Duas mulheres sauditas foram nomeadas para dirigir grandes instituições financeiras na Arábia Saudita, incluindo a Bolsa de Valores, o primeiro mercado financeiro árabe, apesar das restrições impostas às mulheres no regime ultraconservador do Golfo, governado por uma versão ortodoxa do Islã. A informação é da Radio France Internationale (RFI).
O Samba Financial Group anunciou o nome de Rania Mahmoud Nashar como presidente do banco. Em uma notificação à Bolsa de Valores, o grupo afirma que Rania Nashar tem experiência profissional de quase 20 anos e foi formada internamente por meio de um programa de treinamento para cargos de gestão.
Mesmo se outras sauditas continuam a assumir vários cargos de responsabilidade, a contratação de duas mulheres para chefiar instituições financeiras decisivas para o mercado é rara em um país que impõe muitas restrições às mulheres.
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A Arábia Saudita é o único país que proíbe as mulheres de dirigir. Além disso, elas precisam da concordância de um parente próximo, como pai, marido ou irmão, para aceitar um emprego, estudar ou viajar para o exterior. Embora essa permissão raramente seja necessária para cargo no setor público, organizações de defesa dos direitos das mulheres sauditas afirmam que o documento é muitas vezes necessário no setor privado.
O banco Samba destacou que Rania Mahmoud Nashar é reconhecida por uma associação americana que combate crimes financeiros como uma das especialistas na luta contra a lavagem de dinheiro.
Bolsa de Valores
A chegada de Rania Nashar à direção do banco Samba foi precedida da demissão do CEO (diretor executivo) da instituição, Sajjad Razvi, por motivos pessoais. Rania assumiu o comando do banco três dias após a nomeação de outra mulher, Sarah Al Suhaimi, como chefe do Conselho de Administração da Bolsa de Valores saudita, conhecida como Tadawul. Suhaimi continuará também a chefiar a NCB Capital, a unidade de investimento do Banco Comercial Nacional.
Sarah foi em 2014 a primeira mulher saudita a ser nomeada como presidente do banco de investimento, de acordo com a agência Bloomberg News. A Arábia Saudita está tentando incentivar o emprego das mulheres com um programa de reforma ampla para reduzir a dependência da economia saudita do setor do petróleo.
No último trimestre de 2016, a taxa de desemprego entre as mulheres sauditas foi de 34,5% contra 5,7% entre os homens, de acordo com estudo citado pela empresa Jadwa Investment. A Arábia Saudita quer aumentar para 28% o percentual de mulheres no mercado de trabalho até 2020, contra 23% em 2016.