabelecido de maneira precoce.
Programas de rastreamento e diagnóstico precoce têm o potencial de diminuir drasticamente a mortalidade por câncer de colo de útero. O motivo pelo qual a mortalidade pela doença ainda é escandaloso no Brasil é consequência da baixa aderência ao rastreamento, e de dificuldades de proceder com o tratamento adequado em tempo hábil uma vez diagnosticado o problema.
Com base nesta dificuldade de aumentar a aderência ao rastreamento e de prover o tratamento adequado, dificuldades estas que já perduram há duas décadas apesar dos diversos programas de aperfeiçoamento propostos pelo Ministério da Saúde, o Instituto Oncoguia, ONG dedicada à defesa dos direitos dos pacientes com câncer e da população em geral, é favorável à incorporação da vacinação nacional contra o HPV. Mesmo a favor da inserção da vacina contra o HPV no Programa Nacional de Vacinação, a entidade enfatiza que a prevenção primária também passa por uma atitude responsável quanto o uso da camisinha, e que a prevenção secundária com o exame citológico (Papanicolau) não deve ser deixada de lado.
Luciana Holtz, presidente do Oncoguia, reafirma a posição de que a prevenção do câncer engloba a vacinação contra o vírus HPV, a realização periódica do exame de Papanicolau e a consciência sobre o uso da camisinha. "O preservativo tem que ser usado. Sempre", completa.
Prevenção
Toda mulher que tem ou já teve atividade sexual deve submeter-se a exame preventivo periódico de câncer de colo de útero, especialmente se estiver na faixa dos 25 aos 59 anos de idade. Inicialmente, um exame deve ser feito a cada ano e, caso dois exames seguidos (em um intervalo de 1 ano) apresentarem resultado normal, o exame pode passar a ser feito a cada três anos.
O quadro clínico de pacientes com câncer de colo de útero geralmente demora para se manifestar, sendo este um dos motivos da necessidade do exame preventivo. Algumas pacientes apresentam quadro de sangramento vaginal intermitente, secreção vaginal anormal e/ou de odor fétido; dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais nos casos mais avançados. Um sintoma comum é o sangramento fora do período menstrual, principalmente depois da relação sexual, mas que geralmente aparece em fases mais adiantadas da doença.
Fatores que oferecem riscos para a incidência de câncer de colo de útero:
Doenças sexualmente transmissíveis (DST) – As doenças que são transmitidas por meio de relações sexuais, com ou sem penetração, agridem o organismo da mulher e provocam alterações nas células do colo do útero;
Fatores sociais – As mulheres com menor nível educacional estão mais expostas ao risco do câncer de colo de útero, devido à falta de informação sobre os cuidados com a sua saúde e higiene;
Estilo de vida - Quanto mais jovens as mulheres começam a ter relações sexuais, mais expostas às infecções genitais elas ficam. Isto decorre de fatores como múltiplos parceiros sexuais, uso prolongado de anticoncepcionais orais, falta de higiene por desinformação;
Fumo – O cigarro contém substâncias que, em longo prazo, podem provocar câncer em vários órgãos, inclusive constituindo um fator adicional para o câncer de colo de útero. Mulheres fumantes têm duas vezes mais chance de desenvolver câncer de colo do que as não-fumantes.